Todas as minhas falhas se rebatiam contra minha face como uma chuva de adagas, falhar era extremamente cansativo, e me submeter as ordens de Sebastian também. Poderia me esforçar profundamente para ser aquilo que ele queria e mesmo assim eu ainda poderia deslizar e ver ele colocando outra pessoa sobre a mira de sua arma, aquilo era inevitável, então eu tinha que parar de ter medo de enfrenta-lo, com receios de que houvessem consequências. Quem eu estava enganando? Sempre haveriam consequências. Eu deveria estar pronto para elas, ao mesmo tempo em que preparava o fim da minha história com Sebastian.
Deveria ser convincente dessa vez, sem forçar uma atuação medíocre de um filme de baixo orçamento, Sebastian sempre me disse que não era idiota, e isso era realmente um fato, idiota seria eu acreditar que ele era um homem inocente ou alguém que poderia ser enganado facilmente por um garoto como eu. Deveria ser natural, plácido, e ocorrer lentamente, em breve eu seria apenas alguém que estaria se "apaixonando" por aquele homem de cabelos escuros, corpo forte e olhos profundos. Me "apaixonaria" pelos seus lábios, a sua forma de falar, e o modo que segurava o garfo durante as refeições, e isso levaria tempo, meses, talvez até mesmo um ano. E quando eu finalmente conseguisse colocar sua confiança em minhas mãos... Eu destruiria cada parte do seu ser. Para sempre.
Naquela mesma noite, quando desci as escadas após tirar meus cabelos loiros e meus olhos azuis, me encontrei com Sebastian na sala, ele estava concentrado em um programa idiota na TV, Pongo estava em seus pés, dormindo.
– Obrigado. – Disse, assim que cheguei, sem forçar uma simpatia exagerada. Buscando ser sincero, afinal, eu realmente estava contente que ele não havia feito algo ruim com Alexsander ou sua família.
– Pelo o que? – Perguntou sem me olhar, continuando focado na TV.
– Por ter cumprido o que havia me dito.
– Por nada. – Ele parecia melancólico.
– Vou preparar nosso jantar.
– Está bem. – Continuou sem me olhar. Mas estava tudo bem, aquilo era apenas o início de tudo que ainda viria. E eu estava calmo o suficiente para esperar.
Quando terminei o jantar levei tudo para fora sem que Sebastian visse, organizei a pequena mesa no quintal da casa, sob o céu estrelado e a luminosidade intensa da lua. Um leve vento corria pelo ambiente, balançando as folhas das árvores e possivelmente deixando algumas delas para que eu ou Sebastian juntássemos no dia seguinte.
– O jantar está pronto. – Um leve sorriso foi estampado em minha face.
Sebastian se levantou, retirando com cuidado a pequena cabeça de Pongo do seu pé, que logo acordou e bocejou, desligou a TV e me seguiu, sem dizer qualquer palavra no caminho. Ao notar que não haviam pratos ou talheres sobre a mesa da sala de jantar me olhou confuso.
– Achei que seria legal se jantássemos lá fora hoje. Está uma noite bonita. Se você quiser...
– Está bem. – Pareceu surpreso com minha atitude.
Caminhamos até o quintal, mesmo de mau humor Sebastian puxou a cadeira para que eu me sentasse, Pongo andava em volta da mesa esperando o momento em que eu provavelmente passaria salmão para ele por baixo da mesa, Sebastian não gostava quando eu fazia isso por dizer que esse comportamento atrapalhava seu adestramento. Começamos a comer. Em silencio. Não queria forçar simpatia por ele e soar como algo interpretado, por isso, resolvi que era melhor mantê-lo daquela forma até que seu humor melhorasse naturalmente.
– Podíamos ver um filme amanhã. – Lhe disse, quebrando o silencio da noite.
– Por que não hoje?
VOCÊ ESTÁ LENDO
BABY, ME CHAME DE MESTRE
RomanceAlec Sutcliff é um típico garoto do ensino médio, tomado por inseguranças e traumas advindos do passado, que acabará de se mudar para uma nova cidade. Durante uma noite, voltando de um encontro com seus novos amigos, Alec é abordado por um desconhec...