Capítulo 23

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Tento me acalmar, já pensando numa forma de explicar a situação já que, com certeza, ele entendeu errado. Então entro no carro e começo:

- John, aquilo...

- Como foi o seu dia? - Ele não me deixa terminar de falar.

- Foi... - Coloco o cinto, olhando pra ele. - Bom.

- Que bom. - Ele me olha com o canto dos lábios erguidos e os cantos dos olhos enrugados, num sorriso que não se parece nem um pouco com aquele que eu conheço bem e amo tanto. Ele está fingindo. - E vocês conseguiram chegar a um acordo sobre o tema da festa?

- Conseguimos. - Ele olha se vem algum carro na rua, então começamos a nos mover. - O grupo escolheu a minha ideia.

- Eu não tinha nenhuma dúvida. Você é muito inteligente.

- E acho que nem falei com você sobre esse assunto, né? Eu não sabia se você queria ouvir.

- Claro que eu quero. - Me olha por um instante. Aquele projeto de sorriso ainda em seus lábios. - Pode contar comigo pra escutar tudo o que quiser falar. Pode me contar quando chegarmos ao restaurante, que tal?

- Pode ser. - Assinto.

Apoio minhas mãos sobre a mochila nas minhas pernas e começo a mexer na unha do meu polegar, sem conseguir abordar o assunto que está, obviamente, incomodando John. Então, apenas o observo. Ele estende a mão e liga o rádio. Uma música suave toca, preenchendo o silêncio dentro do carro.

- E as suas provas? - Tento puxar assunto.

- Vão bem. Até agora eu acho que estou indo bem, mas ainda faltam algumas, então não posso relaxar nem começar a me sentir muito confiante.

- Eu sei que você vai se sair bem em todas. - Toco a mão dele, mas o sinto ficar tenso. - Você é bom em tudo que se propõe a fazer.

- Obrigado. Espero conseguir fazer tudo direito, mesmo. - Ele tira a mão da minha para passar a marcha e segura o volante com as duas mãos. - O restaurante fica bem ali. Espero que goste da comida.

John estaciona e o silêncio volta a reinar entre nós dois a medida que andamos até o restaurante. Escolhemos uma mesa e fazemos nosso pedido com rapidez. As bebidas logo chegam, então encontro uma distração para minhas mãos. Daqui a pouco fico sem unha de tanto mexer nela.

- Então, me conta sobre a sua ideia. - Ele toma um gole de suco.

- Ideia? - Ele assente, então me lembro. - Ah. Pra festa de formatura. Claro.

- Se não quiser, não precisa falar.

- Não! Eu quero. - Sorrio. - Eu só me distrai um pouco, me desculpa.

- Tudo bem. - Ele olha para o copo entre suas mãos. - Você deve estar com fome.

- É. Deve ser isso. - Suspiro. - Bom... Eu pensei no tema chamado amores históricos.

- É um bom nome. - Ele comenta e me deixa muito feliz.

Com calma, explico tudo em que pensei, sobre a decoração e as brincadeiras. Nossos pratos chegam e a conversa continua em torno desse assunto. Ele até me dá algumas ideias.

- Eu não sei se ela vai ser escolhida, mas acho que já podemos pensar em alguns casais que a gente pode se fantasiar.

- A gente? - Ele me olha, ainda terminando de mastigar.

- É. A gente. - Deixo meu garfo de lado. - Você não quer ir comigo?

- Claro que quero. Mas achei que talvez você não quisesse me levar.

- Você é meu namorado. - Entrelaço meus dedos aos dele. - Não tem ninguém mais que eu quero que me acompanhe nesse momento tão especial. Você vai, não é?

- Se você quer que eu vá. - Sorri. - É claro que sim.

- Eu quero, então não tem discussão. - Empurro meu prato e tomo o resto do meu suco. - Você já terminou? A gente podia ir até o seu apartamento. - Sorrio. - O que acha?

- Seria uma ótima ideia, mas eu não acho que agora seja um bom momento. Eu tenho algumas coisas pra fazer.

- Mas... Eu pensei que você tivesse mais algumas horas livres.

- Eu sei, mas eu acho melhor a gente tirar um tempo só nosso, sem ter que ficar contando as horas porque eu tenho que sair. A gente pode marcar outro dia. - Ele olha ao redor, chamando o garçom pra trazer a conta. - Vamos?

Eu apenas assinto. Logo nos levantamos e pagamos a conta, então voltamos para o carro em silêncio. Suspiro.

- Eu não aguento mais. - Falo mais pra mim mesma que pra ele.

- Oi? - John olha pra mim com a testa franzida.

- Eu disse que não aguento mais. - Falo mais alto. - Você fica agindo estranho e me faz sentir que preciso pisar em ovos com você. E eu não gosto disso. Se tem alguma coisa te incomodando, só me fala.

- Você não precisa pisar em ovos comigo, Cat. - Bufa, alternando o olhar entre a rua e eu. - Eu pensei que se eu evitasse o assunto você fosse parar de achar que não pode me falar as coisas por medo da minha reação.

- Eu já expliquei. Eu só não queria te deixar chateado, eu ia contar na volta pra casa.

- Tudo bem. Você já me disse isso. E eu entendi. Tá tudo bem.

- Não, não tá tudo bem. Há pouco tempo você reclamava que não passamos tempo juntos e agora parece que não quer passar tempo comigo.

- E o que a gente acabou de fazer? Me explica.

- Isso não conta. Eu quero dizer um tempo sozinhos de verdade, sem outras pessoas ao redor. - Cruzo os braços. - Porque você não quer me levar até o seu apartamento? O que está escondendo?

- Não tô escondendo nada. Pelo visto é você quem deve ter alguma coisa pra me falar e tá tentando tirar a atenção de você.

- O que? Como assim? Claro que não.

- Então você quer que eu pergunte mesmo? - Ele olha pra mim e eu sei exatamente sobre o que está falando. - O que foi aquilo na frente do colégio? Pensei que você não fosse ficar tão próxima dele.

- E eu não estava. Também não entendi o que aconteceu. - Franzo a testa. - E o que quer dizer com "pensei que não fosse ficar tão próxima dele"? Quando eu toquei no assunto você disse que eu não precisava fazer isso.

- É claro! Porque eu não queria te pressionar a nada. Não queria que você fizesse algo porque eu disse pra fazer. Isso depende de você.

- Então porque tá trazendo esse assunto a tona?

- Porque obviamente ele fez de propósito. Ele me viu chegando e te beijou de propósito pra causar essa situação. Por isso eu não disse nada antes. Mas até parece que você tava louca pra falar sobre isso. Até parece que tá gostando.

- Eu não acredito que disse isso. Como foi que chegou a essa conclusão, ó, sábio John? Você sabe que tá sendo um babaca, não sabe?

- E justamente por isso eu não queria falar nada. Eu estou chateado e não quero dizer nada de cabeça quente.

- Então fica calado. - Suspiro, olhando a rua pela janela. - Quero que me leve pra casa.

- Com prazer.

Ele acelera e, estou prestes a reclamar, quando o barulho de um carro freando bruscamente chama a minha atenção. Eu olho para o lado e vejo um caminhão vindo na nossa direção. Ele bate no nosso carro e nos tira da estrada.

- John! - Grito, enquanto o carro gira.

Mas ele não responde. O único barulho que ouço depois disso é o do nosso carro batendo contra algo grande.

*

Iiiih, amigas. DR do nosso casal. O que vocês acharam, hein? Me contem.

Queria dizer também que ontem não tivemos capítulo porque vou viajar e estava preparando algumas coisa. Por isso, provavelmente, só temos capítulo na segunda. Prometem não me esquecer nesse tempo? Prometo que não vou esquecer de vocês. Até o próximo capítulo!

Era Uma Vez... Os StirlingOnde histórias criam vida. Descubra agora