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40 [ Embaraço é pouco ]

Luke

"Sadie, descola por favor, a tua bochecha do vidro." Peço e bufo assim que ela não me obdece.

Eu aposto que ela nem me está a ouvir.

Estamos em frente à sala da Elsa, e a Sadie está a olhar lá para dentro com a cara colada ao vidro, literalmente.

Sento-me numa mini cadeira plástica, que nem uma perna cabe, -sendo que tenho que as cruzar- e ela continua, ali, de pé. Com as mãos de cada lado da sua cabeça também coladas ao vidro.

Sorri-o, sabendo que ela não me está a ver.

Eu tive coragem. Eu consegui e disse-lhe após três meses em silêncio.

Eu sei que ela chorou quando no seu aniversário lhe disse que não gostava dela.
Eu vi, embora fosse de noite, eu não era nenhum cego!

O meu desejo naquele dia, foi que Deus me perdoa-se pela enorme mentira que eu estava a dizer.

Eu apenas me tentava convencer dia após dia que não sentia nada por ela, mas porra.
Eu sinto! Eu sinto algo realmente forte e estranho, por ela!

Eu não me sentia assim desde a Audrey.
A minha querida e doce Audrey. Que desapareceu pelos meus dedos de um dia para o outro.

É estranho sabes? Quando tu estás naquela fase da tua vida em que estás a recuperar de um amor perdido e derrepente, puf!
Sem dares por ti, já estás demasiado preso a alguém.

Já te estás a apaixonar sem dares por isso.

Já começas a sentir a falta dela, a questionar-te se estará a pensar em ti, as borboletas no estômago, se é que esta merda existe mesmo, ou o medo de dizeres algo errado que possa lixar tudo.

Bem, isso aconteceu comigo. Não no ínicio, no início pensei que ela fosse uma como outra qualquer mas não.

Desde que ela me fez companhia naquela tarde que eu apanhei uma mini pneumonia, algo fez com que eu quisesse passar ainda mais tempo com ela. Conhecer a Sadie para além daquela barreira que ela tem de durona, e palavreado forte na ponta da língua. Ela é realmente diferente e eu realmente que a amo e não podia estar mais feliz por ela sentir o mesmo.

Quando saio dos meus pensamentos, que pelos vistos foram mais profundos do que eu imaginava, a Sadie já não estava mais à mesma frente.

Levanto-me e olho para os dois lados do corredor em pânico.

Chego-me perto da sala da Elsa, sendo ela metade parede, metade vidro e olho lá para dentro vendo a minha sobrinha a pintar um desenho.

Ótimo, demora o tempo que precisares!

Fico parado no meio do corredor e imagino-me num filme de acção.

Esquerda ou direita?

Direita.
Não.
Esquerda.
A Sadie é sempre do contra.

Corro devagarinho pelo corredor extenso esquerdo passando por inúmeras salas identificadas com números.

Entro numa sala ampla que é apenas o bar dos professores e uma funcionária que limpa o chão.

Porra, Sadie! Agora vou para a direita!
Se eu estivesse na direita ela estava na esquerda, impressionante!

Viro costas e corro na direção contrária passando por salas tal como no outro lado e uma casa de banho.

Aproveito para entrar na casa de banho para fazer algo que ninguém pode fazer por mim, e quando termino e lavo as minhas mãos oiço um barulho abafado da w.c feminina.