Não era nem onze da manhã, e eu já estava enlouquecendo.
A Lorence recebia lotes de mercadorias novas quase todas as quartas-feiras, sendo uma das mais perfeccionistas da casa, sempre ficava com a montagem das vitrines. Eu adorava, podia sentir o aroma e textura dos smokings, ver a diferença dos tons, comparar um com o outro e mostrar o quanto sou boa. Hoje não estava tão bom, pois a alfaiate estava de folga e eu tinha que dar conta de passar as camisas sociais que iriam para a vitrine e montá-la. Os outros vendedores estavam ocupados demais em suas tarefas para que eu pedisse ajuda.
— Poxa, Lily, ninguém passa uma gola de camisa como você. - Roney comentou passando por mim carregando um lote de gravatas Dolce & Gabbana.
— Mamãe me ensinou que o segredo é você passar a gola pelo lado de fora. - mostrei para ele. - Se você passar pelo lado de dentro, que é o que fica exposto fica com esse brilho estranho. Os clientes odeiam e desvaloriza a marca.
Continuamos nosso trabalho, meus colegas conversavam animadamente sobre a nova temporada do futebol americano enquanto eu trabalhava em silêncio, concentrada na montagem e na voz de Beyoncé que ecoava pela loja.
Eu ajeitava o tecido nas coxas do manequim quando quase me furei com o alfinete. Pela enorme vitrine de vidro, pude ver uma mulher com um lindo buquê de flores na mão passar. Era lindo e delicado, num tom de lilás que eu nunca havia visto. Que mulher de sorte.
Para minha surpresa, ela entrou na loja e foi até a recepção. Desci da vitrine, voltando para a passadeira só para ouvir mais de perto o que ela queria, ou, quem estava procurando.
Fofoqueira? Talvez.
— Olá, bom dia. - ela disse. - Tenho uma entrega para a senhorita Lily Taylor, ela está?
Quase caí para trás ao ouvir meu nome. Eu era a mulher de sorte.
Fui até a recepção, peguei o buquê com cuidado e assinei um papel confirmando que foi entregue. Sorria boba, sem acreditar. O aroma era suave e agradável, e mesmo com a minha rinite alérgica, eu poderia ficar ali cheirando as flores até evaporassem.
— A cor é rara, e normalmente só dá nessa época do ano a cada dois ou três anos. - a mulher disse. Porra, imagina só como deve ser cara. - É conhecida como a flor do primeiro amor e como a cor é bem delicada pode simbolizar também admiração, orgulho e mistério.
— Uau, amiga. - Cate disse. A mulher entrou na loja há uns minutos e eu nem tinha visto, estava apaixonada demais no meu buquê para reparar o que acontecia em volta. - Hiddles me deu flores só no segundo encontro e você ganhou no segundo dia?
— Você acha que eu sou fraca, querida? - debochei.
— Pelo visto não, né? - Cate coloca as mãos na cintura.
— O Sr. Holland escolheu a dedo para a senhorita. Agradecemos a preferência, vou indo. - a mulher saiu da loja, enquanto eu ainda tentava entender o que acontecia.
— Que menino emocionado, será que pega alguém assim?
— Cate! - a repreendo.
— Não está mais aqui quem falou. - ela ergueu as mãos em sinal de rendição. - Inclusive, vim me despedir de você e perguntar se você não quer tomar um café.
Olhei para meu gerente como se pedisse permissão. Roney ainda estava sem acreditar que uma artista global estava na loja e que eu havia recebido flores, tudo isso em cinco minutos. O homem me conhece bem, sabe que raramente costumo sair com alguém, então o fato de receber flores é novo para ambos.
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I'm a Downey.
Fanfiction"Me lembro de como gostava de dormir comigo, seu sono tranquilo me acalmava e seu bom dia ao amanhecer era a força que eu precisava para enfrentar mil leões. Não paro de pensar no seu sorriso e de me preocupar com a ideia de nunca mais vê-lo. Não há...