Best Part • Christopher Vélez

51.

Capítulo 51

Christopher Vélez

— Vai em frente — Bernardo disse colocando as mãos nos bolsos.

— Eu vou direto ao ponto — pigarreio — Quando eu reatei com Giulia, eu imaginei que as coisas voltariam a ser exatamente como eram antes, mas eu me enganei, porque antes a situação pela qual estamos passando agora não acontecia, porque você não estava lá... — tentei soar o mais sutil possível, o brasileiro me acompanhava atentamente e sério — Nós sabemos que os dois têm uma história com Giulia, eu tive primeiro, logo depois você chegou à vida dela, e eu sei que desde então você a ama. E o fato de ela ainda te querer por perto, de vocês serem ainda tão próximos e ela falar de você de um jeito tão bonito, viver te incluindo nas nossas conversas e entre os nossos amigos passou a me incomodar, a me gerar ciúmes — suspirei, abaixando o olhar, engolindo todo meu orgulho e deixando sair as palavras mais sinceras.

— E isso porque há pouco tempo vocês estavam juntos, vocês eram namorados e eu percebi o tanto que você gosta dela desde o minuto que você nos "apresentou" — continuei — Então eu quis vir até aqui conversar com você somente para eu me libertar das minhas inseguranças, do medo a perdê-la para você, a julgar pela maneira como ela fala e reage a você. Eu vim em missão de paz, para entender aquilo que vocês têm, pela sua ótica, e o que você quer nisso. Para que eu consiga me tranquilizar, porque manter essas dúvidas dentro de mim estava me consumindo, chegando ao ponto de ontem eu explodir com Giu, eu imagino que ela tenha te contado... — desabafei, ciente de que eles se viram na noite passada e que era quase certo de que Giulia tenha compartilhado com ele a situação.

— Ela me contou, sim — confirmou.

— É isso. Eu sinto como se estivesse competindo por ela com você! — conclui.

Bernardo suspirou fundo e abriu o terno antes de começar a sua fala.

— Christopher, eu entendo a sua insegurança, mas eu acredito que você deveria se importar mais com aquilo que ela sente por você do que com aquilo que eu sinto por ela — iniciou, e eu já senti bater forte o golpe de suas palavras — Se ela falou para você que te ama, que está com você, então confia nisso. Nada ao redor importa se ela te confirmou que estão juntos.

Ótimo, acabo de receber a confirmação não solicitada de que eu realmente sou um babaca. A minha conversa com Bernardo já podia acabar porque com uma frase ele já havia me feito compreender que o erro é todo meu.

O fato de ele ou qualquer outra pessoa sentir algo por Giulia não deveria ser motivo para insegurança minha, já que eu sou o namorado dela. E era somente nisso que eu deveria me apegar, confiando nela e no que ela me diz. Inclusive, talvez Giu também fique magoada comigo por mais esse erro, o de parecer não confiar nela.

Ele já está coberto de razão.

— E, cara, eu nunca joguei no time adversário ao de Giu. E isso significa que eu nunca vou jogar contra a felicidade dela. Inclusive, desde o primeiro momento que eu a conheci, eu dei força para que ela fosse feliz, tanto que a aconselhei a procurar por você, porque nós nos conhecemos por acaso, poucas horas antes do seu embarque.

Como?

Ele havia aconselhado Giulia a me procurar?

— Como assim? — perguntei completamente incrédulo no que acabava de escutar.

— Eu já conhecia Giulia de vista, achava ela uma mulher linda e encantadora, isso não é novidade nenhuma, mas não tinha tido a oportunidade de conhecê-la de verdade antes daquele momento. E naquele dia ela estava completamente diferente da outra vez que eu a havia visto. Estava triste, com um semblante abatido, sofrendo. E por isso, quando a abordei e ela me contou o motivo, eu aconselhei a que fosse feliz, que fosse atrás de você. Para que, mesmo que você fosse embora, não deixassem esse clima entre vocês, e, de repente, vocês se resolvendo talvez até conseguissem manter uma relação à distância, não sei... — desabafou nostálgico.