You Need To Ask For Help

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Estranho, foi a primeira certeza que Gabriela teve. Morar em um lugar que tem mais de um banheiro e que a sala não tinha várias caixas espalhadas pelo canto, era estranho, mas um estranho eficaz, quando ela era acordada por suas náuseas matutinas e tinha que correr para um banheiro grande e limpo e sem caixas no seu caminho.

Já faziam cinco semanas que ela morava no apartamento de Sheilla. Um ritmo confortável já tinha se formando entre elas e toda estranheza tinha se dissipado. Gabriela iria acordar um pouco mais tarde, dependendo do seu turno no trabalho. Se ela não estivesse trabalhando, ela iria ir até o armazém para dar uma olhada ao redor, ficar um pouco com Natália e Paula, observar a evolução das obras. Ela até ajudava um pouco, equipando o carrinho de mão, transportando algumas telhas ou cimento moído. Elas já estavam no processo de limpar o interior do armazém e dar um aspecto melhor para o ponto de partida.

– Esse lugar está ficando fantástico, você não acha? – Natália disse entusiasmada, na última vez que Gabriela tinha estado lá. Já estava quase tudo pronto. Gabriela já podia imaginar seus quadros pendurados lá, iluminados pela luz no dia.

– Claro que está – Gabriela sorriu, olhando ao redor. – Eu não posso esperar para ver tudo já pronto.

– Ohh! Nem eu – Natália disse, ainda sorrindo e olhando com amor para o armazém. – Vamos precisar da primeira parte do dinheiro esta semana. Tudo bem para você?

Gabriela se deleitava com o fato que ela poderia sorrir com facilidade e sem estresse para essa pergunta. – Está sim. – Disse ela, com mais prazer e confiança do que era necessário. O dinheiro estava em sua conta a tempos e Gabriela só estava esperando esse momento para mexer nele. – Vou transferir para você essa semana.

– Fantástico – Natália disse.

Se dependesse de Gabriela, ela já teria entregado o dinheiro à tempos. Natália tinha dito a ela para esperar as obras ficarem prontas, porque elas ainda estavam resolvendo os termos de pagamento dos funcionários. Então, ela esperava e ocasionalmente verificava sua conta só para sentir aquele famoso frio na barriga. Ela fingia ser aquele tipo de pessoa que sempre tinha dinheiro em sua conta, cada vez que ela via os números seu coração batia mais rápido. Seus dias estavam contados agora, ela iria finalmente transferir sua parte.

Ela parou de ajudar nas obras a pouco tempo. Ela nunca deixou Sheilla nem sequer sonhar que ela estava nesse lugar e trabalhando durante sua gravidez. Sheilla teria entrado em pânico. Gabriela achava que Sheilla era muito certinha e esquematizada, às vezes ela gostava de pensar que Sheilla iria se beneficiar, quando ficasse fora da sua ala de conforto. Ela já conhecia os minis ataques que Sheilla dava, ocorria sempre quando Gabriela interrompia alguma programação diária que Sheilla tinha.

No começo, Gabriela tinha tentado evitar perturbar Sheilla durante sua estadia. Ela tinha sido muito gentil em deixar Gabriela dormir no seu fantástico quarto de hóspedes, então era totalmente justificado o comportamento modelo nos primeiros onze dias.

Gabriela não poderia resistir a ligar a TV de manhã, em vez de ligar a estação de música clássica, como Sheilla fazia todos os dias. Já tinha ficado claro que a mais velha tinha esse hábito de muitos anos. Interromper essa programação e ver o olhar de surpresa no rosto dela foi um dos maiores prazeres do dia a dia que Gabriela tinha encontrado. Lógico que Gabriela não fazia nada grave ou inconveniente, ela mudava apenas pequenas coisas do dia a dia. Como fazer o jantar quando Sheilla trabalhava até tarde e Gabriela já tinha acabado seu turno. Forçar Sheilla a comer seu almoço ou café da manhã na varanda e persuadindo ela a falar sobre seu trabalho.

Por muitas vezes, Gabriela se perguntava se ela iria ver esse olhar adorável de confusão e surpresa, se ela contasse de sua arte para Sheilla. Mas não, suas pinturas ainda estavam guardadas de uma forma segura, dentro de sua caixa, escondidas debaixo da cama.

Feels Like Home | SHEIBIOnde histórias criam vida. Descubra agora