38 [ A magia acontece ]

668 82 47
                                    

A campainha soou às 17:30 da tarde certinhas.

Após um dia sobrecarregado de aulas, ainda tenho que ir para a casa do Luke, acabar a música. Fantástico!

Sou a última a sair da aula, por estranho que pareça e ando vagarosamente até ao portão principal onde Luke está à minha espera.

Passo por ele na portaria e ele segue-me, ficando ao meu lado segundos depois.

"Vamos para a casa dos meus tios de novo, está bem?"

"Vais comprar mais tabaco?" Questiono e chuto uma pequena pedra na calçada.

"Não. Já te disse que só fumo algumas vezes."

Assinto e olho para a frente.

"Então porquê que queres ir para a casa deles?"

Questiono e ele mete as suas mãos nos bolsos do casaco assim que uma forte brisa é sentida.

"Bem, foi lá que a começamos, é lá que a quero acabar."

"Faz sentido." Murmuro e aperto mais o meu casaco.

Luke tira a mochila das costas e tira de lá um guarda-chuva descartável.

"Para que é isso?" Ergo uma sobrancelha.

"Isto? Bem, isto serve para te abrigares de ficares toda molhada quando começar a chover." Ironizou e cerrei os olhos.

"Não está a chover." Constatei e ergui a palma da minha mão confiante.

Erro 1: Eu não me devia ter armado em esperta.

Erro 2: As pingas começaram a cair na minha palma.

Erro 3: O meu sorriso desmoronou-se.

"São apenas umas pingas." Murmuro e continuo a andar, ainda que mais rápido.

Luke ia ao meu lado com o guarda-chuva aberto rindo.

"Anda para aqui." Pediu.

"Não. Eu gosto de chuva."

"Eu também gosto. Mas é de a ouvir enquanto estou no quarto sossegado e não a levar com ela na tola!"

"Somos incompatíveis nesse caso. Eu gosto de levar com ela na tola." Contraponho e ele suspira.

"Como queiras. Quando estamos a interagir minimamente tu estragas sempre tudo. Fica lá a levar com a chuva." Falou irritado e avançou-me deixando-me para trás.

Eu deixo-me atingir pelas suas palavras e paro no caminho. Puta de teimosa que eu sou.

Os pingos começam a ser mais fortes e eu olho para o céu levando com alguns na cara.

Olho para a frente e Luke diminui o passo, parando completamente.

"Não tornes isto mais difícil. Vem para aqui." Falou sem nunca olhar para trás. 

Sorri-o levemente por saber que ele nunca me deixaria para trás e corro até ele abrigando-me.

[...]

"Queres comer alguma coisa?" Perguntou assim que chegamos à casa enorme, embora acolhedora, dos seus tios.

"Não, obrigada. Podemos apenas acabar a música? Quanto mais cedo melhor."

Luke revira os olhos e sobe as escadas deixando-me segui-lo.

Fecho a porta e ele já se encontra a tirar a guitarra do armário.

Sento-me no chão e pego nas folhas da sua mochila.

"Ela está praticamente feita. Só falta aquela parte que é diferente de toda a música." Constatei dando uma vista de olhos pelo que já tínhamos escrito.

maybe ; lrhOnde histórias criam vida. Descubra agora