What is Wrong With You?

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Caroline estava folheando página por página da grande pilha de arquivos em sua mão, a testa franzida em concentração. Era quase engraçado, pensou Sheilla, ela parecia muito pensativa, de um jeito até bizarro.

– Então – Caroline disse, indo para a borda do sofá de Sheilla – Você vai mesmo pegar uma dessas para ser sua barriga de aluguel?

– Sim – disse Sheilla. – Esta pilha é aquelas que entrevistei na semana passada e essa pilha são as descartáveis. – Ela disse, enquanto apontava para as pilhas de arquivos. Ela tinha ficado acordada a noite toda na semana passada, decidindo que mulheres deveria entrevistar. – A mulher da agência disse para ler todos eles com cuidado, eu tenho que escolher alguém que não seja difícil de se ter ao lado, durante os nove meses.

Agora, observando Caroline folhear os cinco arquivos de mulheres que ela já tinha entrevistado, a fez pensar duas vezes, ela não se sente mais preparada para tomar essa decisão, ela mal as conhecia. A mulher na agência estava certa "esta foi uma decisão importante", Sheilla se irritava tão fácil com as pessoas em geral, e se ela escolhesse alguém que a irritasse? Ela iria ficar presa com essa mulher durante meses. Sheilla foi tomada por uma repulsa por ter que depender tanto de uma estranha.

Tomando os arquivos da mão de Caroline, ela os abriu e leu novamente. Sheilla lembrou-se de Sandy. Uma mulher de cabelos pretos, com um sorriso largo e que já tinha sido barriga de aluguel. Ela era uma opção segura, ela sabia o que esperar, como lidar com tudo isso e foi profissional ao extremo. Mas algo sobre ela tinha atingido Sheilla. Algo parecia estranho, ela era tão perfeitamente amigável, a ideia de interagir durante meses com ela deixava Sheilla com uma vaga ânsia de vômito. Ela acabou deixando o arquivo de lado.

– Não tem muitas coisas nesses arquivos, só informações básicas e material médico – Caroline sussurrou, franzido a testa enquanto entregava outro arquivo para Sheilla. – O que estamos procurando?

– Em uma barriga de aluguel? Eu não faço ideia. – Sheilla disse incerta. – A agência disse que eu deveria procurar alguém com valores semelhantes ao meu, alguém que eu pudesse manter ao meu redor. Alguém que vai ser responsável.

– Faz sentido – disse Caroline. Ela bateu no arquivo que tinha entregado a Sheilla – Que tal essa?

– Karen – disse Sheilla, lembrando–se. – Ela tem passagem na polícia.

Caroline levantou as sobrancelhas – E?

– E eu não gostei dela. Ela fala engraçado e se distrai muito fácil, com qualquer coisa. – Sheilla fez uma careta. – Eu não confio em ninguém que não me olhe nos olhos enquanto fala.

Essa morena tinha mantido contato visual com ela, quase de forma intimidante.

Sheilla olhou para Caroline. – Posso ver isso?

Caroline passou os outros três arquivos e encolheu os ombros. – Você sempre pode ir ver outra agência, Sheillinha, ou encontrar uma barriga de aluguel você mesma, eu tenho certeza que existem opções que não encontramos em agências.

Retirando um dos arquivos, Sheilla fez um barulho distraído assim que ela o abriu. Okay. Gabriela Guimarães. Ela tinha mantido contato visual com ela, bom, pelo menos antes de começar a gritar e ficar com raiva de Sheilla. Essa mulher parecia em chamas, descontrolada, totalmente fora de si.

Ela era uma mentirosa também, Sheilla recordou, enquanto corria o dedo pela página, que incluía a sua informação básica, gentilmente tocando na linha de OCUPAÇÃO, estava escrito: [Funcionária do McDonald's]. Sheilla se perguntou se Gabriela Guimarães era uma garçonete, ou fritava os hambúrgueres. Ela pensou em particular, que é muito mais provável que a morena fritasse hambúrgueres. As roupas dela disseram isso, assim como fizeram os emaranhados em seu cabelo e as manchas de graxa sob o queixo, exatamente onde ela não seria capaz de ver em um espelho.

Feels Like Home | SHEIBIOnde histórias criam vida. Descubra agora