Capítulo 3

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Para minha infelicidade, embora não vá admitir em voz alta, não encontramos o rapaz do jardim em nenhum local da casa. Nem no jardim. Mas falamos bastante sobre o rapaz de quem Paul comentou.

Nina quis pesquisar sobre ele, mas não deixei. Não quero que meu coração fique mais dolorido se foi ele mesmo quem eu vi há alguns dias. Conhecer alguém parecido com John só me lembraria mais ainda como não posso estar com ele, ou com nossos filhos. Então fomos embora e não tocamos mais no assunto. 

Me concentrei na matéria da escola e em passar um tempo com meus pais assistindo um pouco, então dormi cedo. 

Sonhei com a noite em que nos conhecemos naquele baile. Com aqueles poucos minutos que fizeram meu coração bater mais forte. E por um momento, fiquei feliz. 

Mas volto a realidade e ele continua não estando aqui comigo. Sinto vontade de chorar, então choro. Não posso viver assim, triste, para sempre. Mas vou me permitir durante esses primeiros dias. Ainda é muito recente para mim, como minha amiga sempre me lembra. Não vou me cobrar tanto.

Para compensar a tristeza, me convenço a mostrar minha melhor versão e me arrumar um pouco mais para ir ao colégio. Aplico base, rímel e um pouco de batom, apenas para parecer mais viva. 

Gosto muito do resultado. 

Nina sorri quando me vê, já no colégio.

- Amiga, hoje você caprichou. - Ela prende o braço ao meu. - Tá linda. Vai arrasar corações. 

- Eu não quero arrasar corações. Só queria me sentir bem e isso ajudou. 

- Tem outra coisa que vai te ajudar a sentir bem. - Olho na direção dela. 

- O que? Você não aprontou nenhuma, aprontou?

- Não. Mas, pra te animar, vamos almoçar com alguns amigos hoje. Você precisa conhecer gente nova pra poder se concentrar no presente e não ficar tão triste por causa do passado.

- Você não vai tentar me empurrar para ninguém, vai? Eu ainda não estou pronta nem para pensar nisso.

- Eu sei. Não vou fazer nada disso. É só pra você ter mais pessoas ao seu redor. 

- Tá. Mas se eu ficar desconfortável, vou embora. 

- Tudo bem. Combinado, então.

Ela parece feliz com a minha resposta, então sorrio. Talvez seja bom mesmo sair com pessoas novas e ocupar minha mente com outras coisas.

*

Na hora do almoço sentamos a mesa com mais três pessoas. Duas meninas, Daisy e Amanda, e um menino, Edward.

- Então, vocês são irmãos? - Pergunto aos dois últimos.

Eles tem o nariz e os olhos muito parecidos.

- Sim. Por parte de pai. - Ele responde.

- Mas foi o suficiente. Nós dois temos mais traços dele do que das nossas mães.

- Seu pai tem bons genes. - Daisy comenta com a gente. - Ele é bonitão também.

- Daisy! - Amanda empurra um pouco a amiga.

- O que? É verdade.

A garota ao lado dela revira os olhos, mas não reclama de novo.

- Você é filha única? - Edward me pergunta.

- Sou. As vezes é um pouco solitário, mas eu gosto de ter um tempinho pra mim. E a Nina é praticamente uma irmã.

- Verdade. - Ela me abraça de lado. - Nos conhecemos faz anos e não nos desgrudam depois disso.

- Que legal. Mas eu não posso reclamar dos meus amigos, apesar de não conhecer eles há muito tempo.

- Ah. Falando em amigos, vamos numa festa no sábado, vocês querem ir? - Daisy olha entre nós duas.

- O que acha? - Nina me olha. - Vamos?

Penso por um tempo.

- Pode ser. Vamos, claro.

- Então combinado. Posso levar meu namorado também ou é uma festa que precisa de convite?

- Não. Pode levar seu namorado, de boa. Vai ser uma festa pequena, mas vamos nos divertir. Prometo.

- Faz tempo que não vamos numa festa. - Minha amiga sorri para mim. - Vai ser divertido.

- Com certeza. - Sorrio de volta.

Daisy nos passa o endereço enquanto continuamos a nossa conversa falando sobre algumas séries que eles estão assistindo. Séries que preciso rever com urgência porque antes da viagem no tempo eu assistia.

Percebemos que temos algumas coisas em comum, então trocamos números de celular e combinamos de almoçar juntos no outro dia também. Depois nos separamos, já que somos de turmas diferentes.

- E aí? Gostou deles? - Nina pergunta quando chegamos na sala.

- Gostei. Eles são legais. Mas espero que não me arrependa de ter aceitado o convite pra sábado.

- Não pensa assim. Vai gostar, você vai ver. Só não seja tão pessimista. Eu também não gosto de ir pra lugares com muita gente que não conheço, mas não vou estar sozinha. 

- Verdade. - Dou de ombros. - É. Talvez eu goste. Vamos esperar até sábado e ver.

O professor entra então me sento de frente para ele. Deixamos a conversa para depois.

*

No fim das aulas, estou menos cansada do que ontem. Acho que porque dormi melhor.

- Quer andar pelo centro? Ainda não quero ir para casa. - Tiro o cadeado da bicicleta.

- Hoje eu não posso. Vou ajudar a minha tia. Não te disse? - Balanço a cabeça, negando. - Devo ter esquecido. Pode ser amanhã?

- Pode, claro. - Levamos a bicicleta até o portão e paramos antes de nos separarmos. - Vou aproveitar para assistir algumas séries e fazer logo a lição de casa.

- Então te ligo depois. - Ela sobe na bicicleta. - Tchau.

- Tchau. - Aceno enquanto a vejo sair.

Saio do meio para outros alunos poderem sair sem esbarrar em mim, então pego o celular para ver se tem mensagens da minha mãe pedindo para que eu faça alguma coisa. Não tem, então continuo a andar. 

- Com licença? - Sinto um toque leve no meu ombro.

Paro de andar e olho para a pessoa que me chamou. Então meu mundo parece paralisar. Não ouço mais os alunos conversando ou os carros passando na rua. Tudo em que presto atenção é nele.

No jardim da casa Stirling eu posso até ter me confundido. Mas assim, tão de perto, meus olhos não podem estar me pregando uma peça. O cabelo castanho claro, os olhos azuis, o nariz. Esse rapaz tem todos os traços de John Stirling. O meu John. E me olha com a mesma atenção.

Ele desvia o olhar do meu por um instante. Eu não consigo falar nada. Apenas observar quando comprime os lábios um no outro e volta os olhos para o meu rosto novamente.

- Podemos conversar? - São as palavras que saem da sua boca.

E tudo o que posso fazer, numa tentativa de não dar chilique, é assentir.

*

Tcharam! Que os jogos comecem, meninas! 

No próximo capítulo vocês descobrem a verdade sobre o boy. E eu tô muito empolgada também. Espero que gostem do que escolhi fazer.

Obrigada por lerem. Lembrem de VOTAR e COMENTAR. Até o próximo. Beijão!


Era Uma Vez... Os StirlingOnde histórias criam vida. Descubra agora