Pinkmary

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A primeira coisa que Gabriela fez quando acordou em uma terça-feira chuvosa, quase quatro semanas após seu jantar com Sheilla no restaurante mais bonito que ela já tinha visto em sua vida, foi ligar para Rosamaria.

Encontrar Rosamaria de novo, depois de quase uma década, foi um dos maiores milagres que já tinha acontecido com ela recentemente. Certamente que o maior milagre era a coisa que estava crescendo dentro dela.

Ela tinha ligado para o número que Paula havia dado a ela, no dia seguinte que deixou o apartamento de Natália. O celular tinha tocado por um logo tempo, ela quase ficou com medo de Paula ter dado o número errado pra ela. Mas houve um barulho do outro lado da linha assim que atenderam, uma dolorosa voz familiar gemeu o seu – Olá? – Gabriela não conseguiu responder imediatamente, apenas sorriu para a voz de sua amiga. O que acabou deixando Rosamaria um pouco nervosa. – Que diabos é isso? Um tipo de trote? – Ela exigiu. – Você sabe que é sete e meia da manhã? Quem faz isso à essa hora?

– Rosamaria – Gabriela resmungou, com a garganta cheia de emoção. – S-sou eu.

Desta vez, ambas ficaram em silêncio, o que era uma verdadeira proeza para Rosamaria. O sorriso de Gabriela se alargou e ela quase podia imaginar os olhos arregalados de Rosamaria. – Gabriela? – Ela conseguia ouvir a respiração da morena ficando mais forte. – Puta merda.

– Puta merda. – Gabriela concordou.

Houve mais alguns segundos de silêncio. – Gabriela, eu... Deus, já faz tanto tempo.

– Sim – Gabriela riu. – Realmente faz. – Gabriela sacudiu a cabeça quando sentiu lágrimas caindo dos seus olhos. – Encontrei Paula ontem e ela me disse que você estava na cidade. Ela me deu seu número e eu...

– Eu estou muito feliz que ela tenha feito isso. – Rosamaria riu, e ela soou emocional também. – Gabriela, eu não posso acreditar que é você. Você estava aqui na cidade durante todo esse tempo?

– Sim... – Gabriela gaguejou. – Eu... Rosa, o que você está fazendo hoje? Você quer ir almoçar?

– Eu estou trabalhando, mas eu posso arrumar algumas horas para te ver. – Rosamaria disse. – Não é um problema, eu trabalho a poucas quadras do Central Park, você quer me encontrar lá?

– Sim, parece ótimo. – Gabriela disse com firmeza e riu, por nenhuma razão, a não ser que ela seria capaz de rever sua amiga novamente.

Elas conversaram mais um pouco e desligaram em seguida, quando Rosamaria teve que se arrumar para ir ao trabalho. Gabriela percebeu, após desligar o telefone, que ela nem perguntou com o que Rosamaria trabalhava. Bom, ela esperava que sua amiga tivesse conseguido realizar seu sonho e ter se tornado uma advogada.

Na hora do almoço, Gabriela já estava sentada no parque, no mesmo banco que Sheilla estava quando ela convidou Gabriela para jantar e pediu ela para ser sua barriga de aluguel. Ela mandou uma mensagem para Rosamaria e esperou.

Quando Gabriela a viu, sorrindo e acenando, ela pulou de seu assentou e foi correndo. Rosamaria também começou a correr para ir ao encontro de sua amiga. Ambas colidiram em um forte abraço. Quando elas se separam, Gabriela não podia deixar de pensar que Rosamaria não tinha envelhecido nada e julgando por sua saia lápis e terno, que pareciam ser super caros, Gabriela podia jurar que ela tinha realizado seu sonho. Mas ao mesmo tempo, ela tentou não olhar para suas próprias roupas, de brechó, é claro. – Uau – Disse ela – Por favor, me diga que você se tornou uma advogada.

Rosamaria riu e começou a andar em direção ao banco. – Sim. – Disse ela rindo. – Eu sou uma advogada.

– Eu sabia disso. – Gabriela disse com naturalidade. – A Pinkmary que eu conheço nunca vestiria isso, a menos que ela fosse obrigada.

Feels Like Home | SHEIBIOnde histórias criam vida. Descubra agora