Epílogo

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1 ano e 4 meses depois

Sadie

O John Green acredita que toda a gente tem direito a um milagre. Pois o meu, de todas as casas das ruas de Melbourne, foi ser vizinha do Luke Hemmings.

E agora aqui estou eu: em frente à casa que me acolheu durante nove meses. A casa do Luke continua igual e por muito que o tente negar estou aqui fora á espera que algo me dê a entender que ele ainda aqui vive.

Com malas em ambos os braços olho atentamente para as casas que me dão arrepios e ganho coragem para abrir o portão da minha casa que outrora fora cinzento. Tento abri-lo mas percebo que ou está mesmo muito emperrado ou está trancado. Suspiro e atiro as minhas malas pelo portão avançando-o logo a seguir. Puxo-as pelas escadas acima com alguma dificuldade e vou buscar a chave atrás do vaso repleto de ervas daninhas.

Quer dizer, que era suposto estar aqui. Porquê que a chave não está aqui?

Rodo a maçaneta desconfiadamente e a porta abre-se como por magia, ou seja, alguém já esteve aqui antes. Pouso as minhas malas no meu quarto vazio e abro todas as janelas da casa. O cheiro aqui é horrível.

Eu voltei. E voltei para ficar.

Não sei como é que o Luke vai reagir quando me vir mas eu espero que não seja tão mau como espero. A verdade é que a segurança do meu pai estava cada vez mais apertada com mais notícias tanto no jornal como na televisão por isso tomamos medidas drásticas e infelizmente tivemos que nos mudar de novo. Eu poderia ter dito ao Luke o que se estava a passar mas e depois? Eu ia embora de qualquer das maneiras e só o ia fazer sofrer mais caso ele soubesse.

A nova cidade tinha nome de mulher. Adelaide. Por muito que custe a acreditar -uma vez que já nem nós acreditávamos- foi em Adelaide onde conseguimos permanecer mais tempo "escondidos". Eu e a minha mãe arranjamos um trabalho e o meu pai ficava em casa dia após dia. Eram escassos os dias em que saímos de casa com ele pois era bem provável que tudo voltasse a acontecer. Hoje em dia quase toda a gente o conhece das notícias por isso ia ser fácil reconhecê-lo. Malditos noticiários, malditos jornais e malditas pessoas!

Foi em Adelaide onde permanecemos 1 ano e 3 meses seguros mas também foi lá que o meu pai foi preso, infelizmente.

A minha mãe decidiu ficar na cidade para poder visitar o meu pai todos os dias enquanto eu tive hipótese de puder voltar. Mas voltar não significa que me vá esquecer deles, Ceús, obviamente que não. Irei visitá-los todos os fins-de-semana, mesmo que sejam uns bons KM até Adelaide.

Espero que o meu pai se esteja a dar bem lá dentro. Nem sequer sei se é possível alguém se dar bem dentro de uma prisão, uma vez que bem... é uma prisão, mas para todos os efeitos espero que ele esteja bem.

O meu dedo está prestes a tocar á campainha da casa do Luke mas isto é mais difícil do que eu imaginava. O discurso que tenho memorizado para me desculpar está aos trambolhões e pinchos na minha cabeça e está a tornar-se complicado de contextualizar. Foca-te Sadie, foca-te.

Ele vai sair daquela porta e vão ambos começar a chorar. Isso era o melhor que podia acontecer. Iria significar que ele ainda não me esqueceu... ou no pior dos cenários que sente mesmo muita raiva de mim.

Ganho coragem e carrego no botão alguns segundos. Aparece, Luke, aparece, aparece, aparece...

"Precisa de ajuda menina?" Olho para trás repentinamente assim que oiço uma só palavra e só aí me apercebo que a) me chamaram de menina e b) não é o Luke mas sim uma senhora nos seus 50 anos, talvez.

"Eu pretendia falar com uma pessoa que vive nesta casa mas-"

"Eu vivo aqui. Por acaso é uma daquelas publicitárias que me dá mil e uma razões do porquê que devo mudar a operadora de televisão? Olhe que eu tenho os quatro canais e já são muitos!"

maybe ; lrhOnde histórias criam vida. Descubra agora