s i x ∞ Mereces ser comida por tubarões.

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O cemitério não ficava a mais de cinco minutos de distância da casa dos Hemmings e por isso fizemos esse percurso a pé. Não sabia há quanto tempo é que o pai do Luke tinha morrido nem como é que tinha morrido e apesar de ele e a Liz continuarem a falar com grande naturalidade e alegria, não queria fazer nenhuma desses perguntas e correr o risco de estragar o ambiente.

Parámos em frente a uma lápide onde se via a fotografia de um homem muito bem-parecido e também com bastantes semelhanças com o Luke. Ao lado da fotografia lia-se Andrew Hemmings. Adorado pai e marido.

Fiquei em silêncio sem saber o que dizer porque apesar do que se pode achar quando se olha para mim, nunca tinha ido a um cemitério com o meu falso namorado e a minha falsa sogra para ver a campa do meu falecido falso sogro.

- Já viste Andrew? O nosso filho trouxe uma namorada pela primeira vez aqui a casa. - apesar de estarmos num sítio totalmente impróprio para o fazer, assim que a Liz se voltou a referir à minha pessoa como namorada do Luke, tive de me controlar para não desatar a rir - Ias gostar de a conhecer. Parece que consegue meter o Luke no lugar e sempre dissemos que ia ser difícil ele encontrar uma rapariga assim.

E a vontade de rir passou num instante com aquelas palavras. Ok que era um namoro totalmente falso mas ouvir a mãe do Luke dizer que basicamente eu era a rapariga ideal para o Luke (via-se mesmo que ela não nos via no apartamento e fora dele, quando estávamos longe da casa dela) ao marido morto, era algo totalmente... nem sei.

- Olá, pai. - não sei porque é que continuava de mão dada com o Luke mas a verdade é que continuávamos assim - A mãe está toda excitada com a Alexis e acabou de a conhecer. Faltas cá tu para não deixares que ela me faça passar vergonhas. Tenho saudades tuas. - disse ele mais baixo.

Olhei em volta e assim que vi o que queria larguei a mão do Luke. Tanto ele como a mãe dele ficaram a olhar para mim com uma expressão confusa. Se calhar achavam que isto era demasiado para mim e que ia fugir dali a sete pés mas não. Caminhei até à entrada do cemitério e comprei a uma velhota um ramo de flores. Voltei para perto dos Hemmings e olhei para a campa com um sorriso.

- Bem, sou eu, a Lexi. Desde que aqui chegámos que já se fartou de ouvir falar de mim. - brinquei ainda a sorrir - Só quero dizer que também gostava de o ter conhecido. Parece ter sido um ótimo pai e marido e acredite que eu não digo isto de ânimo leve tendo em conta os meus pais. - pousei o ramo em cima da campa e endireitei-me.

Os dois olhavam para mim como se eu tivesse acabado de fazer a maior loucura de sempre. Percebi que a Liz estava quase a chorar apesar de me sorrir e o Luke estava completamente chocado mas não parecia chateado, muito pelo contrário.

Saímos do cemitério e despedimo-nos da mãe do Luke por já ser tarde. Eu não me importava de ficar mais tempo ali com ela, tinha gostado mesmo dela. Era uma senhora muito simpática e era uma óptima mãe.

Não é que os meus pais sejam maus pais mas também não podem receber o prémio de melhores pais do século. Quando era pequena venerava os meus pais e só sonhava com uma relação como a deles por isso qual foi o meu choque quando eles me juntaram e ao Ashton na sala para nos dizer que se iam divorciar. Eu ainda nem sabia o que é que essa palavra significava.

Muitas famílias resultam quando há um divórcio e as coisas até correm melhor mas este não foi o caso. Não sei se foi por abalroarem a minha fantasia de uma vida perfeita mas desde aquele dia que para mim as coisas mudaram completamente. Qual amor, qual vida perfeita? Nada disso existe. Sim, eu tenho um namorado mas... sei lá... gostar dele mais do que gosto de outros rapazes não significa que o ame.

E a relação com qualquer um dos meus pais nunca foi tão perfeita como a do Luke com a mãe. A minha mãe tentava dar-se comigo até com as suas festas ridículas mas nada daquilo era para mim e a paciência dela era mínima com as respostas que eu lhe dava, mesmo quando elas ainda eram bastante contidas. O meu pai também tentava mas estava sempre preocupado com o trabalho e dava-se melhor com o meu irmão por ser rapaz do que comigo.

Don't Stop ∞ l.hOnde histórias criam vida. Descubra agora