Gabriela tinha conseguido levar doze caixas de papelão, que continha suas coisas, até seu novo prédio antes das três da tarde, já que esse era o limite de tempo que o motorista que transportou a mudança tinha dado a ela. Ele despejou o resto das caixas na entrada no edifício, para que ela e Juliana pudessem transportar o resto, levando em consideração que o prédio não tinha elevador, e ela e Juliana teriam que trabalhar como burros de carga para transportar todas suas coisas.
A primeira vez que Gabriela tinha estado no seu novo apartamento, ela ficou literalmente sem ar. "Esse ainda consegue ser menor que o último" pensou enquanto andava por ele, continha apenas um quarto pequeno, que era ligado à sala, cozinha e lavanderia, tinha uma divisória de madeira, pequena e frágil, que escondia o banheiro. Porém tudo parecia apenas um único cômodo.
Juliana grunhiu em resposta. Ela mal tinha falado com Gabriela desde a entrevista, ela às vezes desaparecia o dia todo e só voltava para dormir ou discutir sobre como Gabriela tinha sido burra e explosiva durante a entrevista.
Essa mudança já era esperada. Elas estavam em uma fase da vida que não tinha nada de surpreendente em um proprietário dizer que elas tinham que fazer as malas e sair, ou deixar um aviso de despejo em sua porta. Elas simplesmente deram de ombros e procuraram outro apartamento decadente. Afinal isso havia sendo comum na vida delas durante a maior parte de seus vinte anos.
Todavia, infelizmente esse apartamento ainda conseguia ser pior do que o anterior. Havia marcas escuras manchando as paredes e mofo no telhado. Claro que com a experiência delas com esse tipo de apartamento, elas não iriam deixar de fotografar essas coisas, afinal, quase sempre os proprietários as acusam de demolição do apartamento.
Elas arrumaram suas coisas na sala, a Tv e o resto da mobília que era maior, mas deixaram a maior parte de seus pertences nas caixas, empilhados nos cantos.
Levou toda a noite para levar tudo até o quarto andar, que era onde o apartamento delas ficava. Depois que tudo foi feito, Gabriela pediu comida chinesa e voltou a sua rotina habitual de silêncio.
Juliana ficou jogada no sofá, vendo Tv e se recusando a olhar para ela. Gabriela não tinha tido a chance de falar com ela sobre o que havia acontecido no parque naquela tarde, mas agora parecia ser a hora perfeita para isso.
– Hey, Ju?
Juliana resmungou.
– Eu conversei com uma mulher no parque hoje.
Ela resmungou novamente. – Que mulher?
– Aquela mulher, Castro. Aquela que tinha entrevistado a gente.
O olhar de Juliana foi até ela, apertando sua mandíbula – Sim?
Gabriela sorriu para ela. – Eu estou indo para jantar no seu apartamento amanhã à noite. Para falarmos sobre um bebê.
Os olhos de Juliana se arregalaram. – Puta merda – disse ela, se levantando e caminhando até a mais nova. – Você está falando sério?
– Sim – Gabriela sorriu.
– É disso que eu estou falando, gata! – Juliana disse extasiada, e puxou ela para um abraço apertado. Ela fedia a cigarros. – Estamos de volta ao jogo!
– Talvez. – Gabriela disse tensamente, afastando–se dela. – Eu não quero assumir nada. Poderia ser apenas mais uma entrevista ou algo assim... mas é uma boa notícia.
– Isso mesmo! – Juliana sorriu. – Isso é ótimo, você consegue, querida. Você tem que fazê–la pensar que você é tão boa e séria quanto ela. Faça ela pensar que você é o tipo de pessoa que mora no Upper East Side também, okay?
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Feels Like Home | SHEIBI
FanfictionTodos acreditam que Sheilla Castro não nasceu para ser mãe. Ela é fria, rígida e inflexível, mas ainda sim, quer ter um bebê. Gabriela Guimarães, é uma artista sem sucesso que precisa desesperadamente de dinheiro para poder impulsionar sua carreira...