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Capítulo 44

Christopher Vélez

Fazer música era das coisas que eu mais amava no mundo e nunca me arrependeria de dizer isso, mas confesso que enquanto isso significava eu ter que deixar Giu no hotel do ex-namorado para uma conversa do cunho que fosse e vir trabalhar, não me parecia tão boa ideia assim. Ainda mais porque eu tinha outros planos para o nosso dia, que era justamente não ter plano nenhum.

Eu sabia que não precisava me preocupar, até porque tinha ficado subentendido que Giulia tinha ido ao Sancho justamente para terminar oficialmente com Bernardo, mas não conseguia negar que ficava um pouco enciumado, principalmente porque sabia que pela maneira como ela fala dele, ela tentaria ainda mantê-lo em sua vida, retornar a amizade de antes.

Tentei seguir o mandamento bíblico e deixar a cada dia o seu próprio mal, tentando não me preocupar com aquilo que ainda não aconteceu, focando no que precisava fazer, e durante a tarde inteira realmente estava engajado numa gravação e não me deixei atormentar por ainda não ter recebido sinal de vida da brasileira. Isso até ficar livre para ir embora e não ter nenhuma mensagenzinha dela.

Não sou bom esperando, então resolvi contatar para saber como havia ido tudo, e principalmente, como ela estava.

Peque <3

oi pequena

como foi lá?

tudo bem?

Entrei no carro um pouco atormentado pelo fato de ela ter lido minhas mensagens e ainda não ter respondido. Não consegui dar partida sem saber como ela estava porque seu silêncio me preocupava.

Peque <3

eu sei que está aí

e estou preocupado que você não quer me responder

o que aconteceu?

você pode vir pra cá?

Apenas uma mensagem e eu não precisei pensar duas vezes até ir a ela. Era óbvio que algo não tinha saído bem e ela estava mal agora. Fui o mais rápido que pude até sua casa e confesso que conforme me aproximava da porta, meu coração batia ainda mais rápido. Pura preocupação e ansiedade de vê-la.

Uma Giulia que eu detestava ver abriu a porta. Seus olhos inchados e vermelhos, assim como seu nariz, mostravam que ela estava chorando. E bastante. Senti como ela se jogou em meus braços assim que me viu e eu a abracei, passando as mãos pelos seus cabelos. Ouvi que ela havia voltado a chorar e nos afastei para olhá-la nos olhos.

— O que houve, meu amor? — falei com um nó imenso na garganta, tentando conter as lágrimas que corriam como um rio por seu rosto.

— Eu sou uma pessoa horrível — Foi tudo que conseguiu dizer entre os soluços, me preocupando ainda mais pelo rumo que a conversa dela com Bernardo tomou.

— Lógico que não! Quem te disse isso? — respondi vendo como ela me abraçou outra vez.

Tomei a liberdade de entrar em sua casa com ela abraçada em mim, e logo depois de fechar a porta nos sentamos no sofá. Se eu não estivesse triste por vê-la assim eu até sorriria por como ela deitou com a cabeça em meu colo, como Ollie costumava fazer.

— Você quer contar o que aconteceu ou só quer ficar quietinha? — perguntei penteando seus cabelos com os dedos, vendo como ela estava com o olhar perdido nos móveis de sua sala.

Best Part • Christopher VélezOnde histórias criam vida. Descubra agora