— DYLAN!!! — grito, sentindo cada corda vocal ranger com o esforço. Meu corpo afunda dentro da água ao mesmo tempo em que minha voz emudece.
Imagino que posso afundar e não emergir mais, assim como aconteceu com o Dylan, mas me mantenha atenta a tudo à minha volta, tentando ser precavida pelo menos um pouco.
Sinto náusea só de pensar em me afundar dentro desta água mais uma vez, mas algo em meu subconsciente reverbera pedindo socorro: é uma voz rouca e trêmula, fraca pela pressão da água, contudo, eu reconheço. Dylan me chama. Entendo que é apenas fruto da minha mente mirabolante, mas sei e sinto que é o acinzentado pedindo ajuda.
Meus cabelos molham quando mergulho e nado a passadas rápidas e fortes. Emerjo alguns segundos depois para ver mais ou menos a localização em que vi Dylan pela última vez, mas uma onda me acerta e eu sucumbo para trás, quase alcançando meus pé nas lages de pedra que consigo ver devido ao impulso para o fundo.
Franzo o cenho. Eu não fazia ideia que havia pedras por aqui.
Meus pulmões clamam por oxigênio, então volto à superfície. Uma ardência irritante se desenvolve em meu nariz devido à água que entrou pelas narinas.
Chacoalho a cabeça e ao longe fito Aubrey remando com sua prancha até perto de mim, porém, mais uma vez, a vinda de uma onda me atrapalha. Antes mesmo de receber seus jatos d'água, mergulho para dentro do mar, observando o momento em que sua força carrega Aubrey para mais perto da praia.
Meus olhos ardem. Minha cabeça lateja. Quero sair daqui.
Um desejo desesperador de encontrar oxigênio me faz impulsionar para cima e recuperar o ar para os pulmões, quando estou do lado de fora da água. Penso em voltar para a terra firme quando quase me bate a impotência, mas um movimento mais à frente chama minha atenção aturdida. Vejo ondas se desenvolverem no local, como se algo mexesse no fundo, o que me faz imaginar de forma imediata que seja o acinzentado.
Não penso duas vezes até começar a nadar na direção das ondulações.
Quando alcanço o local, volto a mergulhar, para lá no fundo encontrar Dylan babélico. Seus cabelos acinzentados se movimentam no ritmo da água. Ele parece quase inconsciente, se não fosse por seus olhos que piscam em minha direção, observando-me nadar a seu encontro.
A imagem aperta meu coração.
Alcanço-o e enlaço um dos meus braços em seu dorso, assim trazendo seu corpo para perto do meu, facilitando minha tentativa de tirar-nos do fundo da água.
A pressão do mar vem ao meu favor ao passo em que emergimos. Seu corpo mais leve possibilita que eu o leve para mais perto da praia, onde Aubrey vem às pressas em nossa direção, com o cenho franzido em preocupação.
É inevitável não tossir.
Meu corpo todo treme, dos pés à cabeça.
— Vocês estão bem? — pergunta ela, passando um dos braços do Dylan por cima dos seus ombros esguios, me ajudando a levá-lo para mais longe da água.
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Enquanto o Verão Durar
Fiksi RemajaDisposto a largar tudo para trás e viver em um novo lugar, Dylan Campbell embarca na jornada de se mudar para Surville, uma pequena cidade litorânea recheada de novidades. Não sabendo muito bem o que fazer de seu passado, Dylan ocupa sua mente com...