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Eu ainda estava consciente quando o general soltou minha garganta. Respirar tornou-se ardido, mas eu não havia desmaiado. Ainda.

Por sorte, meu corpo não tremia e eu ainda conseguia prender a respiração. Fraca e sorrateira, soltei-a aos poucos, sem deixar que ele percebesse.

Renoward ainda falava aos meus ouvidos, implorando por um sinal de vida, uma resposta curta e rápida, mas que demandaria tempo demais, tempo que, obviamente, chamaria atenção do general.

Ele se abaixou. Aproximou-se. Senti seus dedos nus tocaram meu pescoço.

E golpeei seu queixo com força. Ele foi jogado para o lado.

— Sua imprestável. — cuspiu ele. Sangue escorria de seu nariz. — Pode derrubar quantos soldados meus você quiser. Nunca vai me derrubar, inmun-

Soquei seu estômago. Odeio confessar que me agradei do seu gemido de dor. Arranquei outra arma do coldre, batendo em sua cabeça com força. Ele caiu de lado.

Levei minha mão ao dispositivo.

— Ela não está aqui — disse a ele.

Um momento de silêncio. Renoward tentava processar a informação.

— O quê?

— Sua irmã não está na cela mais, Renoward. Foi levada daqui.

— Você conseguiu abrir?

— Não, mas eu sei que ela não está. Tem algo de errado.

— O que quer dizer?

Me agachei próxima ao general, observando o fio fino de sangue escorrer por seu ouvido. Observei seu uniforme branco.

— O que os soldados de Sulman geralmente usam? Digo, no dia a dia.

— O uniforme deles é branco. Eu não te disse isso?

— Não. Mas há detalhes dourados?

— Costumam ser prateados. O uniforme com detalhes dourados é para eventos ou cerimônias.

Como pensei.

Eu me levantei, analisando ao redor, sem ao menos dar bola para a sirene que ainda tocava ou sequer tirar o dedo do dispositivo.

— Quantos guardas ficavam perto da porta da sua irmã, Renoward? — tentei deduzir o óbvio.

Ele ficou em silêncio por três segundos.

— Em torno de seis cada lado.

Doze soldados para uma princesa presa atrás de diversas portas de peltre e uma enorme de aço. Eu quis chorar por ela.

— Ela não está aqui — falei. — Já a levaram.

O outro lado da linha ficou em silêncio. Um silêncio dolorido e pesaroso, que apertou meu coração. Eu não gostava Renoward, mas apesar de tudo, sentia sua dor. Sabia como era perder alguém importante.

— Ei — chamei. — Eu vou atrás dela. Vou salvar sua irmã.

Um pouco mais de silêncio. Um suspiro frustrado. Uma respiração cansada.

— Não. Volte para cá.

— Não vou. Estou indo atrás dela.

Arranquei a pulseira do pulso do general e comecei a voltar pelos mesmos corredores que passei.

— Gaëlle, isto não é um pedido.

— Você e eu temos um trato e vou cumpri-lo.

— Não deixe seu ego falar mais alto.

Arthora | A Queda de Um ImpérioOnde histórias criam vida. Descubra agora