Feels Like Home | SHEIBI

She Will Kiss You Back

Quando elas, finalmente, tinham conseguido voltar para o bloco do apartamento, o sol já estava começando a mergulhar para baixo do horizonte e Sheilla poderia ver o claro cansaço no rosto de Gabriela. Ela colocou a mão nas costas de Gabriela, enquanto elas caminhavam do corredor até a porta. O contato, a pressão, o calor. Era disso que Sheilla precisava. Mas do que qualquer outra coisa.

Assim que elas entraram, Gabriela despejou sua bolsa no balcão da cozinha e desapareceu no corredor, falando "Fique aqui" antes de ir. Sheilla suspirou e se apoiou no balcão, esperando a morena voltar.

No momento que Gabriela apareceu na sala de estar de novo, ela estava segurando a sua grande caixa de papelão, a mesma que ela tinha quando chegou no apartamento. Sheilla franziu a testa com confusão. Ela pensou que a caixa já tinha tido um fim, afinal Gabriela já tinha pendurado suas roupas no guarda-roupa, em seu quarto de hóspedes. Ela viu Gabriela colocar a caixa no sofá e começou a tirar o que tinha dentro.

A sobrancelha de Sheilla subiu quando ela viu a loira desempacotar uma pintura após outra, cada uma salpicada de cores vivas. Gabriela colocou as imagens ao lado da mesa de café e do sofá, de modo que Sheilla podia vê-las claramente.

Sheilla olhou. Eram pinturas bonitas, ela definitivamente poderia ver porque Gabriela queria trazer elas naquela caixa. Ela vagamente lembrou de ter visto uma caixa no antigo apartamento da loira, rotulada como "Pinturas". Ela se perguntou de onde essas telas vieram, se era herança de família, elas certamente poderiam custar uma boa quantia de dinheiro. Sheilla nunca tinha sido muito crítica em relação a arte, analisar a arte era a coisa de Thaísa. Mas ainda assim, ela podia apreciar uma boa obra de arte, e as obras que Gabriela estava desempacotando lentamente e apoiando em seus móveis, eram muito boas.

Em particular, ela fez uma nota mental para perguntar a Gabriela quem era o artista, porque ela gostaria muito de ter algo parecido com essas pinturas em seu escritório. Eram obras que consistiam em formas azuis escuras e fluídos que eram quase ilusórios, de maneira que pareciam se mover para a tela. Eles eram extremamente sugestivas e de alguma forma, tinham um ar de desespero e esperança, pintadas sobre elas. Mesmo que as formas fossem confusas, era possível tirar formas concretas delas, como uma nuvem, Sheilla também podia ver um horizonte da cidade e uma pequena casa entre eles.

– Essas pinturas são lindas. – Sheilla cantarolou.

– Elas são minhas – Gabriela disse, soando como alguém que acaba de confessar um segredo, de forma rápida e direta, como se quisesse acabar logo com isso. Ela olhou para as pinturas, evitando intencionalmente o olhar de Sheilla. – Eu as pintei, assim que me mudei para viver nessa cidade.

Sheilla olhou para a morena, congelando no seu lugar. – Você que fez isso?

Gabriela brincava com o canto da mesa de café, olhando decididamente para longe de Sheilla. – Sim. Essa é a razão pela qual eu larguei a medicina, eu queria estudar arte. Eu queria ser uma artista.

Sheilla ainda estava olhando para ela, tentando evitar que seu queixo caísse em surpresa. De todas as coisas que Sheilla não sabia sobre Gabriela e as que ela estavam lentamente aprendendo, ela sente que esta é a que fez mais sentido. Por que, Gabriela era uma artista e uma das boas. Todos aqueles momentos em que os olhos da morena tinham ficado nublados e de repente ela mudava o seu olhar, o motivo fazia sentido agora, tudo sobre Gabriela parecia se encaixar na mente de Sheilla "Essa é Gabriela Guimarães e ela é uma artista" Parecia a coisa mais natural do mundo. Sheilla se repreendeu internamente, ela só tinha visto algumas pinturas, por que a ideia de Gabriela como uma artista se encaixava tão perfeitamente bem em sua mente?

"Porque você sabia que ela era mais do que ela sempre dizia." Sheilla pensou. "Você sabia que ela era mais do que uma pessoa que fritava hambúrguer e que precisava desesperadamente de dinheiro."