O quarto de Avri parecia ser o melhor lugar do mundo para se estar naquele momento. O silêncio acalmava a minha alma, quer dizer, o quase silêncio já que a pequena dormia tranquilamente em meus braços. Sua respiração era tranquila, o seu cheiro de banho recém tomado invadia as minhas narinas se tornando um dos meus cheiros favoritos.Eu amava tanto a minha irmã que até doía.
Vê-la repousar com tanta tranquilidade me gerou certa inveja. Tudo o que eu havia passado durante todos esses meses parecia uma tremenda loucura e por mais que eu adorasse a minha nova vida, eu jamais gostaria de ser trocada, traída.
Aproximei minha narina de sua cabeça pequena para sentir o seu cheiro um pouco mais de perto. Fechei os olhos fazendo os meus sentidos se aguçarem e a vontade de chorar veio.
Eu tentava ser forte a todo instante. Por mim, pelos meus irmãos e pelo meu pai. Não queria que ele achasse que eu era uma fraca traída e que não sabia resolver os meus problemas sozinha. Até porque, ele e Tom tinham uma história no cinema juntos. Eu era uma intrusa nisso tudo, não poderia deixar que a amizade deles fosse afetada.
Antes que a primeira lágrima caísse por meu rosto, um sol alto me assustou. O som era de pum contido pela fralda de Avri. Contive a risada, tentando não acorda-lá mas foi o suficiente para que eu não chorasse mais.
— Esse é o sorriso que eu e sua mãe demos a você - Robert diz.
Meu pai estava parado ao lado da porta do quarto nos observando. Não parecia estar ali há muito tempo mas não há pouco para perceber que eu estava infeliz. O homem entrou, fechou a porta e se sentou ao nosso lado.
— Quando eu ficava triste, o que é muito raro - meu pai enfatizou tentando sussurrar - Pegava você no colo também, observava seu sono e percebia que nada o que acontecesse comigo era importante.
— Nada?
— Nada - meu pai passou as mãos pelos pequenos cabelos de Avri - Porque eu tinha você.
— Ah papai. - fechei meus olhos e me inclinei em direção ao seu ombro, encaixando minha cabeça ali - Eu sempre evitei tanto me apaixonar, amar e quando eu dou uma chance, isso acontece.
Avri se mexeu desconfortável em meu colo, resmungando alguma palavra indecifrável. Decidi sair de toda aquela melancolia e me levantei para pô-la em seu berço. O clima dentro do quarto estava agradável pelo ar condicionado, mas a cobri com uma manta leve para não pegar friagem.
— Eu não estive presente durante boa parte de sua vida, mas eu estou agora para poder te dizer que isso é normal. A decepção existe, seja em relacionamentos amorosos, seja no profissional. Você vai se apaixonar uma, duas ou dez vezes e vai se magoar em todas elas. Mas quando a gente ama, tudo muda, você vai sentir isso.
— Eu achava que o Tom me amasse, pai.
— Ele pode até amar você, mas ele ainda não tem maturidade para saber diferenciar o amor da paixão, do tesão - Robert suspirou - Quando você amar alguém, não tenha medo em dizer. Apenas diga. Se não der certo, pelo menos você não vai se culpar de não ter tentado.
Aquilo foi como um soco em meu estômago. Toda aquela minha auto estima e auto suficiência não era o bastante para afastar o sentimento de mulher traída. Como se lesse meus pensamentos, meu pai disse:
— Olha, eu nunca achei que teria chifre... - meu pai começou - Mas ter uma filha corna, aí já é demais!
Peguei uma almofada da poltrona e joguei na cara do meu pai. Com aquilo, ele conseguiu me arrancar uma risada tirando o peso da angústia de minhas costas.
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I'm a Downey.
Fanfiction"Me lembro de como gostava de dormir comigo, seu sono tranquilo me acalmava e seu bom dia ao amanhecer era a força que eu precisava para enfrentar mil leões. Não paro de pensar no seu sorriso e de me preocupar com a ideia de nunca mais vê-lo. Não há...