Natasha
ㅡ Você tem que ir para o hospital!
Repito pela terceira vez.Sentada na cama, agora vestida novamente começo a sentir as ondas de pânico se dissiparem.
Gabriel nega pacientemente concentrado na sua tarefa.
Quando saímos da floresta inacreditavelmente vivos só uma necessidade pendia em minha mente e era voltar para casa.
Sair daquele lugar nefasto, se distanciar de toda dor e sofrimento que nos foi causada por aquelas pessoas terríveis.
Aqui, eu me sentia segura.
Balanço a cabeça mordendo os lábios.
Gabriel havia tirado a camisa ensopada e a ferida em seu ombro está mais evidente que nunca.
O sangue voltou a brotar do buraco da bala que ainda estava dentro de sua pele.
Eu não consigo imaginar a dor que ele deve estar sentindo.
O ferimento ocorreu a horas e a pele envolta dele está vermelha e irritada.
Porém ele não reclamou nem uma só vez, tratando aquilo como um mero arranhão.
Gabriel vai ate a cozinha por alguns minutos e quando volta traz com ele uma faca com a ponta alaranjada claramente de ter sido colocada no fogo.
Diante meu olhar horrorizado, ele bufa.
Ele senta na cama ao meu lado.
Não consigo tirar os olhos dele.
Nem mesmo quando ele leva a faca até seu ombro em sua ferida exposta.
Sinto-me tremer quando ele encosta a ponta da faca fervente na carne deteriorada.
Nenhum vestígio de dor passa por seu rosto mas ao contrário do que ele quer passar seu corpo começa a suar pelo esforço, e logo um fina camada de umidade reveste seu peitoral.
Os minutos se passam e me ponho cada vez mais nervosa com sua tentativa falha de remover a bala sozinho.
Sem ao menos um espelho para guia-lo a tarefa torna-se quase impossível.
ㅡ Eu faço.
Digo apreensiva.
Não consigo assistir sua dor desta maneira e sei que ele nunca me pediria ajuda.
Desse jeito ele iria acabar com uma infecção ou uma necrose.
O pensamento pôs os cabelos dea minha nuca em pé.
ㅡ Tem certeza?
Aceno determinada.
Ele me passa a faca sem mais delongas provando estar aliviado por minha ajuda.
Respiro fundo.
Eu nunca cuidei de um ferimento antes, até hoje a única ferida de bala que eu vi foi na televisão.
Só espero que seja tão fácil como nos filmes.
ㅡ Espere.
Saio correndo do quarto em busca de um pano molhado.
ㅡ Tem que lavar a área antes.
Ele levanta as sobrancelhas divertido.
ㅡ Você é enfermeira agora?
Reviro os olhos.
Com um pano molhado seco delicadamente o sangue seco ao redor de seu ombro.
Mordo os lábios temerosa, tirando coragem dentro de mim para o próximo passo.
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A prisioneira - Fluxo Bak
Teen FictionNatasha é uma garota órfã que nunca chegou a conhecer seus pais. Vive em um orfanato desde que se entende por gente, ela tem a vida pacata e solitária mas terá seus dias mudado drasticamente quando é "salva" por um serial killer. Ela é Mantida prisi...