Holy Shit

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Gabriela acordou bem mais tarde que o habitual, ela estava se sentindo estranha, uma inquietação borbulhou em seu estômago assim que ela abriu os olhos. Levou apenas poucos segundos para ela se lembrar o porquê dela estar sentindo essas porcarias. A memória golpeou a morena com força e ela estremeceu quando toda a noite anterior voltou a memória dela.

Sheilla contra uma parede, se inclinando para beijá-la. Um sentimento de euforia total, ela realmente ouviu seu próprio nome escapar dos lábios de Sheilla, ao som de um gemido. Ela sentiu as unhas de Sheilla na pele da nunca dela. Ela estava perto, muito perto. Tudo era quente e macio, era melhor do que Gabriela tinha imaginado e então ela teve que correr disso.

Gabriela chutou as cobertas com uma careta de frustração. Ela tinha arruinado tudo. Gabriela tinha chegado muito perto, apesar de saber que a vida dela seria muito mais fácil se ela apenas mantivesse distância e tivesse tido um relacionamento profissional com Sheilla. Como se isso fosse fácil. Em menos de seis meses ela seria legalmente proibida de chegar perto de Sheilla ou dos bebês. Quaisquer que sejam os sentimentos que ela não conseguiu evitar, ela iria pagar a longo prazo, depois do eventual adeus. Mas agora que ela provou os lábios de Sheilla, se despedir se tornou mais difícil do que nunca, além de ter complicado bastante as coisas com a morena.

Mas, seu subconsciente lembrou a ela. Ela beijou você, não o contrário.

Gabriela sentou no lado da cama e esfregou as mãos em seu rosto, deixando escapar um pequeno gemido. Ficar grávida, ter os bebês, entregar os bebês e pegar o último cheque de pagamento. Era isso que tinha que ser. E agora?

Agora ela não conseguia nem pensar em Sheilla sem um nó de tristeza se formando dentro dela, tristeza e angústia que estava atingindo toda a sua negação. Negação do fato de que, em algum lugar aos longos desses meses, Sheilla tinha começado a significar mais para ela do que Juliana algum dia já significou. Juliana não a fazia querer ficar acordada até tarde, apenas para que ela pudesse jantar com ela e falar sobre o seu dia. Ela nunca tinha ligado para Juliana em alguma hora do dia, por nenhuma outra razão, apenas para falar sobre alguma coisa ridícula que ela viu ou que estava pensando. Juliana nunca cancelou os seus próprios planos quando Gabriela não estava se sentindo bem, para que ele pudesse levar ela no médico. Ela se importava com a segurança de Juliana, mas ela não teria feito ou dito qualquer coisa no mundo para impedi-la de fazer alguma coisa que ela quisesse e tivesse algum risco.

Algo tinha acontecido, a confirmação de um fato que ela sabia que estava sentindo e que estava crescendo já há um longo tempo. Um sentimento que ela tentou suprimir até o segundo que ela sentiu o calor dos lábios de Sheilla contra os dela própria. Foi totalmente diferente de qualquer coisa que ela já tinha sentido com Juliana. Foi simples, ela nunca quis Juliana da forma que ela queria Sheilla. Ela queria tudo da morena, o amanhecer do dia quando ela ia fazer o café antes do trabalho, as noites que elas assistiam a filmes juntas sem dizer nada. Ela queria ser capaz de beijar Sheilla sem estragar tudo, ela queria fazer mais do que apenas beijar a morena. Ela queria sentir Sheilla debaixo dela e queria ser capaz de encontrar a origem daquele cheiro que parecia sempre estar em torno da morena. Ela queria acordar na mesma cama que Sheilla e ser capaz de beijar a morena sempre que quisesse.

Mas.

Mas, evidentemente isso não poderia acontecer. Talvez pudesse, em um universo alternativo onde elas teriam se conhecido em um café ou no parque. Não em um escritório de agência para barrigas de aluguel.

Talvez por um milagre, Sheilla também iria querer isso. Mas nada iria mudar, nada.

Ela se levantou, sentindo em seus pés todo seu peso extra e limpando algumas lágrimas que escorreram junto com suas angustias e tristezas. Ela se trocou lentamente, era domingo, Sheilla não estaria indo para o trabalho. O que significa que não importava o quanto ela se escondesse no quarto, ela ia ter que enfrentar a outra mulher, uma hora ou outra.

Feels Like Home | SHEIBIOnde histórias criam vida. Descubra agora