Capítulo 50
Christopher Vélez
Uma das melhores noites do ano com toda certeza havia sido aquela da festa de aniversário de Talita. Aconteceu de tudo, e até hoje tenho a sensação que ainda há coisas ocultas. O único que me incomodou, de certa forma, foi a presença de Bernardo e vê-lo tão pronto cheguei ao lugar, e se divertindo com a minha namorada. E justamente porque eu detestava me sentir incomodado com isso — era algo inevitável, mas que eu detestava sentir —, então tentei o máximo que pude controlar o efeito disso nas minhas falas e expressões.
Acabei percebendo depois que não só o fato de vê-lo com Giulia que me causava a droga dos ciúmes, era ver como ela falava dele e reagia a ele. Porque até mesmo antes daquela festa ela tinha citado ele em uma conversa nossa, provavelmente querendo inseri-lo entre os nossos amigos, e aquilo me afetou um pouco, coisa que continuou acontecendo nos dias seguintes.
Ledo engano pensar que tudo voltaria a ser como antes.
Nada seria igual à antes, porque antes Bernardo não era parte das nossas vidas.
Isolei esse pensamento e foquei no nosso compromisso da noite. Acabamos nos enturmando um pouco durante a festa com as primas de Talita, que vieram do Texas, e por terem suas ocupações precisariam voltar para casa amanhã, depois de uma semana somente. Por isso, combinamos uma reunião para despedir-nos delas, na casa de Giu, já que era a que tinha um maior espaço para nossa pequena farra.
Eu havia me comprometido a ajuda-la a organizar melhor o quintal de sua casa, e por isso cheguei algum tempo antes da hora marcada. A música vinda das caixas de som se ouvia lá da rua, e eu imagino que essa já deve ser a lista de reprodução produzida por Eduarda, que sempre se encarregava com gosto dessa parte. Coincidência ou não, acabava de começar a tocar Reggaetón Lento, e eu toquei a campainha já me balançando no ritmo da canção.
— Está bem animadinho, não é? — perguntou a baixinha antes de me dar um beijo.
— Eu poderia te fazer a mesma pergunta, mocinha — provoquei-a, adentrando a sua sala de estar. Se aproximava o refrão da música e eu usei a letra para colar meu corpo ao da minha namorada para que dançássemos juntos, como narrava a canção, surpreendendo-a.
— Você é louco! — constatou, conseguindo falar somente quando pôde conter sua crise de riso.
A brasileira sorria sem parar, negando com a cabeça, como se eu fosse realmente maluco de não pensar no que precisávamos fazer e dançar a minha música com ela no meio da sala, com direito até a performance especial, dedicando a ela o trecho cantado por Erick:
— Permíteme bailar contigo esta pieza
Entre todas las mujeres se resalta tu belleza
Me encanta tu firmeza, te mueves con destreza
Muévete, muévete, muévete.Eu ofegava pela dança e pela euforia em ter cantado, e a pequena se dividia entre dançar presumida pelos versos que eu lhe cantava e sorrir da minha ideia completamente inesperada.
— Eu tinha me esquecido desses seus ataques malucos de pieguice — comentou.
— Você adora que eu sei — respondi enquanto a abraçava pelas costas, já a seguindo até o trabalho que tínhamos para fazer.
— É o seu jeitinho — afirmou sorrindo e eu lhe deixei uns beijinhos no ombro.
No fim das contas, nem tinha tanto assim a ser feito, mas eu estava feliz por ter esses momentos a mais sozinho com Giu, ainda que seja somente ir acendendo a churrasqueira e colocando algumas cadeiras e mesas lá fora. Como a anfitriã é brasileira, o cardápio também seria e o escolhido foi Churrasco, da maneira como fazem no Brasil, logicamente.
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Best Part • Christopher Vélez
FanficDizem que os melhores amores são aqueles que nascem de uma amizade, mas nunca disseram se esses amores resistem às provas de fogo. Provas que muitas vezes colocava o amor em cheque em prol da realização pessoal, como se entre sonhar e amar não houve...