She's going to fix it

1.8K 163 46
                                    

Dezembro se transformou em janeiro, janeiro se fundiu com fevereiro e finalmente fevereiro virou março. O tempo passou, como ele sempre fazia, como era sempre quando Gabriela ainda não tinha se tornado um elemento permanente na vida de Sheilla.

Enquanto os meses passavam rapidamente e relativamente indolor, os sonhos dela não mudaram. Foi realmente constrangedor, Sheilla disse si mesma. Quando sua colega de apartamento tinha deixado bem claro que não estava interessada em nada além de uma relação profissional, não havia uma razão para ela sonhar com bastante frequência com essa morena. Mas ela sonhava e muitas vezes o sonho era apenas ela revivendo o beijo que elas tiveram após o natal. Às vezes ela sonhava com o mesmo cenário, só que dessa vez Gabriela não iria se afastar. Às vezes Sheilla ia sentir a maciez da pele de Gabriela, a respiração, o sabor dela antes de acordar e ter que esquecer disso tudo e claro, tomar outro banho gelado. Às vezes o sonho seria apenas de Gabriela segurando um dos bebês, uma criança pequena com cabelos castanhos e olhos também escuros e um largo sorriso. Outras vezes o sonho iria ir em uma direção completamente diferente e seria apenas algo estressante como o trabalho ou sua família, mas a diferença era que Gabriela sempre iria estar lá. Era como um dispositivo elétrico em seus sonhos, tinha sempre que estar lá.

Era embaraçoso, ela disse a si mesma, para não ter que mencionar imaturo. Ela sabia como Gabriela se sentia, mas de alguma forma, aquilo não parou ela de sentir as coisas que estava sentindo. Mesmo que elas tivessem caído em um ritmo confortável de amizade, coisa que Sheilla temia que nunca encontraria de novo depois do beijo.

A viagem que ela fez, mesmo sendo de pouco dias, tinha se tornando um pesadelo. Ela foi em convenções e ouviu palestra de velhos em sua área de trabalho. Mas tudo era sem graça, poderia ter sido emocionante se fosse a alguns anos atrás, mas agora ela sabia exatamente aonde queria estar. Ela pensou no que Gabriela tinha falado, sobre fazer coisas privadas em locais privados e pensou que finalmente entendeu o que a artista quis dizer. Sheilla vivia uma vida pública, em casa ou no escritório, tinha sempre algo a ver com o seu trabalho. Porém agora, ela realmente tinha uma vida privada e muitas vezes ela não podia esperar para chegar em casa, mesmo que fosse só para ver Gabriela cochilando no sofá, enquanto esperava ela chegar. O que por sinal, Gabriela ainda fazia. Às vezes Sheilla iria sentir os olhos de Gabriela nela por muito tempo, as vezes ela falava alguma coisa para disfarçar, nada grande ou afetuoso, mas fazia o coração de Sheilla bater como um tambor e a parte dela que ainda estava em negação, se perguntando talvez? Apenas talvez? Essa parte dela, que ela tanto tentou ignorar, se perguntava por que alguém só está interessada em um relacionamento profissional e age desta forma? Elas estavam de volta ao que era antes, ambas dançavam em torno de si sem nunca sequer realmente abordar sobre os pequenos toques e olhares persistentes que mesmo que elas negassem, significavam alguma coisa.

Gabriela, da maneira mais adorável possível, estava enorme agora. Ela tinha deixado seu emprego sem qualquer tipo de hesitação e agora passava a maior parte do seu tempo no apartamento com Sheilla ou na galeria, que, ao que parece, teve sua construção acabada já. A morena tinha levado suas pinturas para o apartamento de Paula, para elas poderem ser montadas nas paredes e apenas a visão de uma Gabriela estourando de felicidade, tinha sido o suficiente para fazer Sheilla sorrir também.

Ela tinha mostrado a Sheilla algumas fotos da galeria e Sheilla tinha que admitir, ela estava linda. Aparentemente eles estavam retirando todo o entulho da construção e logo em seguida, estariam prontos para colocar os quadros para exposição. Ao longo desses meses, Sheilla assistia Gabriela fazer alguns desenhos e pintar alguma coisa. Ela descobriu que havia bastante calma só por se sentar em silencio e assistir Gabriela. Às vezes ela levaria o seu notebook com ela, para parecer que não tinha ido para varanda apenas para olhar a loira, ela se sentava de modo confortável, digitava algo enquanto Gabriela esboçava no seu caderno ou tela. Estes eram os bons tempos, os pequenos momentos que faziam o dia da existência cotidiana de Sheilla.

Feels Like Home | SHEIBIOnde histórias criam vida. Descubra agora