Capítulo 32

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Já estava tudo pronto. Todas as malas ao lado da porta, quando Marion se virou para seus amigos reunidos na sala de estar.

- Tem certeza de que quer ir? - Conner perguntou baixo, pois Chris dormia em seu colo.

- Você estará na lista dos mais procurados de todo o Reino Unido - Sarah advertiu mais vez.

- Eu sei, mas eu quero ir. Preciso disso.

- E para onde vai? - A agente insistiu.

Um sorriso se estampou no rosto de Marion.

- Para a casa da minha mãe, África do Sul.

Conner e Sarah se entreolharam e sorriram para a amiga.

- Sabe que estará fora de nossa proteção lá, não sabe? - Conner disse.

- Não se preocupem, pessoal. Sei dar meus pulos. Mas qualquer coisa, ligo para vocês sem pensar duas vezes!

- E se alguém procurar por você? - Marion olhou para a amiga e deu um sorriso felino. A assassina tirou um papel do bolso e entregou a Sarah. - Posso ter me aposentado como assassina, mas ainda tenho meus dotes com a inteligência artificial. Em quarenta e oito horas, Marion Davies estará morta.

Os agentes olharam simultaneamente para o papel recém entregue. Sarah parecia tão surpresa e confusa quanto o parceiro.

- Você invadiu o sistema da polícia?

- Se precisarem dos meus serviços, saberão onde me achar.

- Você não toma jeito mesmo, Davies!

- E você sim, VonPierre? - Marion falou a abraçando.

- Cuide-se bem, Marion.

- Pode deixar. E você, White, trate de cuidar muito bem da minha amiga e do meu afilhado - ordenou se desvincilhando de Sarah e indo abraçar Conner. Também deu um beijo na testa de Chris.

- Com a minha vida!

- Não que ela valha alguma coisa, mas serve - brincou.

- Vou sentir sua falta, May - Stacy anunciou.

- Já fizemos isso antes, embora os lugares fossem inversos.

- E nunca fica mais fácil.

Marion e Stacy se abraçaram. Não precisaram dizer uma só palavra para que transmitissem todo o amor e carinho que tinham uma pela outra; toda admiração. Quando se afastaram, ambas estam chorando.

- Te amo, Stacy.

- Também te amo, May.

Quando Marion se virou para Andy, ela já foi logo perguntando:

- Nenhuma chance de te vermos de novo?

- Coitada de você se achar que não! - Todos os cinco riram. - Fiquem bem, Andy, e sucesso nessa sua nova fase. Tanto pessoal, quanto profissional. Estou orgulhosa de você.

- Obrigada. Foi uma honra trabalhar ao seu lado durante tanto tempo.

- Sentirei falta de você me entregar meu café todas as manhãs.

Andy fez uma careta.

- Você se acostuma. Sei que sou incrível, mas não sou insubstituível.

As antigas chefe e secretária riram e se abraçaram. No exato momento em que se afastaram, uma buzina soou.

- É isso então. Acho que está na hora.

Um cutucão de Stacy fez com que Conner se prontificasse a levar as malas. O homem colocou o pequeno Chris no cercadinho e carregou a bagagem até o porta-malas do táxi.

Já com tudo dentro do carro e a porta de trás aberta, Marion olhou para todos seus amigos. Olhou no rosto de um por um, como se quisesse guardar cada detalhe de cada um. Ela inspirou profundamente antes de dizer:

- Obrigada por tudo. Todos vocês. - Sorriu e encarou a melhor amiga. - Dê um beijinho em Chris por mim.

Um aceno de cabeça de Stacy foi o suficiente. Marion entrou no táxi e bateu a porta. Deu um último aceno para todos, antes de dizer ao motorista para que seguisse até o aeroporto.

Quando o veículo sumiu de vista, Andy perguntou, para ninguém em especial:

- Será que ela vai ficar bem?

- Ela vai - afirmou Conner.

- Ela sempre fica - completou Sarah.

- E alguma coisa me diz que Marion não ficará fora de encrenca por muito tempo - Stacy concluiu e recostou-se no peito do marido. A mulher sorriu para o longe, como se pudesse ver ver a amiga.

***

Uma vez Marion sofreu um grande trauma e conseguiu se reerguer. Tirou a empresa do pai do buraco, encontrou alguém que achava que era boa, fez amigos incríveis, se tornou uma assassina. Durante cinco anos, tudo correra bem, até que a pessoa em que ela mais confiou, mostrou suas garras e cravou-as fundo em seu peito. A destruiu de maneiras que ela nunca pensou que seriam possíveis. Precisou de ajuda profissional quando o passado e presente se uniram e consumiram-na.

Agora, mesmo que ainda não estivesse curada de seus traumas, se encontrava pronta para recomeçar a vida e, mais um vez, ter novas ambições, mesmo que o medo de novas cicatrizes fosse inevitável. Um lugar totalmente desconhecido, onde ela havia ido para se conhecer.

Foram esses pensamentos que fizeram os olhos de Marion brilharem fascinados e empolgados, quando colocou os dois pés na casa que um dia, havia sido de sua mãe. Marion Davies não recomeçaria por ninguém, a não ser por ela mesma.

Assassina de Luxo [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora