CAPITULO 31

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                                        Gabriel

ㅡ Bom dia.

Abro os olhos e desperto, para como todos os dias encontrar Natasha ao meu lado.

Ela me presenteia com esse sorriso... tão fudidamente real.

Não me sinto merecedor dele mas o necessito para me levantar todas as manhãs.

Levanto-me e faço meu caminho ao chuveiro sozinho, a água gelada ajudará a esfriar o meu sistema.

Quando termino Natasha já tem levantado e começado a cozinhar.

Ela me beija nos lábios e comemos nossa refeição juntos.

A tarde, gastamos nosso tempo no lago ou na floresta.

A noite seu corpo é meu, para desfrutar de todos os modos possíveis.

Como todos os dias.

Repito todo o processo no dia seguinte automaticamente.

E no dia após este, e no outro...

Com o passar das semanas, sinto-me entediado.

Como um quadro que eutrora possuira grande valor mas agora ver-sê desbotando-se minuto à minuto.

O que antes era tão colorido e vibrante, diante de mim perdeu sua cor.

Eu não consigo mais preencher o vazio dentro de mim.

Este enorme buraco, que me faz sentir nervoso e impaciente.

Como se parte de mim estivesse faltando.

Obviamente eu sei do que se trata.

O comichão em meus dedos é uma dor constante.

O ser doentio dentro de mim exige libertação.

Eu não mato a quase três meses, quando prometi a Natasha que não o faria.

Para ficar com ela.

Para ela não se matar.

Mas esta promessa está me corroendo por dentro.

Como um viciado posto em abstinencia contra sua vontade, me sinto incapaz de obter satisfação.

Separado de mim mesmo.

Não sei mais quem eu sou.

Em minha ilusão pensei que apenas ela seria o suficiente para domar o monstro que existe em mim.

Mas esse monstro não pode ser domesticado.

Ele é mais forte do que eu.

E o que ele quer, é a morte.

[...]

A doce respiração de Natasha em meu peito significa que ela já adormeceu.

Entretanto não consigo pregar meus olhos.

Me levanto devagar para não acorda-la.

Ponho seu rosto delicadamente na cama e ela suspira ainda de olhos fechados.

Caminho sem fazer barulho pela escuridão do quarto.

Ao lado da janela, amontoados como troféus, minha artilharia permanecia intacta.

Mesmo na escuridão, as lâminas brilhavam para mim.

Hipnotizado pelo poder que elas me proporcionam seguro em minhas mãos uma faca afiada e mortal.

Deslizo o dedo por sua lâmina e sinto a pele se abrir facilmente.

Pequenas gotas de sangue carmesim brotam da pequena ferida e eu as contemplo em saudade.

A prisioneira - Fluxo BakOnde histórias criam vida. Descubra agora