Às vezes quando estávamos na cama, e Sebastian repousava sua cabeça sobre meu colo eu costumava me perguntar o que se passava ali dentro, quais os mistérios e segredos ela escondia, tinha vontade de abri-la com a esperança que rolos de filmes caíssem dela e me revelassem informações acerca do seu ser, da sua infância, dos seus pais, dos animais de estimação que teve quando criança, se chorou quando eles morreram, ou se foi responsável pelas suas mortes. Gostaria de conhecer sua primeira paixão, sua personalidade na adolescência, as razões que o levaram a se tornar alguém com um humor tão instável que varia entre aprazível e agressivo.
Ansiava constantemente por destrincha-lo e finalmente entende-lo por completo, buscar a raiz do problema, e uma maneira adequada de resolve-lo, para que assim eu pudesse partir sem o medo de que ele aparecesse em uma noite qualquer em meu quarto, segurando uma arma, apontando para meus familiares, e dizendo que eu fui o causador de toda aquela situação. Era um ser complexo e instável, e dessa forma eu nunca sabia exatamente o que esperar dele...
Era um final de tarde de sábado quando Sebastian entrou na cozinha e me abraçou por trás, enquanto eu lavava tomates para uma salada.
– Terei que sair, mas em pouco tempo estarei de volta para jantarmos. – Beijou meu pescoço.
– Está bem. Você irá onde?
– Coisas a resolver, quando voltar lhe explico. Tenho que ir.
– Está bem. – Respondi, desconfiado.
Sebastian me deu outro beijo, dessa vez no rosto, e então saiu apressado de casa. Ele jamais havia tido aquele tipo de comportamento, sabia que ele estava fazendo algo, só não sabia ainda o que, mas algo em mim dizia que em breve iria descobrir. Continuei a organizar o jantar, em breve teria que grelhar os filés de salmão que Sebastian havia pedido aquela tarde. Olhava pela janela da cozinha, a lua cândida sob o muro alto do quintal, enquanto ouvia o baixo som dos filés sendo grelhados sobre o azeite.
Quando terminei de cozinhar tudo, pus a mesa, os talheres, os pratos, as taças, o vinho que Sebastian gostava, os guardanapos brancos em anéis dourados, e voltei para a cozinha para organiza-la. Sebastian odiava encontra-la bagunçada, por isso sempre tinha que deixá-la arrumada e limpa. Procurei ser rápido, não havia tanta louça assim já que ainda não havíamos comido.
Segurei um refratário de porcelana branca nas mãos, o mesmo que tinha usado para lidar com os filés antes de grelha-los, ia leva-lo até o armário após seca-lo, para então guarda-lo, quando me virei Sebastian estava parado logo atrás de mim. Parecendo animado com algo.
– Oi... – Disse, um pouco ofegante.
– Olá! Está tudo bem? – Perguntei, após o leve susto da sua presença repentina.
– Sim. – Puxou meu rosto e me deu um beijo longo e profundo.
– Ok... – Reagi, um pouco confuso. – O jantar está pronto.
– Ótimo. Vamos? – Me ergueu sua mão.
– Vamos. – Coloquei o refratário sobre a pia e a segurei, indo com ele para a sala de jantar.
Como todas as outras vezes Sebastian puxou a cadeira para que eu me sentasse, e então sorriu para mim, mas aquela noite seu sorriso estava diferente, estava ansioso, e com um toque suave de exasperação. Ele passou a nos servir.
– Você voltou diferente. – Comentei.
– Diferente como?
– Animado, demais?
VOCÊ ESTÁ LENDO
BABY, ME CHAME DE MESTRE
RomanceAlec Sutcliff é um típico garoto do ensino médio, tomado por inseguranças e traumas advindos do passado, que acabará de se mudar para uma nova cidade. Durante uma noite, voltando de um encontro com seus novos amigos, Alec é abordado por um desconhec...