Twenty Two.

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Minhas pernas se cruzavam quase que automaticamente, estava indo muito rápido. De longe, ouvi Ragnar e Gaia lincharem ao verem que eu e Indio estávamos lado a lado indo em suas direções.

— LILY! - o grito agudo e fino de Exton me fez parar no início do jardim.

Ele estava deitado na rede com a mãe, ambos lendo uma história. Avistei-o vindo em minha direção em passos largos, logo, ele pulou em meu colo abraçando meu pescoço com os seus bracinhos. Sorte que ele não era tão pesado, o segurei com facilidade.

— Você voltou...

— Voltei para ficar, amor - passei meus dedos entre seus fios de cabelo - Lembra daquele papo deu ser sua irmã? Você ainda quer?

— Indio me contou, é você mesmo? Você é a filha do papai, digo... minha irmã?

— Eu sou. - o soltei devagar e olhei em seus olhos - não vou embora nunca mais.

Depositei diversos beijinhos em seu rosto arrancando risadas do pequeno. Me ergui e de longe, vi Indio equipar sua égua com uma cela. Deixei Exton com Susan, que também me recebeu com um abraço caloroso dizendo que "sempre soube que eu tinha algo a mais", já que até ela já nutria um amor quase que maternal por mim. A pequena Avri estava ali, dormindo como sempre.

Dei um beijo nos três e fui até os cavalos. O celeiro era muito maior do que eu pensava, a última vez que havia entrado ali tinha sido para pegar a corda e resgatar Exton. No estábulo havia quatro cavalos e um potro, sendo Ragnar o único macho, as outras três fêmeas pertenciam a Robert, Indio e Susan e o filhote de Exton. Havia apetrechos para montaria por todos os lados, as celas tinham diversas cores e uma em tom de vinho me chamou a atenção por sua caligrafia em dourado.

Alicia & Ragnar

— Sempre gostei de celas marrom escuro - Indio comentou enquanto colocava o guidão na boca da égua - combina mais no branco.

Me aproximei dos dois e ergui a mão para passar pelo pescoço da égua que relinchou de imediato, o que foi o estopim para que Ragnar relinchasse mais alto, se erguendo, em minha defesa. Era a primeira vez que dois cavalos brigavam por minha causa, eu acho.

— Eles sempre foram assim? - perguntei passando a mão pelo rosto do muntang preto.

— Quando se trata de nós dois sim, essa raça é muito ciumenta! Uma vez fui escovar seu cavalo e machuquei o pé, tive que ficar dois meses de molho - Indio me ofereceu uma cenoura para servir meu cavalo - Gaia já enfrentou Ragnar muitas vezes por mim.

Olhei a égua se aproximar mais de Indio enquanto ele a ajudava a comer, parecia mesmo que ela tinha uma afeição por ele. Bati o olho na cela dela e lá também estava: Indio & Gaia, porém em prata.

Ficamos ali por uns minutos, acariciando os cavalos em repleto silêncio. Quando Ragnar acabou, peguei uma rédea para por em seu rosto com o laço para me guiar durante a corrida. Saí dali com Ragnar entrando no campo verde, enfim estava livre.

— Não vai por a cela? - Indio me seguiu, porém já em cima da égua.

Me apoiei, segurando no pescoço e na coluna de Ragnar e num impulso passei a perna por suas costas montando no cavalo. Olhei Indio com um sorriso de lado e o nariz empinado.

— Eu não preciso. - pisquei - Hey!

Por instinto, Ragnar deu uma empinada e se pôs a cavalgar em um ritmo médio, nem tão rápido e nem devagar. Andamos por todo o campo verde até Indio e Gaia nos alcançarem e nos ultrapassarem indo em direção a floresta.

I'm a Downey.Onde histórias criam vida. Descubra agora