53 [Goodbye my lover, goodbye my friend]

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Luke

Abraço o algo que me rodeia a cintura. Mantenho os meus olhos fechados e sorrio ao relembrar a noite de ontem. Ontem foi o melhor dia da minha vida. Oh não. Não, não. Ontem não foi o melhor dia da minha vida, conhecer a Sadie é que foi o melhor dia da minha vida. Esbarrar contra aquele ser humano á porta de uma mercearia foi sem dúvida, o ponto alto da minha vida.

Começo a bocejar e abro olhos lentamente até me habituar á luz do dia. Olho para baixo e franjo as sobrancelhas, talvez em demasia até. Afinal de contas, o que eu estava a abraçar não era o corpo nu da minha namorada mas sim uma almofada.

Talvez eu não devesse, -pois fiz figura de parvo a abraçar algo que não é definitivamente a Sadie-, mas começo a gargalhar enquanto estico os meus braços para a frente de maneira a espreguiçar-me e volto a atirar-me de frente para o colchão batendo com a bochecha direita no cobertor.

"Sadie?" Chamo mas nenhum barulho é ouvido. Fecho os olhos com força e obrigo-me a sair da cama. Tento alcançar a minha camisola que supostamente deveria estar aqui mas tudo o que encontro são os meus boxers e a camisola dela. Sorri-o ao imaginar a Sadie a fazer o pequeno-almoço com a minha e rapidamente visto uma roupa interior lavada e uma outra camisola.

Bato á porta da casa de banho e pergunto novamente por ela. Nada. Ok, ela só pode estar a cozinhar. Desço as escadas com o meu rabo sentado no corrimão e em 5 segundos estou no corredor. Olho para a cozinha e para a sala e oiço uns ruídos vindo desta última.

Corro até a sala preparando-me para a abraçar mas apenas a televisão está ligada e os cobertores estão dobrados. Ela lembrou-se de me arrumar a casa? É que eu nunca os dobro.

Ando em bicos de pé até á cozinha para a observar e abro devagarinho a porta de madeira. Nada vejo senão a cozinha exatamente igual como a deixamos ontem á noite.

"Sadie?" Chamo pela terceira vez. "Isto não está a meter piada!" Grito mas apenas o meu eco reside em toda a casa. Bufo e volto ao meu quarto para me vestir. Os pais devem estar preocupados e ela deixou-me durante a noite, foi isso. Só pode ser isso.

Visto umas calças e sento-me na cama a calçar as minhas sapatilhas o mais rapidamente possível. Assim que aperto os atacadores inclino-me para pegar na sua camisola e cheirá-la mas algo cai no chão quando pego nela.

Um papel.

Quando a namorada desaparece ao fim de uma noite com o namorado não é bom.

Muito menos quando há a existência de um papel! 

As minhas mãos começam a tremer assim que pego no papel dobrado mas por algum motivo não o consigo abrir. É como se os meus dedos fossem fogo e caso eu o abra ele se desvaneça. Deixo cair o papel ao chão e corro pela porta fora até chegar á sua casa.

Sadie... o que é que está a acontecer? Porquê que não estás comigo?

Desço as escadas de pedra e marco o seu número ao mesmo tempo. A voz irritante da outra linha fala e eu desligo num ápice. Abro o portão não me importando se fica ou não aberto, (isto é o lado bom de não ter animais de estimação) e corro até á casa ao lado.

Toco á campainha demoradamente até ter a certeza que todos dentro de casa ouvem e afasto-me um pouco para trás para observar a porta de entrada. Tudo calmo. Tudo silencioso. Tudo parado. Não há sinais de ninguém... porquê que não há sinais de ninguém, porra!?

Começo a hiperventilar porque para além de não estar comigo, também não está em casa. Embora seja crime, avanço o portão cinzento da sua casa e salto lá para dentro. Se algum vizinho me vê fazer isto é capaz de chamar a polícia e tudo o que eu menos quero é chamar os polícias para esta casa! O pai da Sadie tem que estar a salvo ao máximo caso contrário, é preso. E consequentemente, a Sadie vai embora daqui.

maybe ; lrhOnde histórias criam vida. Descubra agora