Tarde demais

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"Nós corremos nossa vida inteira, agora podemos descansar, deita e o vento te leva pra onde você deve estar". - Tempos De Glória, Jão.

***

Tony não tinha certeza do que fazer, ele havia estado tão ocupado, como ele não notou que havia algo errado? No corredor do hospital, ele andou de um lado para o outro, Carol estava agachada no chão, as mãos na cabeça, o olhar perdido, Tony não sabia o que fazer, ele era o irmão mais velho, era ele quem devia cuidar dos irmãos, como ele ia cuidar disso, ele não podia levar isso agora, não podia pensar em si mesmo agora, precisava cuidar da irmã, da dor dela apenas, ele foi até a irmã e se abaixou na frente dela.

- Sinto muito -, ele diz devagar, ele beija a testa dela, e as lágrimas de Carol finalmente caem, silenciosamente, como uma garoa criando força gradativamente -, ah, Carol.

- Eu planejei tantas coisas, eu planejei me desculpar, eu planejei recuperar todo o tempo perdido. Todo o tempo que a gente fingiu que não sabia a verdade. Mas agora... Tony, agora é tarde demais.

Ele olhou os olhos verdes da irmã e queria dizer que ela estava errada, mas ela não estava, era tarde demais, a morte era a única coisa que ele não podia concertar, a única coisa que eles não podiam lutar contra.

Tony abraçou ela.

- Ele sabia que tinha você. Ele criou você com tanto carinho quanto foi possível. E isso é tudo que podemos fazer em vida, Carol, amar com carinho enquanto estamos aqui.

- Só queria que ele soubesse que eu o amava, Tony, só isso. Só queria que ele soubesse que ele era o meu pai. Eu que eu o perdoei por tudo e... - as lágrimas dela arrebentaram a saída e agora caiam livremente, e ela começou a soluçar e era difícil para Tony entender tudo o que ela falava-, e que eu esperava que ele também pudesse me perdoar.

- Carol, por favor, ele nao tinha o que perdoar, não foi culpa de vocês, nenhum dos dois.

- Não importa agora, importa Tony? Ele se foi, meu pai morreu!

Tony não diz nada chorando de olhos fechados, ele encostou o queixo na cabeça de Carol e deixou um beijo ali. Ele abraçou a irmã com tanta força que pensou que poderia juntar todos os pedacinhos quebrados dela naquele abraço, e se ele pudesse, ele faria isso.

Tony se afasta apenas quando Rhodes chega, o amigo lhe deseja rapidamente os pêsames e então corre para resolver todos os probelmas, ele liga para a funerária, a moça que o atendeu disse que faria tudo por eles, e Tony agradeceu, a única exigência que ele fez, foi a camisa azul clara que Jarvis amava.

Tony foi até a recepção do hospital, pagou por tudo, então ele se sentou perto da janela e decidiu se ligava ou não Peter, ele olha seu relógio, ele daria mais algumas horas para o filho. E além do mais, ele não achava justo que ele tivesse que voltar para Boston, e ele provavelmente nem havia chegado ao seu destino, só haviam se passado algumas horas desde que ele deixou o país. Tony deixa a cabeça cair nas mãos, ele tinha que ir ver Morgan e tinha que ver se Steve estava bem, ele nem sabia o que havia acontecido com o homem, não teve tempo. Depois que chegou em casa Carol o ligou dizendo que Jarvis estava no hospital, ele apenas ajudou a colocar Steve na cama e correu para ajudar a irmã, não fazia ideia que ele não tinha mais o que fazer.

- Irmão? - Tony ergue a cabeça os olhos azuis claros de James estavam ainda mais claros, ele sabia que era por causa do choro -, sinto muito, Tony.

- Eu também-, Tony não precisou se levantar, James se sentou ao lado e os dois se abraçaram como quando eram crianças, James era mais alto que ele atualmente, mas mesmo assim, eles se aconhechegaram exatamente da mesma forma: James com os braços envolta de Tony, Tony com os braços envolta de James. A cabeça no peito do irmão mais velho, Tony beijando os cabelos pretos de James.

O UsurpadorOnde histórias criam vida. Descubra agora