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Pela primeira vez em vinte anos, eu estava cem por cento feliz. Alicia havia voltado para mim e eu não poderia estar mais grato ao universo por isso. Dei a ela um cartão para comprar o que quisesse, ela veio morar comigo sem nenhuma mala se quer. Pedi para que ela se hospedasse no seu antigo quarto, mas segundo ela, não se sentia ela mesma dormindo ali, então adaptei o quarto de hóspedes para que Alicia se sentisse o mais confortável possível.
Eu não via Lily há mais de uma semana, apenas por fotos. Ela havia feito amizade com Hemsworth e o Evans, então saiu com eles no fim de semana passado. Confesso que fiquei levemente enciumado.
Fim de sexta feira, tinha visto Tom ontem e acabei me esquecendo de perguntar sobre ela.
Foi péssimo, eu sei.
Alicia havia chegado da tarde de compras havia alguns minutos, percebi que uma de suas sacolas era da Lorence, loja a qual a Lily deixaria de trabalhar amanhã. Tinha que mandar uma mensagem para ela depois, estava com saudades.
— Vou tomar um banho e já venho arrumar as compras. - Alicia disse deixando as sacolas na poltrona de seu quarto.
— Tudo bem, querida. - sorri gentil e esperei ela trancar a porta do banheiro para correr em direção à sacola da Lorence. Dentro dela, havia uma caixa branca com um lindo embrulho.
Droga, como que eu vou abrir meu presente e fingir demência depois? Quer saber? Foda-se mermão.
Peguei a sacola e a caixa, indo até o quarto verdadeiro de Lily, me sentando no balanço que formava um banco - costumava alimentar minha filha ali quando era pequena, enquanto a balançava levemente. Ao abrir a caixa, meus olhos se arregalaram com o presente. Um terno finíssimo, com excelentes acabamentos e com listras!
Eu amo listras.
Percebi que o detalhe do terno, da gravata e do lenço não foram escolhas de Alicia e sim de Lily. Descobri que minha filha gosta mais de vestir tons pastéis do que extravasar como eu - ao contrário de Taylor -. Aqueles presentes, definitivamente, só poderiam ser escolhidos por Lily.
— Esse lenço vai combinar com o meu óculos de lentes rosa da Michael Kors. - pensei alto.
Senti um negocio duro no bolso do terno, e ao tocar a parte interna do tecido, retirei de lá um cartão da Lorence. Atrás estava a letra da minha menina:
"Feliz dia dos pais, cabeça de lata. - Da sua Lily"
Meu peito se inundou de felicidade ao ler aquilo e por um minuto desejei que Lily fosse minha filha.
As duas tinham um abismo entre elas. Alicia era mais reservada e não me deixava chegar muito perto, mas era carinhosa na medida certa. Lily era tão... como eu posso dizer? Tão...
Downey.
Senti lágrimas molhando o meu rosto sem ao menos perceber, olhei o terno mais uma vez e o embalei com cuidado, guardando o cartão em minha carteira. Suspirei pesadamente. Estou feliz que minha filha retornou, ela é tudo para mim mas não posso virar as costas para a garota que se importa tanto comigo e de certo modo, virou meu mundo de cabeça para baixo.
Até Susan tinha reparado, ela me disse que depois que conheci Lily eu andava mais radiante e feliz. Como se o brilho que faltava em minha vida, tinha aparecido delicadamente.
— Está com saudades dela né? - Susan entrou no quarto e fechou a porta - Eu e as crianças também.
— Preciso dar um jeito de vê-la.
— Ela mudou nossas vidas, amor. Sua filha é ótima sim, mas a Lily é única. - Susan olhou um retrato meu com Alicia pequena nos braços - Ela precisa de você.
Susan se aproximou e tirou a caixa de meu colo pondo em cima do tapete, então voltou e se sentou no meu colo.
— Tom me contou que amanhã ela tem uma atividade que vale nota de dia dos pais na faculdade. - Minha esposa passou a mão por meu rosto, limpando minhas lágrimas. - Ela não vai...
Olhei para o terno no chão, entendendo o que Susan quis dizer.
— O que eu faria sem você? - olhei para minha esposa, que sorria.
— Estarei aqui sempre. - seus braços me envolveram e eu a beijei.
É parece que serei pai de Lily Taylor por um dia.
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I'm a Downey.
Fanfiction"Me lembro de como gostava de dormir comigo, seu sono tranquilo me acalmava e seu bom dia ao amanhecer era a força que eu precisava para enfrentar mil leões. Não paro de pensar no seu sorriso e de me preocupar com a ideia de nunca mais vê-lo. Não há...