Don't Stop ∞ l.h

t h i r t y - t h r e e ∞ Luke, deixa-me em paz

Eu sabia que estava na altura de me afastar dele, acabar com aquilo, com quaisquer esperanças que haviam de haver alguma coisa entre mim e o Luke mas apesar de o meu cérebro ter sinais luminosos a mandar-me fazê-lo, o meu corpo parecia não querer saber do que o meu cérebro pensava ou ordenava, tendo vontade própria e fazendo exatamente o que queria.

Por isso é que ainda estava a beijar o Luke.

Estava em bicos de pés pois era a única maneira de acabar com a nossa diferença de alturas e sentia as mãos do Luke pousadas na minha cintura, fazendo com que os nossos corpos estivessem completamente colados, o que não era muito difícil uma vez que eu continuava presa entre ele e o armário da cozinha.

Eu nunca tinha sido o tipo de rapariga que acreditava nos príncipes encantados e que eles nos iriam buscar à torre onde estávamos presas a deixar o nosso cabelo crescer até tomar proporções drásticas mas durante muitos anos tinha acreditado que o amor existia e que era algo bastante bonito.

Até que os meus sonhos tinham sido complemente desfeitos com o divórcio dos meus pais. Eles nunca tinham sido o casal perfeito, longe disso, mas à sua maneira davam-se bem, amavam-se ou pelo menos era o que eu pensava quando era apenas uma criança inocente e crédula. Agora não acreditava em nada disso e sim, tinha tido um namorado, um namorado idiota é certo mas mesmo assim; só que nunca me tinha apaixonado, pelo Ricky ou por quem quer que fosse. E não estava apaixonada pelo Luke, pelo menos ainda não mas sabia que a coisa podia muito bem descambar para esse lado se continuássemos com isto porque a verdade é que tínhamos demasiada química e éramos demasiado parecidos. Mas eu conhecia-me e sabia muito bem que se as coisas começassem a resultar o meu instinto era fugir. Não queria fazer isso ao Luke, não queria ser outra Abigail e por isso mesmo as coisas tinham de acabar aqui, antes mesmo de começarem.

Separei os meus lábios dos dele, deixando-me estar de olhos fechados enquanto mordia o lábio inferior e ganhava coragem para sair dali e me afastar do Luke a sério. Sentia a respiração entrecortada dele a bater-me na cara e tinha a certeza que ele sentia o mesmo porque o meu peito subia e descia demasiado depressa.

- Não posso... - disse baixinho e abri os olhos ao mesmo tempo que ele, tendo tempo suficiente para ver as sobrancelhas do Luke juntarem-se numa expressão confusa e a boca dele a abrir para perguntar o que é que eu queria dizer com isso mas não lhe dei tempo de o fazer, empurrei-o para que me desse espaço e passei por ele, andando depressa de maneira a que ele não tivesse tempo de me agarrar e me impedir de sair dali.

Conseguia ouvir os passos dele no chão de madeira atrás de mim mas antes de ele me conseguir agarrar, entrei no quarto que partilhava com o meu irmão e fechei a porta do mesmo, rodando de seguida a chave que se encontrava na fechadura, arranjando uma maneira efectiva de nos manter afastados um do outro em divisões diferentes. Encostei a testa à porta e fechei os olhos com força.

- Lexi, abre a porta. O que é que se passa?

- Deixa-me em paz.

- Não vou sair daqui até me dizeres o que se passa e abrires a porta.

Fiquei a olhar para o grande bocado de madeira que tinha à minha frente e que era a única coisa que fisicamente me afastava do Luke, sim fisicamente porque psicologicamente a lista de coisas que nos afastavam começava a tornar-se cada vez maior à medida que os minutos iam passando.

- Então vais ficar ai o resto da tua vida. - dei um salto quando ouvi o barulho do punho do Luke a bater na porta - Tu mesmo disseste que isto era um erro, não pode voltar a acontecer. Por isso deixa-me em paz. Vamos fingir que nada aconteceu e podes seguir a tua vida com a guardadora de rebanhos.

- Não quero fingir que isto não aconteceu. - voltei a ouvir algo bater na madeira mas agora tinha quase a certeza que não era o punho do Luke mas sim a sua cabeça, encostada contra a porta - Lexi, abre a porta e explica-me o que é que se passa.