30 [ Demasiada curiosidade ]

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Luke

Levanto-me das escadas da casa dos meus tios após verificar que 10 minutos passaram desde que a Sadie saiu daqui.

Corro pelo passeio até chegar ao quiosque.

Que não esteja fechado!
Que não esteja fechado!
Que não esteja fechado!

Do fundo vejo Zach a verificar se está tudo fechado, e sorrio ao vê-lo.

"Zach! Zach!" Grito assim que o vejo virar costas.

"Lucas? Que se passa mano?"
Descanso o meu corpo apoiado nas pernas e olho para o quiosque.

"O jornal de hoje ainda tens?"

"Hm, sim. Mas tenho muitos jornais de hoje. Qual deles?" Questionou enquanto abria o aloquete de acesso á porta.

"O que a Sadie estava a ler."

"Ah esse. É..." Ele bate com o dedo nos lábios vendo cada jornal na prateleira em pilhas. "...este."

Deu-mo para a mão e eu começo a folhea-lo rapidamente.

"Ela comprou esse mesmo jornal quando saiu da casa dos teus tios."

Falou ganhando a minha máxima atenção.

"Está tudo bem, meu?"

"É assim mano. A Sadie leu algo neste jornal, e desde aí que não esteve bem. Parava no tempo e ás vezes nem me ouvia."

Ou secalhar até ouvia e apenas me ignorava.
Oh mas qual quê, eu sou o Luke por favor, ninguém me ignora.

E a Sadie adora-me, eu sei que sim.

Folheio mais uma página. "E aquilo que ela supostamente leu aqui era a causa da sua distância. Mas adivinha!" Fecho o jornal e aponto-lhe um dedo. "Aqui não fala nada daquilo que ela disse."

Zach olhou-me assustado e inclinou-se no balcão.

"Então...ela mentiu-te. Céus Luke. Nunca nenhuma rapariga te mentiu." Riu e eu cerro os olhos.

"Má onda Zach."

"Desculpa mano. Então, se ela te mentiu é porque..."

"...tem algo a esconder. Exatamente."

E eu vou descobrir.

"E qual é o mal se ela não te contar o porquê de ter estado assim?"

"Preocupo-me com ela." Murmuro e leio a primeira notícia da página.

"Gostas dela?"

"Sim."

"Gostas dela?!" Zach grita e eu sinto-me aquecer.

"Não! Não não não não!" Olho para ele e ele sorri. "Não!" Termino.

Eu não gosto dela!

"Posso levar o jornal? Pago-te amanhã na escola."

Fecho os olhos frustado e olho para ele rindo.

"Ou então não, por tu saíste de lá no ano passado."

Zach riu alto fechando de novo o quiosque e pos-me a mão no ombro.

"99%daspessoasquedeixamporamãonoombrosãogays."

"O quê?" Questiono e ele tira a mão do meu ombro rindo-se tão alto que as pessoas do parque ficam a olhar para nós.

"Nada nada. Pagas-me quando puderes. Xauzinho." Despedimo-nos com um bater de punhos e ele vai embora ainda a rir-se.

Eu só percebi a parte do 99% das cebolas ?

Deus ajude aquele rapaz.

[...]

"Orienta-me neste jornal e diz-me onde raio é que fala de cortes salariais?" Espeto com o pobre jornal na mesa do bar onde Sadie se encontra com os rapazes, e ela olha para mim em pânico.

"Bom dia Luke!" Michael diz dando-me um ligeiro empurrão.

"Sim, sim, bom dia a todos." Continuo com os olhos presos na Sadie, e claramente enervado.

Ok, talvez isto não seja da minha conta mas eu quero saber o porquê de ela ter estado assim.

Após termos feito mais de metade da letra da nossa música, acompanhei-a até á porta e reparei que quando ela olhou para um jornal aleatório na mesa de centro ficou de novo diferente. As suas mãos tremeram um pouco fazendo-a pô-las no bolso do casaco, e pregou os olhos no chão.
Saiu pela porta fora murmurando um adeus o que me fez ficar ainda pior.

"Eu disse-te que os cortes não iam ser muito grandes! E sabes porquê? Porque eles não existem!" Digo pausadamente cada palavra para que ela as oiça bem.

"Meu, eu não sou um peixe mas estou a nadar..." Ash falou olhando alternadamente para mim e para a Sadie. Tal como o resto dos rapazes.

"Responde-me!" Peço com um bocado de brutalidade, o que não era minha intenção fazendo-a levantar-se e levar o jornal consigo.

Boa, agora assustei-a. Eu não podia ser mais stalker.

Suspiro arrependido e corro atrás dela pelo pátio.

"Sadie!" Grito. Ela corre ainda mais e eu corro até ela puxando-lhe os pulsos contra o meu peito.

"Deixa-me seu estúpido!" Olho para a sua cara e vejo-a humida. Oh não, eu pus-la a chorar. Ela nunca chora, e eu pus-la a chorar.

"Desculpa, desculpa!" Abraço-a, ou tento abraça-la, mas ela debate-se contra o meu peito.

"Larga-me. Odeio-te, deixa-me em paz! Não te bastou m-" Calou-se repentinamente e limpou as lágrimas num acto brusco.
"Apenas deixa-me." Sussurrou e quando eu estava totalmente desprevenido soltou os pulsos correndo até ao pavilhão de física.

Faço o mesmo e entro pela porta de vidro, em passos silenciosos para não me deparar com algum funcionário, e entro no balneário das raparigas.

Espero que a Sadie ainda não esteja despida. Não quero ser tarado para além de stalker.

Esquino pela porta entreaberta do balneário 1 e vejo-a sentada a ouvir música.

Entro e sento-me á beira dela e fecho os olhos com força para o caso de ela me dar um estalo.

"Não te vou bater." Falou e eu olho para ela.

"Peço desculpa. Mas a curiosidade levou a melhor que mim. Eu só gostava de saber o que leste neste jornal que te fez ficar assim."

O jornal foi espetado na minha cara. Ok, eu mereci isto.

"Deixa a minha vida em paz! Eu estava muito bem antes de te conhecer!"
Cruzou os braços e meteu os dois fones.

Ótimo, se ela estava assim tão bem antes de me conhecer, vamos fingir que nunca nos conhecemos. Simples.

Tiro-lhe um fone e ela olha para mim enervada.

"Eu nunca te conheci. Tu nunca me conheces-te. Adeus." Largo o fone fazendo-o bater no banco de madeira e deixo o balneário sem olhar para trás uma última vez.

Mas isso é obviamente mentira. É claro que eu olhei para trás para ver se ela vinha atrás de mim. Mas ela veio? Não. Por isso ela está completamente de acordo comigo.

Magnífico, agora eu vou falar com quem? Com a minha querida namorada, que só pensa em sexo?

Por falar nisso, eu estou irritado e preciso de algo que me acalme.

Ligo-lhe e ela atende ao 1 bip.

"Ara!"

"Eu mesma querido"

"Casa de banho das raparigas daqui a 3 minutos. Amo-te."

Desligo-lhe na cara sabendo que ela nem se ia debater, e aposto a minha vida em como ela já lá está á minha espera de pernas abertas.

Tenho urgentemente que acabar com ela.

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