Minha mão parou de tremer cinco minutos antes que minha visão voltasse ao foco. Minha cabeça ainda girava, mas com menor frequência. O silêncio me matava e angustiava, mas eu não conseguia me concentrar em levantar a cabeça e olhar ao redor. Eu não conseguia ter certeza do que aconteceu nos últimos minutos.
Meus batimentos cardíacos tornaram-se mais pacíficos; comecei a contá-los. Sentia minha respiração entrar e sair de forma pesada do meu corpo, preenchendo os pulmões de ar que percorria meu corpo.
Não havia vento lá dentro, mas o chão era frio e congelava minhas pernas. Alguma luz batia contra meus olhos porque foi difícil de abri-los.
Consegui engolir em seco. Minha cabeça pendia para o lado e encostava em uma parede de metal, tão gelada quanto o chão. Uma forte dor atingiu minha testa antes que eu sequer terminasse de erguer a mesma.
Eu estava no corredor onde a escotilha nos trazia. Um longo corredor escuro se estendia à minha esquerda, frio e gélido. À minha direita, uma sala com suprimentos básicos quase me cegou pela luz forte. Uma mesa de metal estava posicionada e reparei que algumas siringas e remédios estavam espalhados. Um extintor vermelho estava próximo às prateleiras de metal, onde caixas brancas e marrons estavam empilhadas de forma desajeitada. Um banco de concreto estava grudado na parede e era tão sujo quanto a escotilha.
Não havia ninguém na sala, mas outra porta de metal estava entreaberta próxima às prateleiras.
Forcei meus braços e me levantei, cambaleante, sentindo minhas pernas fraquejarem na tentativa. Gemi ao sentir a dor metálica bater contra meus ossos da mão. Apoiei o peso do meu corpo no banco e me levantei de novo. Dessa vez, mantive o equilíbrio.
Consegui dar um, dois passos em direção à mesa de metal, que se arrastou com meu peso quando tropecei, causando um barulho alto e me fazendo encolher.
Só fui capaz de ouvir a porta ranger. Deitei no chão gelado ao ver o rosto do meu irmão me observar. Ele franzia o cenho.
— O que foi que vocês me deram? — minha voz saiu como um sussurro e arrastada.
— Oh, que bom que você ainda está aí.
Hale estendeu a mão e me ajudou a levantar. Me apoiei nele, segurando seu braço com firmeza. Sem dizer qualquer coisa, ele me colocou no banco de concreto e se agachou na minha frente. Suas mãos quentes seguravam firme nas minhas. Reparei que ao lado dele, no chão, estava um cobertor dobrado.
— O que estava fazendo pra lá?
— Como você está se sentindo?
Fiz uma careta ao perceber que ele ignorou minha pergunta. Eu sentia sono e cansaço, mas sabia que não conseguiria dormir outra vez.
— Fraca — engoli em seco — e com sede.
Ele assentiu e foi até... pensando bem, não sei. Não olhei. Mas ele voltou com um copo de plástico cheio de água límpida e tão fresca que quase pedi mais. Meus olhos estavam pesados.
— Há quanto tempo estamos aqui?
Pude ouvir uma risada nasalada.
— Não faz nem uma hora. Renoward estava me mostrando alguns arquivos que tem aqui e eu estava procurando um cobertor para você. E você não deveria estar acordada, pequena.
— Por quê? — percebi que eu franzi o cenho bem depois de ter perguntado.
— Porque a substância que injetaram em você é forte e o contraveneno que Renoward te deu demora para fazer efeito. Sendo assim, você deveria descansar.
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Arthora | A Queda de Um Império
Fantasy[Obra concluída ✔] Há 980 anos, Arthora, um dos Sete principais Reinos, foi escravizado. Gaëlle Provence é descendente dos escravos, e esteve nos campos de escravidão quando era uma bebê, até que seu irmão, Hale Provence, fugiu com ela para evitar s...