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Nós conseguimos ser mais rápidos do que o tique-taque do relógio. Em pouco tempo, eu e Aaden já estávamos prontos para sair.

Zylia sabia da urgência e Aaden e Eliya entenderam isso também.

Eu estava com duas armas guardadas entre os tecidos do vestido, por precaução, e duas adagas na panturrilha, tentando deixá-las em fácil acesso.

Tínhamos um problema, apesar de ignorarmos isso facilmente; ninguém fazia ideia de onde Renoward poderia estar. Ele poderia ter saído de Sulman, e essa era minha maior preocupação. Não sabia como salvar a princesa sem que ele instruísse.

— Pronta? — perguntou Aaden, enquanto estávamos parados em frente a lareira.

Eu assenti.

— Seja lá onde ele esteja, não acho que Renoward tenha ido muito longe. Ele não deixaria Sulman antes que tudo aconteça — disse Zylia.

Antes que a irmã dele morresse.

Eu imaginava que Aaden e Eliya já sabiam sobre o príncipe. A esse ponto, não há mais quem enganar.

Apertei os lábios. Eu me perguntava se Zylia ficou irritada. Era bem provável, dadas às minhas ações patéticas, mas ela manteve a postura.

— Tudo bem — falei. — Vamos achá-lo.

— Tome cuidado.

Eu sorri sem mostrar os dentes. Cutuquei o canto dos meus dedos, sentindo suas pontas ásperas e frias, ainda observando a tenente quando ela balançou a cabeça.

— Vá — disse Zylia.

E assim, eu e Aaden adentramos nos corredores sujos.

* * *

Não havia apenas um motivo pelo qual eu queria ir atrás de Renoward. Sabia, sim, que eu tinha sido egoísta e tudo bem, talvez eu devesse um pedido de perdão.

Mas havia algumas coisas que eu precisava perguntar a ele e eu queria realmente ter oportunidade de questioná-lo.

A cidade era bonita. Nada comparada a Álix, com suas árvores grossas e enormes e coloridas. Mas era agradável.

Quase não se encontrava árvores dentro da cidade. As árvores eram as florestas, mais afastadas, próximas à muralha.

As lojas ficavam debaixo de prédios pequenos e avermelhados. Não vi casas naquela região.

Estávamos no centro, onde havia algumas entradas para o trem e as ruas eram movimentadas com as carruagens flutuantes, carregadas por cabos, quase nos impossibilitando de andar de um lado para o outro.

Havia muita, muita gente mesmo. Em todos os lugares. E pontos comerciais diversos. Avistei floriculturas, bares, lojas de roupa, lojas de músicas, lojas de sapatos e meias. Em nenhuma delas estava um príncipe e soldado de olhos verdes.

Em Sulman, não existia nenhum píer; a parte mais próxima da água se abria em um enorme penhasco. A cidade, graças ao Imperador, ficava longe de qualquer parte dele. Também não existia docas, nem porto. No rio que cruzava o reino, ninguém podia mexer.

Andamos bastante. Eu já estava com os pés doendo e as costas queimando, endurecidas pela má postura.

— Onde acha que ele poderia estar? — perguntei a Aaden.

— Eu não sei.

— Você era amigo dele, não era? Não consegue ter, pelo menos, uma ideia?

— Eu sou amigo dele, mas não é assim tão simples, Gaëlle. Renoward é... fechado. É um pouco difícil saber coisas sobre ele.

Arthora | A Queda de Um ImpérioOnde histórias criam vida. Descubra agora