Natasha
Hoje ele não veio.
É a primeira vez em três semanas que ele não aparece para me soltar, como todos os dias.
Caminho apreensiva em minha pequena cela enquanto penso no porquê ele não aparecer. Após uns minutos deito-me novamente com um bufo. Estou acostumada com minha breve liberdade desse porão. Além de manter minha mente e corpo ocupados. Aqui não tem NADA pra fazer.
Horas se passaram e estou entendiada e faminta. Desespero me corroem em pensar que ele poderia nunca mais voltar... e me deixar aqui para morrer de fome e solidão. Será que isso é um castigo por eu ter dormido ontem? Os últimos raios de sol vão embora e em seu lugar reina a escuridão. Estou sentada no chão frio com minhas pernas puxadas para meu peito enquanto me abraço protetoramente. Finalmente ouço o som de suas pisadas sobre à escadaria.
Me levanto nervosamente enquanto seco minhas mãos suadas em meus shorts. Ele destranca minha cela e a abre lentamente, Acende uma vela e se aproxima.
O que vejo faz meu coração acelerar e minhas pernas tremerem.
Todo seu corpo está coberto de vermelho brilhante. Sua camisa que parecia ser branca, está molhada e pingando mulher cor. Seus braços e pescoço - até onde parecia, pois ainda usava aquela máscara - estavam salpicados.
Meu Deus!
É sangue!
Ele está ofegante, mas não parece ser de cansaço, e sim decorrente a uma grande excitação ou êxtase. A visão é malditamente aterrorizante se você está indefesa e refém desse cara!
__ Óh meu Deus ... - exclamou horrorizada.
ㅡ Venha comigo. ㅡ Ele exclama frio. Enquanto ele aperta meu braço com força contra si e praticamente me carrega por as escadas, eu só consigo pensar uma coisa:
Ele vai me matar!
Ele se irritou comigo por causa de ontem ... Oh meu Deus eu vou morrer! Chegando na cozinha ele me solta e recuo com medo. Minha visão está turva mas não sei se é pelo desespero ou pela fraqueza de não ter me alimentado em momento algum hoje.
Enquanto ele se aproxima lentamente, o sangue pinga de suas mãos fazendo uma pequena poça no chão.
Fecho os olhos e espero o pior.
ㅡ Olá ... ㅡ Sussurra ㅡ Tive um trabalho de última hora que requeria minha ... atenção. Abro os olhos lentamente.
ㅡ Limpe isso. ㅡ E em seguida ele tira sua camisa ensanguentada e a coloca em cima da mesa. Arregalo os olhos.
É a primeira vez que o vejo sem camisa.
Sua pele que deveria ser parda estava manchada de sangue. Seu corpo é magro, com braços fortes e veias saltando. Olho para seu abdômen bem desenhando onde uma fina linha de pela descia de seu umbigo até ... Sinto minhas bochechas queimarem e desviarem o olhar.
Onde estou com a cabeça, olhando para ele assim ?!
ㅡ Você está ... machucado? ㅡ pergunto meio receosa.
ㅡ O que ?! Ah, isso ... ㅡ Ele olha para si mesmo e todo o sangue ㅡ Não se alegre muito ... a maioria não é meu.
Não sei o que responder a isso então tento me distair do que acabei de ouvir e pego sua camisa ensopada. O odor metálico e forte me deixa enjoada.
ㅡ Ah, estou faminto .... deixa essa camisa aí é faça o jantar. ㅡ Murmura autoritário.
Enquanto se prepara as refeições, ele senta-se a mesa e posso sentir seus olhos em minhas costas.
Estou esfomeada e o cheiro dos ovos e bacon que preparam estão me dando água na boca.
Sirvo-o primeiro como todos os dias e está prestes a me afastar até que o escuto calmamente:
ㅡ Coma comigo. ㅡ Diz autoritário.
Estou pasma agora.
Ele nunca me deixa comer na mesma hora que ele. Me sento na mesa desconfiada e me sirvo. Assim que dou a primeira garfada e sintoma o enebriante sabor da minha primeira ingestão dia, solto um pequeno gemido de pura felicidade.
Tão absorta em minha comida não percebo que ele está me encarando completamente excitado.
Terminamos de "jantar" e sinto que o clima está menos tenso do que jamais foi.
Lavo os pratos enquanto ele vai tomar uma ducha.
Posso ouvir o barulho do seu chuveiro ligado e imagino como ele estará agora tirando todo aquele sangue... provavelmente está todo espalhado no chão, em seus pés.
Termino meu serviço e estou contente de ter feito alguma coisa. Era quase como se este lugar fosse minha casa também... Estremeço.
O que eu estou me tornando?
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A prisioneira - Fluxo Bak
Teen FictionNatasha é uma garota órfã que nunca chegou a conhecer seus pais. Vive em um orfanato desde que se entende por gente, ela tem a vida pacata e solitária mas terá seus dias mudado drasticamente quando é "salva" por um serial killer. Ela é Mantida prisi...