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Capítulo 52

Giulia Moraes

O episódio na festa de Talita havia sido um péssimo ensaio do que viria, e eu fui capaz de crer que aquela noite tinha sido a última no trecho da minha história com Christopher que tratava de seu ciúme bobo para com Bernardo.

Inocente demais.

Em pensar que foi um momento divertidíssimo e carinhoso o que antecedeu o episódio que eu tanto neguei e duvidei que viesse a suceder: a crise de ciúmes escancarada do meu namorado. Eu me sentia triste e impressionada com a facilidade das situações de mudarem rapidamente, e dos momentos bons se transformarem em brigas ácidas como a que tivemos. Apesar disso, não teria simplesmente como cancelar a reunião com os nossos amigos por já não ter clima, até porque aconteceria na minha casa. Por isso, decidi que tentaria aproveitar ao máximo a companhia de todos e fazer com que as primas de Tali se sintam sempre bem vindas entre nós quando desejem voltar a Miami.

Não demorou muito para que chegassem os primeiros, Erick e Eduarda, que chegaram juntos, mas o clima entre eles já parecia diferente ao da festa. Eu sei que eles iriam almoçar juntos hoje, não sei se foi aí ou por causa disso que algo mudou... Duda ainda precisa me contar os detalhes de toda essa história.

— Fomos os primeiros? — Erick perguntou antes mesmo de me dizer "boa noite", enquanto me abraçava.

— Exatamente — afirmei — Como estão? — perguntei curiosa vendo como eles se olharam apenas de canto antes de falar algo.

— Bem, e por aqui? Tudo certo? — Duda se adiantou em responder — Christopher não ia vir te ajudar? Onde ele está?

Et voilà! Tocaram na minha ferida!

Meu recorde conseguindo esconder algo foi zero minutos. Não esconder de fato, mas ao menos postergar um pouco o momento em falar disso.

Mas um detalhe não poderia passar despercebido: Eduarda está nervosa. Realmente deve ter acontecido algo entre ela e Erick já que ela está soltando tantas palavras e perguntas de só uma vez.

— É... Ele veio e foi embora — respondi seca.

— Ele nem comentou nada com a gente... — Erick denotou, provavelmente estranhando o fato do amigo não ter comentado nada entre o grupo deles.

— Eu acho que é porque ele quer ficar um pouco sozinho, Brian — minha voz saiu baixa, arranhada, quase um murmúrio. Eu não passaria despercebida tampouco.

— E o que aconteceu para ele querer ficar sozinho tendo a chance de ficar com você? — Minha amiga voltou a questionar, e eu apenas provei do que já sabia que viria, ciente de que Duda me encheria de perguntas e não sossegaria até que tirasse toda a história a limpo, não por curiosidade somente, mas por preocupação comigo.

Era no mínimo fofo.

— Se eu não contar vocês não vão me deixar em paz, não é? — perguntei retoricamente, recebendo os olhares de ambos me respondendo discretamente um "você sabe que sim" — Nós dois discutimos depois do ataque de ciúmes que ele teve quando eu falei que Bernie viria.

— Oi... Boa noite?

O destino não cansava de me pregar peças. Estávamos conversando perto da porta, que estava aberta, e por ela entrou justamente o brasileiro de quem eu acabara de falar o nome. E Bernardo provavelmente havia escutado o que eu tinha dito.

— Estão falando de mim? — cortou o silêncio que havia se instalado.

— Certo, agora somos três, pode começar a contar antes que tenha que falar para quinze — a angelena ordenou e eu cedi.

Best Part • Christopher VélezOnde histórias criam vida. Descubra agora