Depois que saiu do quarto de Marion, Stacy demorou a se recuperar das verdades que Marion havia lhe contado. Debruçou sobre o vaso e colocou para fora tudo o que tinha comido naquele dia. Céus! Ela não teria coragem de olhar os amigos nos olhos mais. Não por enquanto. Naquela noite, quando Conner voltou, a mulher insistiu para que se mudassem para sua nova casa.
Conner questionou o motivo, embora pudesse supor. Isso o fez pensar o que Stacy faria se ele lhe contasse a verdade, sobre ser um agente federal. Se estava indo embora por ter descoberto o segredo de Marion - como ela descobriu, Conner não tinha ideia -, provavelmente faria o mesmo com ele. Óbvio que sim! Ela tinha motivos de sobra para lhe meter o pé na bunda, mas mesmo assim... Pensar em lhe contar a verdade agora, justo quando estava grávida, depois de ter descoberto sobre a amiga... Era melhor esperar o momento certo mesmo. Apesar das insistentes perguntas de Conner, Stacy apenas disse que estava cansada de ficar na mansão Davies e que queria ir para o seu próprio cantinho. Ele não questionou mais.
Depois que se mudaram, Conner percebeu que a esposa havia conversado com Marion mais umas três ou quatro vezes. Por mais que dissesse o contrário para ele, o homem sabia que Stacy perdoaria a amiga logo mais. Principalmente por marcarem de conversar no shopping e uma coisa que Conner tinha aprendido ao longo desses anos ao lado de Stacy era: se quiser se redimir por qualquer coisinha, leve-a para fazer compras, ou compre comida para ela. Bom, ele duvidava que dessa vez funcionaria, mas já era um bom passo. Principalmente depois dela ficar três semanas sem falar com o Marion.
- Até hoje não me contou porquê brigaram - ela disse, enquanto estava montando o berço do bebê.
- Divergências de opiniões - ela deu de ombros e, em seguida, colocou outro pedaço de melancia na boca. - Ela fez uma coisa, eu não concordei, nós brigamos e foi isso.
- Nós temos divergências de opiniões o tempo todo.
- E daí? - Conner parou de mexer na parafusadeira e olhou para ela. O berço branco estava montado pela metade; o quarto já estava pintado com um verde bebê bem clarinho. O ultrassom ainda não tinha mostrado o sexo da criança, então opitaram por um nome unissex, obviamente na opinião de Stacy: Chris.
- Você não vai embora toda vez que isso acontece - ele concluiu. - Para mim, aconteceu alguma coisa mais.
- Você fala demais, Conner. Se concentre em montar o berço, tá bom? Deixa que com Marion eu me entendo.
- Tem certeza disso? - Stacy considerou a pergunta.
- Não. Mas eu também não tinha quando me casei com você.
O homem a encarou boquiaberto e jogou o pano que estava usando para secar o suor na esposa. Para o azar dela, o pano caiu bem no prato que estava em sua mão. Apesar dos xingamentos proferidos, Conner apenas riu e voltou a montar o móvel.
***
Marion não tinha ido se encontrar com Henrique há três semanas, como havia considerado à princípio. A partida de Stacy tinha mexido com ela e a assassina nem mesmo estava conversando direito com Adam naqueles dias. No entanto, Marion não sabia explicar se o destino tinha sido gentil, ou maquiavélico, quando Stacy, Sarah e ela esbarraram com ele enquanto andavam pelo shopping.
- Olha só que coincidência maravilhosa tê-las encontrado aqui! - Disparou Henrique, como se fossem melhores amigos desde sempre. Cada vez que o encontrava, eram dez tipos diferentes de calafrios que percorria o corpo de Marion. Nenhum deles eram bons. Pelas sacolas nas mãos dele, parecia que ela ainda tirava dinheiro de seus sócios para bancar seu gosto por roupas de marcas caríssimas.
- Olá, Henrique - Marion teve estômago suficiente para cumprimentar. Ao julgar pelas expressões de suas amigas, estavam tão enojadas de vê-lo quanto ela. Henrique, em contrapartida, sorriu.
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Assassina de Luxo [Concluído]
RomanceUma infância destruída pelo melhor amigo de seu pai. Durante muito tempo, Marion sentiu vergonha de si mesma e do seu corpo depois de tudo o que aconteceu. Jurou nunca confiar em ninguém que tentasse se aproximar dela. Mas o tempo passou e ela cresc...