"Me lembro de como gostava de dormir comigo, seu sono tranquilo me acalmava e seu bom dia ao amanhecer era a força que eu precisava para enfrentar mil leões. Não paro de pensar no seu sorriso e de me preocupar com a ideia de nunca mais vê-lo. Não há...
Avri estava com 1 ano e 5 meses pesando igual chumbo. Susan acabara de pôr a bebê para dormir, então, eu a carregava em meus braços para seu quarto e berço. Minha caçula respirava tranquila, formando um pequeno bico em seus lábios. Foi inevitável não pensar em Alicia, a garota tinha a mesma mania, talvez, porque nunca permiti que as duas usassem a chupeta a noite, apenas durante o dia. Era engraçado como Avri lembrava Alicia nos pequenos detalhes.
Deus, como eu sinto falta dela.
Embrulhei a pequena e beijei sua testa desejando uma boa noite, sai do quarto suspirando exausto. Eu havia chegado com Susan da after party da premiere quase pela manhã, sendo assim, dormi muito pouco. Indio, meu segundo filho, havia ficado com as crianças durante a madrugada em troca de passarmos o dia juntos. Após o café, deixamos Exton - o terceiro - na escolinha e nos dirigimos até o centro. Foi tudo maravilhoso, compramos alguns vinis, tênis e comemos uma pizza inteira em um adorável barzinho, algumas pessoas me reconheceram algumas vezes - era para eu estar surpreso? - tirei foto com todas.
Voltando para casa, no fim do dia, passamos em frente a uma loja de música especializada em instrumentos de corda. Indio se interessou em um violão e usou a desculpa de que não tinha um em minha casa para comprar o objeto e eu de que sou o pai dele para pagar. Ele tinha o seu salário por causa de sua banda de rock que estava em atividade a um ano e como meu filho, ele tinha talento para a primeira arte, nada mais justo presenteá-lo com algo tão simples como o violão.
Descendo as escadas para ir em direção a cozinha tomar uma última xícara de café antes de dormir, ouvi uma melodia gostosa vindo do quintal. Tudo estava escuro, mas, pela luz da lua, pude ver Indio sentado na grama com seu violão no colo dedilhando a tão conhecida música de Ed Sheeran: Photograph. Seus olhos estavam fechados enquanto ele cantava em um tom médio, todavia, com sentimento. Me aproximei com cuidado para não assustá-lo e reparei que havia uma foto dele com a irmã mais velha em sua frente.
Me sentei ao seu lado, olhando aquela cena. Eu tentava ser forte, por mim, por ele, por todos, mas era muito difícil. Ao ver a primeira lágrima escapar de seus olhos, me esforcei para não fazer o mesmo. Sentia meu coração sangrar. Indio parou de cantar me olhando triste, apenas o abracei.
— Eu não aguento mais, pai. - sua voz estava rouca.
— Eu sei, meu filho. - acariciei suas costas. - Também sinto saudade.
— É cada vez mais difícil esconder e lidar com isso. Sinto que ela está se apoderando do meu corpo e matando a minha alma. Alicia era tudo para mim e a vida nos tirou ela.
Ás vezes me sentia culpado. Talvez, se eu não tivesse me envolvido com drogas ou feito o que fiz, teria evitado tudo isso. Teria visto a minha garota crescer, assim como Indio teria crescido com a irmã. Eles eram muito unidos, talvez por terem quase um ano de diferença. Me pergunto se ela gosta da sétima arte como eu, se ela viveria do teatro e cinema, herdando tudo o que eu conquistei e construindo o seu legado.
— Ela é tudo para nós. - o corrigi. - Não importa onde ela esteja, filho, Alicia sempre será nossa e da mesma forma como a vida a levou, ela se responsabiliza de trazê-la de volta.
Peguei a foto dos dois do chão e a observei. Desde pequena, minha primogênita era muito mais ligada em televisão do que o irmão, que sempre dormia depois de dez minutos dos filmes. A diferença entre eles era nítida, mas era isso que os unia. The Downey Brothers.
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Wait for me to come home.
⎊⎊⎊
Vocês me pediram TANTO que eu fiz um capitulo do Robert pós-premiere e não, ele não se atentou de que a menina que ele viu era a Lily/Alicia. Até porque estava super corrido, tudo escuro, ela e o Tom estavam tendo um momento. Por isso, não rolou.
