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Capítulo 26

Giulia Moraes

A sensação de ter esquecido acontecimentos por ter passado da cota com o álcool era uma realidade. Somente flashes e algumas conversas do início do meu fiasco de noite era o que eu conseguia me lembrar. Ouvi toda a história pela boca de Duda, assim que acordei e me vi em sua cama com ela e com roupas diferentes das que vestia antes. Foi como um quebra-cabeça sendo montado a cada frase que minha amiga terminava de falar. Tomamos juntas o café da manhã, apesar de já ter passado bastante da hora e eu me desculpei por ter estragado os planos que talvez eu tivesse arruinado dela e Igor, enquanto ela a todo instante perguntava se eu já me sentia bem e dizendo que se precisasse eu poderia ficar mais.

— Você já sabe o que vai fazer? — perguntou Talita no carro, durante o caminho, já que havia ido me buscar, como havia dito que faria.

— A única coisa que me resta fazer é conversar sério, não? Colocar as cartas na mesa.

— Sim, amiga, eu sei... — hesitou — É só que, eu te conheço. Por favor, resolve isso tranquila. Não quero esperar o pior dessa conversa.

No fim das contas, não era mentira. A conversa poderia ficar tortuosa se eu deixasse que todo o estresse de ontem e dos outros episódios falassem mais alto no momento em que começasse a conversar com Christopher.

— Eu só quero saber a verdade, Tali. Eu preciso disso. Porque senão, aí sim virá o pior — expliquei — Mas, por favor, vamos deixar cada coisa no seu tempo. Enquanto ainda não cheguei em casa e não o procurei, vamos esquecer isso um pouco.

O caminho nem era assim tão grande, mas agradeci que ao menos até me despedir da minha amiga, na porta do meu apartamento, não tinha parado pra pensar na minha futura conversa com Christopher, que acabou nem sendo tão futura assim... Não tive sequer um minuto para respirar depois que Talita foi embora porque o meu vizinho bateu na porta logo em seguida, fazendo com que eu perdesse um pouco do sorriso e do brilho que antes tinha.

— Sim, mi amor. Eu vim aqui para isso — disse logo depois de fechar a porta. Eu fiquei alguns segundos ainda de costas e ouvi que ele, a passos lentos, se aproximou de mim. Senti sua respiração atrás de mim e me virei para olhar em seus olhos — Mas, antes, me diz como você está. As meninas me falaram ontem que você não se sentiu bem... — respirou fundo — Eu fiquei preocupado com você. Quase nem dormi pensando nisso — começou a acariciar meu rosto com uma mão e tocar a área abaixo dos meus olhos, que eu imagino ter olheiras profundas. Seu olhar preocupado sob mim me quebrou um pouco, me passou tranquilidade e menos frieza. Toquei sua mão, que ainda estava em meu rosto e deixei que meu rosto deitasse um pouco sobre ela, cedendo.

— Eu só passei um pouco da conta na bebida, mas eu estou bem — falei serena.

— Me desculpa — falou me olhando incansavelmente. Senti seu beijo tocar minha testa e seu abraço me convidar para estar ali. Retribui sua iniciativa, derretida com esses pequenos gestos de cuidado. Sua mão levantou meu queixo levando-me para ele e eu deixei me envolver pelo seu beijo, que antes havia rejeitado por estar tomada pela minha mágoa.

— Porque você anda tão estranho? — sussurrei sem nos separar por completo — Me escondendo coisas, sumindo, mentindo... — citei ainda serena e por sussurros. Vi que ele engole a seco e meus olhos lacrimejam. Odeio ser tão emotiva e não conseguir aguentar nada sem derramar nem que seja uma lágrima.

Shh! Shh! Shh! — tocou levemente o canto dos meus olhos limpando a primeira lágrima que insistiu em sair — Não precisa chorar. Eu estou aqui agora. E eu vou te explicar tudo — voltou a me abraçar e a deixar beijos entre meus cabelos. Eu assenti e ele nos separou para poder me olhar nos olhos outra vez, limpou a garganta e seguiu — Um grupo de produtores, dos melhores que existem hoje, vão me produzir.

Best Part • Christopher VélezOnde histórias criam vida. Descubra agora