Capítulo 19

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Tudo o que ela precisava naquele dia era de um tempo sozinha. Por mais que gostasse da companhia dos amigos e do noivo, estava se sentindo sufocada demais. Depois que saiu da empresa naquela tarde, Marion não foi para casa.

Durante tantos anos, ela treinara e esperara Henrique sair da prisão, para que finalmente pudesse matá-lo, mas agora com ele livre, a mulher não sabia se era o que queria. Apenas o pensamento de estar cara a cara com ele novamente, fazia com que suas mãos suassem.
  
  Mais de dez anos depois Marion ainda conseguia se lembrar, com exatidão, da primeira vez que foi tocada pelo homem. Conseguia se lembrar das palavras que Henrique usou durante o ato e também de suas súplicas desesperadas.

Ao pensar nisso, o suco de Marion já não estava mais tão saboroso. Ela suspirou, no intuito de afastar aquelas lembranças e se concentrar no plano atual. Ela ainda podia se sentir intimidada, mas mataria aquele homem. Faria isso por ela, pelos pais, pela empresa que ele roubou e levou para o buraco.

Matar. Uma palavra tão sombria e pesada, mas que fazia parte da vida de Marion. Ela aprendeu, com o tempo, a encontrar alento e conforto ao segurar uma arma; ao apertar o gatilho. Mal conseguia se lembrar de como tremeu, ao fazer isso pela primeira vez, sem que parecesse ridícula.

Nunca havia passado por sua cabeça que um dia se tornaria uma assassina profissional, mas fizera por merecer o título. Quando recebeu a primeira proposta, estava no campo de tiro ao alvo com Adam. O casal havia começado a namorar fazia poucos mes, e estavam conversando sobre algumas táticas de tiro a longo alcance, quando um homem alto de cabelos e olhos castanhos se aproximou deles.

Naquela época, Marion ainda tinha um pouco de dificuldades para se socializar, com excessão, é claro, de Stacy e Adam. Como fora difícil a primeira vez que Adam quis levá-la para cama e, mesmo depois de meses namorando, quando aquele estranho se aproximou do casal, eles ainda não tinham tido nenhuma relação sexual. Felizmente, Adam sempre foi compreensivo.

O homem se aproximou e lhes ofereceu um pagamento gordo, em troca de um pequeno serviço, pois percebeu o quão bons atiradores Adam e Marion eram. A mulher não aceitou a princípio e quase colocou o homem para correr, mas Adam a convenceu de que poderia ser um bom negócio, especialmente quando ambos, embora de maneiras diferentes, estavam precisando do dinheiro. Foi graças a parte desse trabalho que Marion conseguiu pagar parte das dividas da empresa do pai. Depois dessa vez, o casal passou a treinar, coisas que hoje em dia, para eles são básicas, com o homem que ofertou o trabalho. Muitas das coisas que sabiam hoje, deviam a este homem.

Pensar nisso, nessas lembranças, fez com que Marion se sentisse pronta para a luta outra vez. Sim, ela ainda tinha medo de se encontrar com Henrique, mas e se tudo não passasse de uma coincidência? As chances eram mínimas, mas podiam ser reais. Marion tinha quinze anos da última vez que o vira pessoalmente e, duvidava que a aparência dele tivesse mudado. O mesmo já não podia ser dito dela. Quinze anos se passaram desde então. Naquela época, era uma menina, não uma mulher. Ninguém poderia garantido que as duas, postas lado a lado, eram a mesma pessoa. Não! Ela não deixaria que seu medo, seu anseio, se pudessem na frente de sua razão e lógica. Chegará longe demais para deixar que Henrique a destruísse mais uma vez.

Ela se vingaria.

Ela mataria.

Ela se resurgiria.

Ela seria uma fênix.

Marion deixou seu suco de lado e ligou o carro. Minutos depois ela estava na empresa novamente e, ao cruzar com o segurança do andar da diretoria, disse:

— Cliff, não deixe que ninguém me atrapalhe. Estarei em minha sala, mas a menos que seja para evitar a minha morte, não quero ser interrompida.

Assassina de Luxo [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora