-27- DIAMANTES, CHARDONNAY E MARIDOS MORTOS

752 58 6
                                    

Observava aquele pequeno duto de ventilação na parte superior daquela parede sem graça, dando replay nas cenas que havia presenciado a alguns minutos atrás. Minha mente avistava Sebastian, o ódio o consumindo por ver alguém tentando me machucar ou simplesmente me tocar, o sangue pelo local, sua pele quente, seus olhos vermelhos como um animal bestial e cruel, a sua vontade de me proteger, seus braços fortes cujas veias pareciam querer explodir em meio ao ódio e vontade de matar cruelmente aqueles que se levantavam contra mim.

Percebi que mordia meu dedo, ao ponto em que ele parecia querer sangrar; simultaneamente uma excitação profunda percorreu meu corpo, imaginando aquele homem alto e forte, com uma arma na mão, disposto a derrubar aqueles homens que pensavam na possibilidade de me levar para longe dali. Essa excitação me causou certa estranheza.

Quando Sebastian adentrou o quarto subterrâneo eu senti certo alivio ao vê-lo, e corri para seus braços, me jogando sobre eles e sendo recebido por um forte abraço e um beijo longo e ardente.

– Estava tão preocupado com você aqui. – Ele me apertou com força. – Está tudo bem? Me desculpe ter feito você voltar para cá. – Continuava a me prender a seus braços.

– Está tudo bem. – Segurei seu rosto e sorri para ele, e lhe disse calmamente. – Obrigado por me proteger.

– Por todo o sempre, Baby!

– Vamos subir? – Puxei ele pela mão em direção as escadas que davam para fora do quarto subterrâneo.

– Vamos, porém...

– Porém? – Lhe questionei.

– Não acho legal você ficar em casa por agora, depois desse ocorrido. Além disso o quarto ainda está...

– Ensanguentado?

– Sim. – Ele abaixou a cabeça para responder, parecendo tímido de repente.

– Podemos dormir no outro.

– Acho melhor não.

– Vai querer que eu fique no quarto subterrâneo de novo? – Senti minha voz um pouco áspera demais.

– Não. Liguei para Elizabeth, você ficará lá por um tempo. Na verdade, nós ficaremos.

– Ótimo. E onde está Pongo?

– Eu o prendi em uma caixa quando... – Ele pareceu ficar irritado por um instante.

– Ei! Esquece aqueles caras. Já acabou. Vamos aproveitar esses dias na casa de Elizabeth, deixando esse momento obscuro para trás de nossas vidas. Tudo bem? – Me aproximei do seu corpo e passei minhas mãos pela minha face.

– Combinado, Baby!

Ergui meu rosto e lhe dei um beijo, andamos de volta para casa.

Sebastian arrumou nossas malas, sem me deixar subir as escadarias, com receio que eu visse o sangue no quarto novamente. Trouxe minhas coisas, incluindo a fantasia que teria que usar constantemente na casa de Elizabeth, com todo o cuidado para que ela não notasse que era tudo superficial. Enquanto Sebastian arrumava o restante das coisas eu criava uma pequena história em minha cabeça. Me chamaria Angel, já que me apresentei com esse nome na primeira vez que a vi, meus pais moravam na Finlândia, e eu estava no país de Sebastian para estudar design. O conheci em um restaurante italiano em uma noite chuvosa, nos beijamos algumas horas depois quando ele me deixou na frente do meu apartamento, e então, a partir dali passamos a sair constantemente, até que em uma noite, no mesmo restaurante, ele me deu uma gargantilha, me pedindo em namoro e eu aceitei de imediato. Depois comemos espaguetes e meses depois eu me mudei para a sua casa, logo adotamos Pongo, e formamos uma família.

BABY, ME CHAME DE MESTREOnde histórias criam vida. Descubra agora