-14- IRMÃOS PARA TODO O SEMPRE

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Corríamos pelo quintal junto a Nicolo, o pequeno filhote de labrador da nossa vizinha, a Sra. Moretti, que costumava passar pelo pequeno buraco do nosso muro e invadir nosso quintal para brincar comigo e meu irmão. Rodeávamos a casa toda com ele correndo logo atrás de nós, querendo nos pegar, quando cansávamos comíamos sanduiches que o papai fazia, e dividíamos com Nicolo, que adorava presunto. Depois voltávamos a correr livremente pelo quintal, observando as borboletas e pássaros que repousavam sobre as flores do jardim.

– Alec! – Meu irmão gritou ao me ver cair no chão quando tropecei em uma pedra do quintal.

Senti meu joelho arder e comecei a chorar silenciosamente, não queria que o papai ouvisse. Ele sempre se preocupava demais comigo. Fiquei sentado no chão, abraçando meus joelhos.

– Se machucou? – Adrian perguntou, parecendo preocupado. Nicolo tentava lamber meu rosto.

Balancei a cabeça afirmando que sim.

Ele começou a assoprar meu joelho ralado até que eu parasse de chorar.

– Não conta para o papai. – Lhe disse, quando a dor começará a aliviar.

– Eu jamais vou te trair, Alec. – E então sorriu para mim, me abraçando, junto a Nicolo.

{...}

– Morangos ou cerejas? – Ouvia alguém dizer ao meu lado. Só então lembrei que Sebastian estava comigo.

– Cerejas. Hoje eu quero de cerejas. – Disse, meio exasperado. Um pânico tomou conta de mim.

O medo de que Sebastian visse Adrian.

A primeira ideia que passava em minha mente era de ele tentando fazer algo ruim contra meu irmão, e aquilo estava fora de cogitação. Não podia permitir, então mesmo que minha vontade fosse de ficar ali o olhando por aquela pequena fresta, tive que evitar, e voltar para a realidade de Sebastian. Na qual ele me mandava e eu obedecia, e assim ninguém se feria. Incluindo meu irmão.

– Está tudo bem? Você parece ansioso. – Sebastian me olhava desconfiado, pude notar que ele tentou olhar pela fresta entre os bolos e as comidas vegetarianas, para saber se eu tinha visto algo, mas felizmente meu irmão já havia ido embora dali.

– Está. Sei lá... acho que está. – Tive medo que os dois ainda se encontrassem pelos corredores do mercado, então procurei segurar Sebastian ali por um tempo. – Estou em dúvida agora se quero de morangos ou de cerejas.

– Se quiser podemos levar os dois. – Sebastian procurava algo com seus olhos, ainda desconfiado.

– Não acha que é muito bolo?

– A gente dá conta. – Sorriu para mim e me deu um rápido beijo. Seus lábios gelados tocando os meus. Tentei sorrir.

Fiquei encarando os hambúrgueres de beterraba, pensando em Adrian. Estava lutando contra a vontade de chorar.

– Você quer algo dali?

– Não sei. Posso levar os hambúrgueres?

– Claro que pode. Você pode levar o que quiser. Está pensando em cortar a carne animal da sua alimentação?

– Acho que sim. Sempre tive vontade de adotar o vegetarianismo. – Eu tentava evitar tremer.

– Se você resolver se tornar, tudo bem para mim, mas antes conversarei com um nutricionista para receitar uma dieta adequada para você. Sem carne animal.

BABY, ME CHAME DE MESTREOnde histórias criam vida. Descubra agora