Durante o beijo eu pensei no Harry, por alguns segundos imaginei que aquela boca fosse a dele, e me senti horrível por isso. Niall gosta de mim.
- Me desculpa, é que... Eu realmente não sei o que deu em mim, eu sou uma idiota mesmo - Levantei, ajeitei meu vestido e fui andando para floresta com a intenção de encontrar a estrada.
- Para onde está indo ? - Niall me segurou pelo braço.
- Para casa, e me desculpa por tudo - Me soltei de suas mãos, até que senti um ar frio passar por mim. Senti uma sensação estranha.
Comecei a sentir uma dor de cabeça horrível, cai no chão e comecei a me contorcer de dor. É como se estivessem jogando pedras grandes em minha cabeça. Tentei gritar, mas minha voz não saia.
Niall me pegou no colo e me levou para dentro da casa, me colocou em cima de um sofá grande de madeira. Gritos, vozes, isso estava me torturando. Tampei o ouvido com as mãos, tentando amenizar a dor que aqueles gritos agudos me traziam, mas nada mudava. Minha visão estava ficando escura, mas antes de eu apagar, vi uma sombra atrás de Niall. Era aquela mesma menina, que vi na casa do Harry.
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Acordei com uma leve dor de cabeça, minha visão ainda estava embaçada. Quando minha visão voltou ao normal pude avistar o lugar onde estava.
A decoração era rústica, alguns móveis pareciam ser antigos e outros modernos. A decoração tinha um ar de masculinidade, deve ser o quarto do Niall.
A cama onde eu estava deitada era grande, Sentei-me ereto, empurrei-me para trás, de encontro com a cabeceira da cama. Ajeitei o travesseiro para que ficasse confortável.
Ouvi a maçaneta da porta se mover, a porta se abriu devagar, assim emitindo um rangido um pouco irritante. E então apareceu Niall, com seu cabelo loiro bagunçado, e em suas mãos segurava uma bandeja com um café da manhã. Usava uma calça moletom e uma regata branca.
- Bom dia, está melhor ? - Disse com um sorriso de lábios fechados, fechou a porta com um leve chute, sentou na cama ao meu lado e colocou a bandeja sobre minhas pernas.
- Bom dia, acho que sim. Estou com um pouco de dor de cabeça, mas não está forte.
- Aqui tem remédio - Ele abriu a pequena gaveta do criado mudo que havia ao lado da cama, e de lá tirou uma tabela de remédio.
Peguei um remédio, coloquei na minha língua e dei um gole no suco que maracujá que estava incluso no café da manhã.
- Você precisa comer.
- Não estou com fome, desculpa. Coma você.
- Eu já comi, mas você não. Por favor, você tem que comer alguma coisa.
- Ta bom - Peguei um sanduíche, dei uma mordida e dei um gole no suco de maracujá - Está ótimo, obrigada.
- Que nada.
- Niall, sobre o que aconteceu ontem...
- Esquece, vamos fingir que aquilo não aconteceu - Niall me interrompe, mas eu não quero esquecer.
- É que... Deixa para lá. Ah, quem é aquela menina ?
- Menina ? Que menina ? - Niall questionou confuso.
- A que estava com você, antes de eu desmaiar eu vi a menina atrás de você.
- Não sei de quem você está falando. Você estava tendo algum tipo de ataque, deve ter tido alucinações.
- Que droga Niall, eu não estava delirando, eu já tinha visto aquela menina antes. Na festa - Ele olhou para mim assustado, talvez por eu ter aumentado um pouquinho o tom de voz.
- Calma Demi, tudo bem. Você está nervosa, aconteceu muita coisa ontem. Termine de comer e depois vai tomar um banho, lavei seu vestido ele estava sujo porque você caiu no chão, depois é só pegar na secadora lá no porão - Ele falou em um tom calmo.
- Desculpa, é que... Pera ai, se você lavou meu vestido, o que eu estou vestindo ? - Coloquei a bandeja em cima do criado mudo, levantei o edredom, eu estava apenas com as minhas roupas íntimas e com uma blusa social branca, grande, talvez seja do Niall.
- Niall... - Olhei para ele meio sem graça. Ele começou a gargalhar.
- Fique tranquila, eu não fiquei olhando - Soltei um suspiro de alívio, Niall levantou e se retirou, depois voltou e ficou olhando para mim com um sorriso malicioso - Ah, gostei do sutiã preto.
- NIALL - Joguei um travesseiro na porta com uma tentativa inútil de acertar ele.
Ele fechou a porta e começou a rir, tampei meu rosto com as mãos morrendo de vergonha, que momento constrangedor.
Me levantei da cama e senti um arrepio, estava frio. Peguei a toalha que esta dobrada em cima da cama, entrei no banheiro e me despi.
Liguei o chuveiro e fui adentrando aos poucos. Deixei a água cair sobre minha cabeça, comecei a pensar em tudo que aconteceu na noite passada, ainda não processei tudo isso.
Já suportei tanta coisa no mundo, mas... Sei lá, to me sentindo tão frágil. Já se sentiu como um castelo de cartas, a um sopro de desabar ? Estou tão frágil ao ponto de me sentir assim.
Sabe, tem dias que dá vontade de se fechar num cubículo e ficar lá, bem quietinha, até essa dor passar.
A minha dor está se transformando em frieza e ódio. Mas eu já deveria ter caído na real, não sou bonita, nem inteligente, por que alguém iria gostar de mim ?
Talvez eu só tenha que morrer mesmo, mas antes disso vou levar alguns pessoas comigo.
Mas eu já morri por dentro. Sou como um fantasma com um coração batendo. Você sabe como é ser torturado pela sua própria mente ? Isso dói, que merda, odeio me perder dentro de mim mesma.
Eu era uma garotinha tão cheia de sonhos, olha no que me tornei. Sou um monstro. Eu queria voltar a ser uma criança, porque os joelhos ralados curam bem mais rápido que os corações partidos.
To tentando esquecer de tudo que aconteceu, mas de certa forma tentar esquecer já é lembrar.
Eu quero que isto acabe ! A dor muda as pessoas, e eu estou mudando.
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A Escuridão
ParanormalO desconhecido é assustador. O que te assusta mais, viver ou morrer ? Não se assuste, pois terá que se acostumar com o seu destino, ele é sombrio. O que Demi fará depois de tudo isso ? Perseguição, vício, morte, homicídio, amor, ódio.