Cap. 5 💙

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Vou na cozinha e vejo como estão as coisas por lá, e tudo está certo. Então vou para meu escritório, organizar algumas coisas.

Fico lá até a hora de abrir e o restaurante encher, aqui só com reserva. Os ricos amam esse lugar, a comida é muito boa, e o espaço é bem sofisticado e reservado.

- Como estão as coisas? Pergunto para minha recepcionista!

- Estão bem senhor Maldonado! Ela fala e eu dispenso e sigo para cozinha, mais um cliente me chama, e eu viro indo até o senhor Gomes, um empresário que vem sempre aqui com seus acionistas.  

- Olá senhores! Foram bem atendidos?

- Sim, Maldonado, como sempre! Só o chamei para lhe cumprimentar e saber de sua avó! Ela está bem? O velho é apaixonado por dona Juana, mais ela não quer nada com ele, só amizade, segundo ela.

- Ela está bem! Obrigado por perguntar. E peço licença, tenho que fiscalizar a cozinha. Qualquer coisa pode me chamar. Senhores!  Dou um aceno com a cabeça, e saio de perto. Ele é um velho, chato, mais sempre foi muito gentil, e nunca faltou com respeito para com minha vó, meu pai era até chegado há ele. Por isso, o trato bem, e com paciência.

Eu estava na cozinha provando e olhando os pratos, essa é minha paixão, aqui dentro eu viro outro cara. Só não deixo transparecer, enquanto meus funcionários estão aqui.  Já ouvi alguns deles falando que eu era bom, mais não dava intimidade há ninguém. E uma moça até avisou, que se fizessem o trabalho direito, eu nem pegaria no pé deles. A mesma trabalha para mim, há alguns anos já. Então sabe como é o meu jeito!

Sai para o salão, e de longe, vejo a moça do cabelo de fogo de ontem, ela está falando com a recepcionista do restaurante, e a mesma faz gestos exagerados para a menina que abaixa a cabeça, e não sei, eu nem ia fazer nada, mais o olhar dela, me chamou atenção.

Um casal me chama, e vou até eles.

- Boa tarde Maldonado! Todos me conhecem, quem assiste os tablóides pelo menos! – Vi uma moça vendendo flores ali  fora, minha esposa quer uma, ela pode entrar?  Eu olhei para a esposa dele, que tinha o olhar na menina lá fora, daqui dá para vê ela perfeitamente.

- Claro, só um minuto! Sai de perto deles e fui de encontro a porta, a pequena mulher já ia indo embora, mais para quando eu há chamo! – Ei garota! Florista é com você que estou falando! Menina lerda! Quando ela se vira para mim eu quase tenho um treco, a mulher é linda, não tinha reparado ontem direito nela. Sua bochechas e lábios vermelhos, e ela fica mais ainda quando percebe que eu estou falando com ela. Linda cerejinha! Droga, para Guilherme, ela não é mulher para você! E quem sabe para se divertir? Não, definitivamente, não!!

- Sim senhor! Me chamou?  Ela fala cheia de vergonha, sem me olhar nos olhos. Te causo vergonha cerejinha? Sorri internamente com meu pensamento.

- Chamou né garota! Vem até aqui logo. Ana fala com desprezo olhando com nojo para ela, e isso não me agrada em nada!

- Fale direito Senhorita Ana! Ela faz que sim com a cabeça e abaixa a mesma, enquanto a menina vem até mim com medo! – Não vou te machucar menina! Uns clientes querem comprar suas flores, entre e venda para quem as quiser! Só não demore e nem os perturbe. Falo sério, mais não sai como eu esperava, minha voz sai mansa, que merda é essa? Ela é só uma vendedora de flores, nada mais. Nem gosto quando arrancam as benditas do seu hábitat natural. Elas morrem rápido assim.

Ela entra e vai até o casal que me chamou, e eu fico no balcão tentando não olhar para ela, que caminha com vergonha até os próximos que querem flores!

Ela vende umas 5 rosas e por fim vem vindo em minha direção. Para próxima há mim, numa distância que não precisa falar alto.

- Senhor...

 

- Maldonado! Falo e veja suas bochechas corando novamente, provavelmente já ouviu meu nome por ai.

- Então senhor Maldonado, eu quero agradecer por ter me deixado vender aqui! Obrigada mesmo! Ela fala e fica me olhando, acho que espera que eu diga algo. E como eu não falo nada, só balanço a cabeça com um aceno em configuração, ela vai embora. A menina é linda, tímida, parece até um anjo. Mas não vou me enganar, essas são as piores, e fora que ela é branca, o que vão dizer? Você é negro, tem que se envolver com uma mulher negra! Assim como falaram para meu pai, e minha vó.

Só a vovó teve coragem de fazer o contrário, meu avô era branco, um italiano da cor de papel. Vovó rompeu com a família e tudo na época por isso! Mas ela foi muito feliz com ele. Era um ótimo avô, eu gostava muito dele.

Mas meu pai não teve essa coragem, e mesmo eu sendo respeitado e até temido, não sei se eu teria o coragem de vovó.

Espanto esses pensamentos e volto ao trabalho, ela é só uma vendedora, não pode me afetar de forma alguma. Posso ter a mulher que eu quiser, já até peguei algumas brancas, mais não passou de apenas uma noite! As duas mulheres sérias que eu tive eram negras, mais também não deu certo.

A tarde passou normal, eu sai um pouco e vi minha irmã na esquina conversando com uma mulher, e olhando bem reconheço a florista, elas falam animadas, e riem abertamente, tem tempo que não vejo esse sorriso no rosto de minha irmã, ela não em amigas. Então sempre sai sozinha ou com  a vovó.

Chego mais perto sem que elas me vejam, e escuto a conversa delas.


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