Girls Secrets (JENLISA)

33: por que eu sou tão apegada a você?

JENNIE, 2020.

Cheguei em casa e deixei com que o mar de emoções tomasse conta de mim, eu não podia evitar, era maior do que eu e sempre fora assim.

Desabei contra a porta atingindo o chão e fiquei ali sem saber o que fazer, apenas me deixando levar pelos meus sentimentos.

Depois de algum tempo eu senti um impacto sobre mim, me assustando.

- Jennie, abre a porta! - era Lisa batendo à porta.

Fiquei em silêncio, sem saber se queria enfrentar aquilo.

- Eu sei que você tá aí Jennie - ela soa mais uma vez - Abre, por favor...

Doía tanto ouví-la me chamar e ter que ponderar se eu deveria abrir a porta ou não porque não sabia mais o quanto daquilo eu ainda poderia aguentar. As memórias do passado continuavam me assombrando, como se eu tivesse esse medo constante de que se continuasse com Lisa, em algum momento, ela me deixaria de novo. Eu simplesmente acordaria sem ela algum dia e eu não sabia parar de temer isso.

- Nini... eu consigo te ouvir pela porta - ela soa mais uma vez.

- Eu não sei se quero abrir - respondo ainda paradinha ali.

- Tudo bem, então - ouço um suspiro profundo e silêncio depois de algum tempo.

Eu acho que ela deve ter ido embora. Talvez fosse melhor assim por hora.

Me arrastei até minha cama e me joguei nela. Eu só não queria enfrentar aquilo mais, não queria enfrentar mais aquele dia. Então, fiquei ali imóvel até que meus olhos pesassem mais do que minha consciência e eu não pudesse resistir ao anseio incrível que era chorar por um longo tempo e depois ir dormir.

...

Quando acordei já passavam das 5 da tarde, levei tempo até assimilar de volta o que tinha acontecido e que tinha dormido quase o dia inteiro depois daquilo.

Comi algumas frutas porque me veio a mente que eu não tinha comido nada hoje e deparei-me com o lixo cheio, amarrei-o sem ânimo algum e abri a porta do apartamento pronta para coloca-lo em seu destino.

Mas fui surpreendida pelo peso de Lisa atingindo meus pés de uma vez. Não doeu em mim, mas ouvi ela bater a cabeça contra o chão.

- Aí - gemeu em dor antes de erguer-se e se preparar pra se levantar.

- O que faz aqui ainda? - estava legitimamente confusa.

- Você disse que não sabia se queria abrir - respondeu.

- E por isso ficou aí?

- Esperei até você querer abrir...

- Ah - me senti mal por um momento porque não sabia que ela ficaria ali - Eu achei que você tinha ido embora - passei por ela fazendo o caminho até o fim do corredor e dispensando o lixo que estava em minhas mãos antes de voltar até ela.

- Podemos conversar agora? - perguntou.

- Eu gostaria de negar, mas você está acampada na frente da minha porta e... - encarei seus pés - ...descalça.

- Quando me dei conta já estava aqui - se explicou.

- Entra - digo antes que eu desistisse daquilo - E use uma dessas - lhe entreguei um par de slippers.