s i x t e e n ∞ Nada de mentir.

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Virei-me de barriga para baixo e apoiei-me nos cotovelos enquanto olhava para o Luke. Ele estava de barriga para cima de olhos fechados com um ar bastante tranquilo.

- Porque é que estás a olhar para mim? - perguntou ele enquanto abria o olho esquerdo para olhar para mim.

- Estou a pensar que passamos os dias juntos e mesmo assim ainda sei muita pouca coisa sobre ti. - encolhi os ombros - Já sei mais coisas sobre os outros rapazes do que sobre ti. Sei que o Michael é completamente maluco por pinturas do cabelo; ele já te disse que já está a pensar na próxima cor que vai usar? - perguntei mas nem o deixei responder - Sei que o Calum tem uma crush pela Tamara mas tem demasiada vergonha para falar com ela. Ah e sei que o meu irmão e a minha melhor amiga, diga-se de passagem que é bastante estranho mas pronto, estão completamente apanhados um por o outro mas gostam de fingir que não.

- Podes não saber muita coisa sobre mim mas sabes o suficiente. - respondeu ele com um encolher de ombros - Mas porque esse interesse repentino em mim? Estás a ficar apaixonada? - perguntou ele com um meio sorriso.

Atirei-lhe a embalem do protetor solar à cabeça - Isso querias tu. - voltei a encolher os ombros - Não sei. Porque é estranho passarmos os dias juntos e só nos infernizarmos um ao outro. Eu gosto mas mesmo assim. Vamos fazer um jogo.

- O das vinte e uma perguntas?

- Não! Isso são muitas perguntas. - encostei a testa à minha toalha mas continuei a olhar para o Luke - Cinco perguntas. E as respostas têm de ser mais do que sim ou não. Têm de ser respostas elaboradas e decentes. Nada de mentir.

- És tão chata. - resmungou o Luke mas virou-se de barriga para baixo e focou a sua atenção em mim. Voltei a colocar-me direita enquanto abanava as pernas para trás e para a frente - Ok. Primeira pergunta... - ele ficou uns segundos a pensar - Porque é que os teus pais te mandaram para Itália?

- Desde o divórcio dos meus pais que eu basicamente dei numa de revoltada. Eles nunca souberam como lidar comigo e já conheceste a minha mãe, eu sou tudo menos a filha perfeita para ela. Foi só começar a arranjar confusões na escola com outras raparigas, faltar às aulas ou dormir àquelas que ia ou insultar os professores e pronto, eles passaram-se completamente. Também houve a situação em que eu quase queimei os cabelos de uma miúda... mas a culpa foi dela. Ela chamou-me cabra sem coragem que se escondia atrás do irmão mais velho e eu passei-me. E pronto, os meus pais decidiram que eu precisava de sair da Austrália e que melhor sítio para ir que um colégio de quase freiras em Itália? - encolhi os ombros com um sorriso - Porque é que não passas mais tempo com a tua mãe?

Vi o Luke a morder o seu lábio inferior discretamente e numa espécie de tique nervoso antes de responder.

- Já passou bastante tempo mas ainda me custa estar naquela casa. Para onde quer que olhe lembro-me do meu pai. E isso não é mau mas é difícil. E pode parecer que sou um mau filho por deixar a minha mãe mas ela fica pior quando eu lá estou. Quando ela está sozinha distrai-se a ajudar toda a gente da rua e a fazer uma data de coisas mas quando eu lá estou acabamos sempre a falar do meu pai ou a ir ao cemitério. É melhor eu não estar lá. Porque é que pintaste o cabelo?

As perguntas do Luke passavam de um tema para outro completamente diferente, o que era engraçado. Acabei por me sentar na toalha, de frente para o Luke e com as pernas cruzadas à chinês.

- Eu gosto do meu cabelo mas sempre quis fazer coisas diferentes e por isso quando o Michael comprou as tintas, pensei porque não? E foram só as pontas. E nem se nota muito. - constatei com um encolher de ombros enquanto tocava numa ponta de cabelo. Notava-se mas a diferença de tonalidades não era assim tão chamativa. Não era como se eu tivesse pintado as pontas de loiro, ai sim, ia notar-se bastante - Porque é que fizeste o piercing? Para seres fixe?

Don't Stop ∞ l.hOnde histórias criam vida. Descubra agora