— Preciso ir embora.
— Mas eu quero ficar com você.
O céu estava nublado e o dia frio. Um homem se abaixou, ficando de joelhos para me olhar. Seus olhos mostravam dor e medo, e de certa forma, eu também sentia isso.
— Não importa quão difícil as coisas fiquem não podemos desistir. - uma lágrima escorreu por meu rosto. - Tudo vai ficar bem.
O tal homem passou a mão por meu rosto e depois pelo meu cabelo.
— Você promete? - o homem suspirou.
— Prometo. Não importa onde eu vá, não importa como lhe chamem, você é minha. Minha filha. - senti seu beijo em minha testa. - Agora, eu tenho que ir, volto assim que puder.
Ele levantou-se, cumprimentou uma mulher e um menininho que estava ao meu lado e desceu as escadas para ir até um carro prata.
— Eu te amo, Lily! - gritou.
O carro de bombeiros passou ao lado do ônibus que me levava até a faculdade, sua sirene escandalosa permitiu que eu acordasse e despertasse desse sonho absurdamente estranho. Como eu poderia sonhar com meu pai, se ele morreu antes que eu viesse ao mundo? Não chegamos a nos conhecer.
Acordando para a vida, percebi estar em um lugar totalmente diferente do que estava acostumada. Eu ainda estava no centro mas em uma parte dele que não frequentava muito.
Merda. Eu passei do ponto da Academia de Artes.
— Com licença. - me levantei passando por um senhor. - VAI DESCER, MOTORISTA. - gritei desesperada.
A porta dos fundos do ônibus se abriu e saí correndo. Estava a quase duas quadras da faculdade e atrasada. A aula começava em dois minutos e eu percorreria um caminho de dez. Tudo isso porque quando cheguei em minha casa, não consegui dormir e acabei indo virada para o meu trabalho.
Hoje, minha professora de dramaturgia diria quem escolheu para interpretar os papéis do clássico Sonho de uma noite de verão. Eu era uma idiota, nem responsabilidade para chegar no horário tenho.
— Ele irá dar algumas dicas de como... - entrei no teatro (ainda correndo), cortando a fala da professora Minerva. - Como não se atrasarem para as minhas aulas. Não é mesmo, Senhorita Taylor?
— Uma rainha nunca está atrasada, professora, os outros que estão adiantados. - sorri.
Deixei minha mochila em um dos bancos do teatro e subi no palco, ficando no meio e em fileira, ao lado de alguns amigos. Meu sorriso morreu na hora ao ver quem estava ao lado de Senhora Minerva.
— Engraçadinha. Bom, como eu ia dizendo. Tom Holland fez três meses de curso de drama conosco e hoje, ele dará dicas para vocês de como incorporarem o personagens de seus papéis. - Minerva entregou várias pastas para que Tom distribuísse para os alunos. Aquele era o roteiro da peça. - Chamarei um por um para que venham até a minha mesa para deliberar seus papéis e o que terão de vestir no dia da apresentação.
— Eu disse que teria outra vez. - Tom Holland exibiu um sorriso cretino ao me entregar a pasta.
Fingi não me importar com o comentário e esperei ser chamada. Quando aconteceu, fui até a mesa da professora e esperei receber outro esporro de meu atraso.
— Já que você diz ser uma rainha, Lily, interpretará o papel de Titânia, a rainha das fadas. - sorri agradecendo e voltei para o palco.
A aula correu bem, Tom auxiliou alguns dos alunos que fariam os outros atos da peça, até contracenou algumas vezes. Eu estava cansada demais, então passei metade da aula sentada em uma das poltronas lendo minhas falas. De vez em quando, nossos olhares se encontravam atentos a qualquer movimento. Me senti confortada quando Tom me lançou um sorriso orgulhoso. Ele, de certa forma, sabia que trabalhei o dia todo e mesmo exausta, eu estava presente na aula.
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I'm a Downey.
Fanfiction"Me lembro de como gostava de dormir comigo, seu sono tranquilo me acalmava e seu bom dia ao amanhecer era a força que eu precisava para enfrentar mil leões. Não paro de pensar no seu sorriso e de me preocupar com a ideia de nunca mais vê-lo. Não há...