Don't Stop ∞ l.h

t h i r t y - t w o ∞ Porque não?

Depois de chegarmos a casa, tinha-me despedido dos rapazes como fazia sempre, excepto com o Calum que tinha ficado a olhar para mim com aquele seu ar preocupado-barra-desconfortável. Tinha quase a certeza que ele não tinha percebido que eu e o Luke nos tínhamos beijado mas também tinha quase a certeza que não era muito difícil de imaginar o que é que estava a acontecer quando ele saiu do café.

Assim que estava pronta para dormir, enfiei-me na cama, dei um beijinho ao meu irmão e encostei-me a ele como fazia todas as noites, a diferença foi que ao contrário do que acontecia nas outras noites, não consegui dormir. Consegui ficar sossegada em vez de andar às voltas na cama apesar de saber que dificilmente acordava o meu irmão graças ao sono de pedra que ele tinha mas o sono não chegava e o tempo parecia passar o mais devagar possível.

Era verdade que estava a olhar para o tecto do quarto mas em vez de me dedicar a pensar no quão maravilhoso era aquele tecto, só conseguia lembrar-me do que tinha acontecido antes, passava tudo pela minha cabeça como se fosse um filme que já tinha visto mas que estava a passar novamente na televisão. Não conseguia parar de rever na minha cabeça a discussão que tinha tido com o Luke mas aquilo que continuava a repetir e a repetir e a repetir era sem dúvida o beijo.

Sabia que não estava apaixonada pelo Luke, não porque já tivesse tido essa experiência e pudesse comparar o que sentia mas exatamente porque não me sentia nada diferente é que sabia que não estava apaixonada por ele agora se não tinha sentimentos nenhuns por ele? Isso tinha a certeza que alguma coisa se passava, caso contrário não tinha ficado tão afetada por ele tratar a Felicity de forma diferente daquela que ele me tratava a mim, nem tinha ficado chateada por ele esperar até ao final do dia em que tínhamos passado juntos para dizer que tinha um encontro, nem estava neste momento sem conseguir dormir por só conseguir rever o que tinha acontecido à algumas horas atrás.

Ouvi a porta de casa a fechar e engoli em seco, com o coração a bater-me no peito mais depressa. Parecia que para além de não ter qualquer tipo de controlo no meu cérebro também não o tinha no meu corpo. E era horrível. A madeira do chão do corredor rangeu levemente com os passos do Luke e o meu olhar parou na porta quando o barulho cessou. Engoli em seco e olhei para a maçaneta da porta que rodou ao de leve, fazendo-me fechar imediatamente os olhos. Esperei, com o coração a bater-me descontroladamente no peito, esperei sem saber muito bem se queria que ele entrasse, se queria falar com ele ou se simplesmente queria que ele se fosse embora. E esperei de olhos fechados até voltar a ouvir o chão de madeira a ranger e a porta do quarto atrás de mim a fechar.

Abri os olhos nesse instante e foi exatamente nesse instante que decidi que estava na altura de me comportar à altura da Alexis Irwin, a rapariga que não deixava ninguém meter-se com ela. Nem mesmo o rapaz loiro que não conseguia tirar da minha cabeça.

**

Encostei a cara à almofada e sorri ao sentir a minha barrinha quentinha mas fiz uma careta assim que a minha almofada começou a lamber-me o nariz. Abri um olho e sorri ao ver que era a Éris que tinha trepado até à cabeceira da cama.

- Bom dia. – dei-lhe um beijinho no alto da cabeça e agarrei nela ao colo para a pousar no chão enquanto calçava os chinelos. Depois do Ashton sair para o trabalho tinha-a ido buscar para não ficar sozinha na cama. Claro que o meu irmão não podia saber ou tinha um ataquezinho e por isso é que tinha esperado até ele ir embora.

Caminhei até à cozinha, ouvindo apenas o barulho dos meus passos e das patas da Éris no chão de madeira, o que comprovava que mais uma vez para minha grande infelicidade, estava sozinha em casa. Se bem que depois da noite anterior até que nem era mau estar sozinha.

Agarrei num iogurte e de seguida caminhei até ao sofá, para o qual me atirei depois de agarrar no comando da televisão com a mão livre.

- O que é que vamos fazer hoje? - perguntei em direção à minha cadela que se tinha sentado e olhava para mim com os olhos bem abertos ao mesmo tempo que abanava o rabo - O melhor é fugirmos de casa antes que o Luke venha e eu seja obrigada a falar sobre o que aconteceu ontem. - ela ladrou ainda a abanar o rabo - Sim, é isso que vamos fazer.