t w e n t y - s i x ∞ Não te interessa.

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- Normalmente quando te oiço eu faço a mesma pergunta, mas neste caso ainda bem que falaste. – sorri enquanto acabava de dar o leite à cadelinha. Claro que eu estava a demorar imenso tempo enquanto o Luke já estava a alimentar o terceiro cachorro, mas que é que posso dizer? Além de estar apaixonada, o trabalho era dele.

- Eles vão-se passar se levarmos um cão para casa. Além do mais, eu adoro animais mas eles requerem montes de atenção, montes de cuidados e montes de dinheiro. Nós somos uma casa de adolescentes que mal arranjam dinheiro para comerem.

- Não sejas dramático, Luke. Vamos comer fora todos os dias, se não tivéssemos dinheiro isso não acontecia. E além do mais, vocês passam o dia fora de casa com os vossos trabalhos enquanto eu fico lá à seca sem fazer nada. Eu sei que podia fazer o mesmo mas... quis tanto voltar para cá e agora parece que estou novamente sozinha em Itália. – suspirei e pousei a cadelinha no chão para dar o biberão a outro – Eu tomo conta dela.

- Não sei, Alexis. Não é uma decisão só minha.

- Tu é que falaste nisto!

- Estava a constatar um facto, não estava a dizer para a adotares. Apesar de ser querido da tua parte que o queiras fazer. Principalmente porque só te preocupas contigo própria.

Revirei os olhos – Estavas a ir tão bem até essa última frase. Só não te atiro nada à cara porque tens um cãozinho nos braços. Anda lá, Luke. Tu sabes que também a queres levar para casa porque se não quisesses não tinhas falado nisso. – fiz beicinho na esperança que aquilo resultasse e ele caísse aos meus joelhos a dizer que sim.

Fez-se alguns segundos de silêncio antes do Luke voltar a falar.

- Está bem. Não acredito que me estás a convencer a fazer mais uma maluqueira. Tenho que me manter longe de ti ou ainda vou acabar a concordar com um assalto a um banco.

- Era a minha próxima ideia, se quiseres falar já nisso... - provoquei antes de pousar o cão já alimentado no chão e atirar-me para cima do Luke, que também já não tinha nenhum cão nos braços, e rodear o pescoço dele com os meus braços para um abraço apertado – Obrigada, obrigada, obrigada.

- De nada. Isto quer dizer que vais parar de me chatear e de fazer partidas estúpidas como quando deixaste o espelho do meu quarto cheio de marcas de batom?

- Não. Quer dizer que foste adorável e que isso está guardado na minha memória mas que de qualquer das maneiras vou continuar a chatear-te. E a pensar em partidas ainda melhores. Ah e essa partida não foi estúpida. Demoravas séculos a ver-te ao espelho e nesse dia foste bastante rápido por isso diria que resultou.

Como já tínhamos acabado de alimentar todos os cães, voltei a agarrar na minha pequenina e a coloca-la nos meus braços.

- Que nome é que lhe vais dar?

- Éris.

- Como a deusa do caos? – perguntou-me de volta o Luke, deixando-me bastante admirada por ele saber quem a Éris era. Vou ser sincera, o único motivo pelo qual sabia era pelo filme do Sinbad. Julguem-me, ainda gostava de ver filmes de desenhos animados – Só mesmo tu para dares um nome desses a uma cadela tão sossegada.

Encolhi os ombros com um meio sorriso nos meus lábios enquanto olhava para o Luke e continuava a fazer festas no focinho da cadelinha.

- Ela agora é calminha mas ela vai ser como eu. Por isso o nome vai assentar-lhe que nem uma luva.

- Espero que estejas enganada ou vou ter que aturar duas Alexis. – queixou-se ele com um suspiro – Está na minha hora de ir embora por isso a não ser que queiras ficar a fazer o próximo turno, anda. – mantive-me sentada no chão, com a cadela nos meus braços a olhar para o Luke. Tecnicamente ele ainda não tinha dito que me deixava levar a Éris para casa. Depois de uns segundos a olhar para mim sem perceber o porquê de eu não me mexer, o Luke lá acabou por revirar os olhos – Sim, traz a cadela. Mas digo-te já que se eles se meterem com coisas eu digo que a culpa é tua. E tu é que vais tomar conta dela.

Don't Stop ∞ l.hOnde histórias criam vida. Descubra agora