-13- MORANGOS OU CEREJAS?

1.4K 116 18
                                    

Enrolado em meu roupão branco após o banho, prestes a pegar meu pijama para dormir, ouço Sebastian iniciando uma nova conversa, com a mão na cabeça, parecendo preocupado.

– Eu quase me esqueci... precisamos ir ao mercado.

– Precisamos?

– Sim, me esqueci completamente.

– Eu irei junto? – Perguntei surpreso.

– Sim. Você não quer ir? Acho melhor você, é você quem está aqui o dia todo e sabe exatamente o que precisamos comprar.

Seria a primeira vez que sairíamos juntos novamente desde o caso Jenny. Embora Sebastian soubesse que eu não tentaria nada para escapar, pois ele com certeza levaria sua arma carregada em sua cintura, pronto para colocar uma bala no crânio de qualquer pessoa em nossa volta, o mercado ainda era um lugar público, com uma grande movimentação de pessoas, exceto aquele horário. Ele não havia esquecido que devia fazer compras, ele apenas planejou sorrateiramente que fossemos tarde da noite para evitar contato com uma grande movimentação no mercado.

Normalmente ele costumava ir sozinho, eu fazia uma lista e ele chegava com as compras, costumava trazer morangos e cerejas para que eu fizesse bolos para os jantares, pois ambos éramos aficionados por bolos vermelhos.

– Quero. Mas...

– Relaxa. Você usará um disfarce. Vai ser bem legal, será como um ator. – Sorriu amorosamente para mim, passando a mão em meu rosto. – Se vista para sairmos.

– Está bem.

Quando terminamos de nos vestir Sebastian me trouxe uma caixa redonda e preta, que parecia ser de madeira e coberta por camurça, me sentei na cama e quando a abri e coloquei minha mão em seu interior senti algo macio me tocando, o segurei e o puxei para fora e aquelas mechas de cabelos loiros balançaram no ar.

– Mas o que é... Uma peruca? – Perguntei olhando para aquele amontoado de cabelos loiros, de tamanho um pouco maior que o meu.

– Sim. – Sebastian respondeu animado. – Você terá que usar ela, e também terá que usar as outras coisas que estão aí dentro.

Coloquei a peruca ao meu lado, e introduzi minha mão mais uma vez naquela caixa escura e suave. Lá dentro haviam mais três objetos, dois estojos, e um frasco. Um era de um óculos, e outro, menor, parecia ser lentes de contato, o frasco era uma solução para lentes.

– Lentes e óculos?

– Sim. Para prevenirmos. – Sorriu meio sem graça para mim, parecia ter receio de que eu me contrariasse. – Se você não estiver de acordo eu posso ir amanhã sozinho ao mercado quando voltar do trabalho.

– Não. Eu quero sair um pouco.

– Está bem. Se apronte então.

Devolvi a peruca a caixa e me encaminhei com ela até o espelho que ficava no closet, lá coquei os meus novos cabelos. Os cabelos com certeza eram de verdade, não pareciam ser sintéticos, o que deixava ainda mais natural. Era a primeira vez que me via daquela forma, jamais pintei ou fiz algo radical em meus cabelos, então me ver com aquelas mechas loiras e repicadas, que caiam abaixam da minha orelha, era algo completamente novo para mim.

A mudança ficou ainda mais radical quando cobri meus olhos escuros com duas lentes azuis, e logo em seguida coloquei os óculos de lentes transparentes e armação preta e quadrada. Aquele garoto no espelho com toda certeza não era eu. Seus cabelos e seus olhos combinaram perfeitamente com a mistura de preto e branco nas minhas roupas.

BABY, ME CHAME DE MESTREOnde histórias criam vida. Descubra agora