Obs: O casal da multimídia é os pais da Thea. Ellen e Owen O'Connor... ^^
— Atchin! — espirro, sentindo meu nariz coçar pela milésima quarta vez no dia.
A poeira em que eu havia varrido das paredes serpenteiam diretamente para minhas narinas, o que deixa-me irritada pelo fato de que eu fico toda hora espirrando. É uma merda, e merda mais ainda é que Dylan fica rindo toda vez que isso acontece.
— Parece que a Dona Thea aqui não é tão perfeita assim — seu murmúrio cheio de humor atinge minhas audições, chamando minha atenção para si. Dylan está de costas para mim enquanto vasculha a parede do corredor com uma vassoura comprida. Mesmo de costa, sei que um sorriso presunçoso molda seus lábios bonitos. — Quem diria, hein.
— Ah, então você achava que eu era perfeita? — pergunto, mesmo que retoricamente. Quase sorrio quando ele se vira de frente para mim e um fiapo de sujeira acomoda-se sobre seus cabelos brancos acinzentados. — Que piada.
— Não é bem isso, mas sua postura, o modo como você fala e anda com confiança mostra que não é qualquer coisa que te afeta. Entende? — dá de ombros e eu aquiesço. — Pelo menos é isso o que você transmite. Confiança… Mas é isso mesmo o que você sente? — questiona com suavidade, parecendo não querer levar essa troca de palavras para um lado mais sério.
Mas isso de algum modo me afeta, e eu preciso desviar meus olhos das orbes azuis que me encaravam com curiosidade. Elas parecem querer ler minha mente, e minhas paranoias dizem que ele consegue. Olho para a vassoura que seguro em mãos, sujas pela poeira do corredor que leva aos banheiros, onde estamos. Vinhemos para cá quando terminamos de limpar toda a parede do salão do Pubwaii, a duas horas atrás.
— Confesso que de início eu era bem tímida, senhor algum-sobrenome-que-eu-não-sei — falo atuando com uma careta estranha, e Dylan sorri com vontade. Acabo acompanhando-o. — Mas eu aprendi que preciso ser forte por mim mesma. E que às vezes demonstrar nossas emoções acaba sendo um motivo mesmo para as outras pessoas descobrirem nossas fraquezas, fazendo-as contra nós mesmos.
— Então quer dizer que eu devo me sentir privilegiado por ver uma fraqueza sua? — pergunta ao estufar o peito, referindo-se à minha espirradeira.
— Isso aí.
— Uhm… — Dylan deixa o cotovelo sobre o cabo da vassoura que eu digo ser comprida, usando-o de apoio para seu corpo másculo. Seu rosto se contorce ao parecer pensar em algo. É engraçado e bonito ao mesmo tempo. — Lembrarei disso quando você resolver me fazer de capacho novamente.
— Você não teria coragem — acuso, mas minha voz entoa hesitante. Vejo o sorriso ladino ocupar sua boca, e eu não sei se isso é para me assustar ou para me seduzir, porque para as duas ocasiões ele daria certo. — Dylan! — adiverto-o, recuando um passo quando ele dá um em minha direção, se aproximando sorrateiramente.
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Enquanto o Verão Durar
Teen FictionDisposto a largar tudo para trás e viver em um novo lugar, Dylan Campbell embarca na jornada de se mudar para Surville, uma pequena cidade litorânea recheada de novidades. Não sabendo muito bem o que fazer de seu passado, Dylan ocupa sua mente com...